Normalmente assintomático, só exames específicos detectam o diabete gestacional; se não tratado e controlado, pode representar risco.
Diabete gestacional está relacionado a ganho de peso e falta de exercícios.| Foto: Bigstock

A gravidez provoca uma série de mudanças no corpo da mulher e por isso os exames do pré-natal são essenciais para assegurar a saúde da mãe e do bebê. Uma das complicações que podem ocorrer nessa fase é o diabete gestacional.

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Normalmente assintomático, somente exames específicos podem detectá-lo e, caso não tratado e controlado, pode representar um risco, especialmente na hora do parto.

Primeiramente, é importante salientar que o diabete gestacional é diferente de se descobrir que tem diabete na gestação, diz o endocrinologista, diretor do centro de diabetes de Curitiba e atual presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes no Paraná, André Gustavo Daher Vianna. Segundo ele, a diabete gestacional surge em decorrência da própria fisiologia da gravidez e normalmente desaparece no fim dela.

Placenta como causa

Entre os responsáveis pelo surgimento dessa condição está a placenta, que além de ser um órgão de nutrição, também é endócrino, responsável pela produção de hormônios. Em alguns casos ocorre sobrecarga no pâncreas, órgão que produz insulina que, quando insuficiente, faz com que eleve o nível de açúcar presente na corrente sanguínea muito acima do normal.

O fato de ser uma condição temporária não torna a doença menos grave. É bem o contrário. O ginecologista obstetra Daniel Pereira Mandarino, coordenador médico do Programa Gestação Segura, credenciado da rede Clinipam/GNDI, destaca que os riscos para o bebê são enormes. “O bebê pode ter dificuldade pra respirar, pode ter dificuldade de controlar o açúcar no sangue depois que nasce e precisar até de UTI”, alerta. A boa notícia é que o tratamento costuma ser bastante simples.

Mãe saudável e prevenida

Com algumas mudanças nos hábitos de vida, como cuidar da alimentação e praticar atividade física, é possível controlar o diabete gestacional.

O risco maior de desenvolver esse tipo de doença, inclusive, está entre mulheres sedentárias, com hipertensão e colesterol descontrolado, de acordo com o médico André Vianna. “A prevenção é o controle do peso durante a gravidez. O grande fator que a favorece é o ganho de peso excessivo”, ressalta ele.

Porém, mesmo mulheres saudáveis podem desenvolver diabete gestacional. “Por isso é importante fazer os exames”, orienta Daniel. Somente casos mais sérios exigem medicação, como uso de insulina. Em alguns casos, é difícil dizer se alteração da glicemia durante a gestação ocorreu somente em função da gravidez, por isso a orientação do médico é fazer um acompanhamento com endocrinologista após o nascimento do bebê.

Mitos e verdades

Desmistificar a doença é importante. Já ficou claro que mesmo mulheres saudáveis podem desenvolvê-la, apesar de as chances serem menores. Não é o açúcar em excesso que provoca o surgimento, como explica o endocrinologista André Vianna. “É um problema metabólico muito mais complexo do que isso. A pessoa não processa a glicose e o açúcar no sangue sobe demais”, ressalta. No caso da gestante, o principal fator é o excesso de peso, que pode estar associado ao consumo de açúcar, mas não é o açúcar o grande vilão.

Atividade física também precisa ser defendida. “Gestação não é doença. Gestante pode e deve fazer exercício, com orientação do obstetra”, enfatiza André. Apesar de não estar relacionada a diabetes do tipo 2, os fatores de risco são os mesmos. Os exames que detectam são feitos no início e ao longo da gestação, por isso fazer todo o acompanhamento pré-natal é essencial para garantir gravidez e parto tranquilos.

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