Na quarentena, pais se preocupam com a falta de banho de sol dos filhos
| Foto: Bigstock

Praticando o isolamento social por quase duas semanas contra o novo coronavírus, a família da jornalista Adriana Lopes Martins tem encarado mais uma dificuldade em seu apartamento, carinhosamente chamado de "60 metros quadrados de amor": a procura pelo sol.

Com uma criança de quatro anos na residência, a mãe fica apreensiva com a falta da luz solar e o que isso pode acarretar para a saúde do filho, Miguel. No apartamento mora, além dela e do filho, o marido. Os adultos estão em home office e Miguel está sem aulas, como todas as crianças do Brasil.

Com apenas dois ambientes onde há luz do sol nessa época do ano, na sacada e por uma janela na lavanderia, nos últimos dias apenas há a claridade, com poucos raios solares. "No verão, na sacada, bate um solzinho gostoso que conseguimos aproveitar. Mas agora não. E aí fica aquela dúvida: descemos, pela escada, no condomínio? Damos uma volta no estacionamento, na quadra? Claro, sem encostar em nada", questiona Adriana.

A dúvida de Adriana pode ser a mesma de diversas outras famílias que moram em locais onde há pouca luz solar. Mas essa situação pode ser mesmo prejudicial para o desenvolvimento das crianças?

 Foto: Arquivo pessoal/ Adriana Lopes Martins
Foto: Arquivo pessoal/ Adriana Lopes Martins

Conforme o pediatra do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, Eduardo Gubert explica, a exposição ao sol, mais especificamente aos raios ultravioleta, é o que ativa a produção da vitamina D que está presente em nosso corpo. Embora sejam necessários os raios para essa ativação, ela é acumulada, o que indica que um período sem a luz do sol não seria prejudicial.

"A ativação tem efeito duradouro. A comunidade médica recomenda que as pessoas tomem sol todo dia para ter essa ativação. O sol acumulado do período é para que a pessoa tenha um nível adequado de vitamina D no seu organismo.", explica. Por isso, efeitos não são sentidos quando há temporadas com chuvas e céus nublados – como durante o inverno, por exemplo.

"Às vezes passamos muito tempo sem sol nas cidades. O ruim é que estamos vivendo o confinamento com dias maravilhosos de sol, e por isso a dúvida", analisa Gubert.

Cuidado na exposição

Quem ainda tiver receio e quiser se expor ao sol, precisa ter cuidado redobrado. O pediatra aconselha:

  • Ambientes sem aglomerações;
  • Uso do álcool em gel;
  • Sem contato com pessoas do grupo de risco, como os idosos.

"Vejo muito mais como uma atividade a ser feita do que uma recomendação de sair e pegar sol. Porque a criança não ficaria com os ossos fracos por não tomar sol neste período de quarentena", avisa Gubert.

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