Menos carne vermelha e mais ervas no lugar de sal levam a dieta mediterrânea a prevenir pedras nos rins.
Menos carne vermelha e mais ervas no lugar de sal levam a dieta mediterrânea a prevenir pedras nos rins.| Foto: Bigstock

Que uma alimentação saudável e balanceada traz diversos benefícios para a saúde, todos já sabem. A novidade é que um bom hábito alimentar pode influenciar na formação de pedras nos rins. Nesse sentido, um estudo recente apontou que a dieta do mediterrâneo tem um papel importante para ajudar o sistema urinário.

A pesquisa, realizada por nefrologistas (especialistas no sistema urinário) da Itália e dos Estados Unidos, aponta que, quanto maior a aderência à dieta mediterrânea, menores as chances do desenvolvimento do cálculo renal. Por meio de um ranking (de quem segue a dieta mais restritamente) os pacientes categorizados na colocação mais alta, apresentaram de 13% a 41% menos chances do que os que tinham um ranking médio ou baixo.

Mais de 170 mil pessoas participaram da pesquisa, que aconteceu por mais de 30 anos. A cada quatro anos, os grupos respondiam formulários, com informações de dietas alimentares, atendimentos médicos e remédios que estariam utilizando no período. O resultado foi obtido após descartarem participantes que tinham histórico de pedras nos rins ou câncer anterior ao estudo.

A dieta do mediterrâneo consiste em não ingerir alimentos industrializados ou ultraprocessados. Além disso, diminui drasticamente a quantidade de carne vermelha, sendo permitido um corte magro (sem gordura) por semana. No lugar da carne, entram peixes, frutos do mar e aves, até três vezes por semana.

O foco em produtos naturais traz ainda mais frutas e verduras à alimentação, bem como cereais e grãos integrais. As chamadas “gorduras boas”, como azeite extra virgem, azeite de oliva ou óleo de abacate, por exemplo, também são utilizadas. Laticínios devem ser com menor teor de gordura, como leite semi ou desnatado, queijo branco e iogurtes naturais. A principal bebida é a água, que pode acompanhar as refeições. Uma taça de vinho por dia também é recomendável, e chás e cafés são liberados também, contanto que adoçado naturalmente (com mel, por exemplo).

A nutricionista e especialista em Terapia Nutricional, Carolina Camargo, elogiou o estudo feito. “Eles conseguiram fazer uma associação da dieta mediterrânea com a redução da litíase renal. A incidência [da litíase] está ligada com a dieta”, afirma ela que também é doutora em Nutrição e professora do curso na Universidade Positivo.

Para que uma alimentação faça bem para os rins, ela precisa consistir de bastante hidratação e baixos níveis de sódio. “Se uma dieta tem baixo teor de sódio e é muito hidratada, diminui em 80% a chance de ter cálculo renal”, afirma Ricardo Benvenutti, nefrologista do Hospital VITA, em Curitiba. Ainda de acordo com o especialista, a dieta incentiva o consumo de frutas cítricas, o que também auxilia na diminuição das chances de pedras nos rins. ”Isso faz aumentar o citrato na urina, o que evita a formação do cálculo renal”, explica.

Embora o baixo teor de sódio não seja o foco da dieta, como acontece, por exemplo, na dieta DASH, a seleção dos ingredientes acaba por ajudar na regulagem do sódio, até mesmo por incentivar mais o uso de ervas e temperos no lugar do sal de cozinha. “A pessoa tem uma alimentação mais saudável, com menos carne vermelha, e alimentos ultra processados, que contêm muito sódio, e por isso ela ajuda na ingestão adequada de sódio”, analisa Carolina.

A nutricionista ainda avalia que, não só a ingestão de frutas cítricas traz benefícios para os rins, mas as outras também. “O aumento da ingestao de frutas e verduras colabora com a maior ingestão de potássio, também um mecanismo proposto para a redução de litíase renal”, conclui.

Além do benefício para os rins, a dieta é conhecida por trazer também benefícios cardiovasculares. “Um impacto maior dela talvez seja no sistema cardiovascular, já que ela prioriza gorduras mais saudáveis”, completa Benvenutti.

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