Exame covid-19| Foto: Bigstock
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O exame que diagnostica o Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, não é indicado para todo mundo. Por enquanto, segundo Myrna Campagnoli, médica endócrino-pediatra e diretora médica do Frischmann Aisengart, laboratório que integra a rede Dasa e que oferece o exame na rede privada (a rede pública já faz o exame). Ela acredita que em pouco tempo isso irá mudar.

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Hoje, é preciso que o paciente tenha os seguintes critérios para que o exame possa ser solicitado por um médico:

  • Pessoa deve ter vindo de fora do país;
  • Pessoa deve ter tido contato com alguém sabidamente positivo para o novo coronavírus;
  • Pessoa deve manifestar a epidemiologia.
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"São sinais e sintomas de uma gripe, que não são específicos: febre, dor de cabeça, coriza e tosse. Só assim, hoje, o exame pode ser solicitado pelo médico", diz ela, que crê que mais para frente, com a transmissão dentro da comunidade, esse protocolo talvez se altere e bastem sintomas gripais para o exame seja pedido.

Como o exame funciona?

Ao contrário do que possa parecer, não é um exame de sangue que faz o diagnóstico. O teste para o novo coronavírus é feito a partir do recolhimento de secreções da região da nasofaringe e da orofaringe.

Para isso, um bastonete (swab) é introduzido no nariz e outro na garganta e ficam umedecidos com a secreção. Esse material é analisado em teste bem específico para a presença de vírus através de metodologia PCR, que identifica o material genético do vírus, o seu RNA.

O resultado do exame sai em 24 horas, mas o volume muito grande de solicitações atuais tem levado o prazo para 48 horas, segundo a médica.

"O exame hoje não é coberto por plano, e tem custo de R$ 280. Ontem mesmo a Organização Mundial de Saúde trouxe a questão de planos negociarem a cobertura desse exame e acredito que em um período de 10 dias os convênios devam começar a cobrir", diz ela.  

Nesta terça (10), o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, anunciou que os planos de saúde serão obrigados a incluírem o exame de diagnóstico do novo coronavírus no rol de cobertura. Com relação ao tratamento, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) reforça que os pacientes diagnosticados possuem por direito essa cobertura.

Positivo, ou não

Não existe falso positivo para o exame do novo coronavírus. Porém, segundo Myrna Campagnoli, se o resultado der negativo, isso não garante a não infecção, pois o diagnóstico pode mudar entre 48 e 72 horas. "Isso acontece porque a pessoa pode não estar ainda em um período de multiplicação viral, ou seja, pode ser portador do vírus, mas sem desenvolver a doença. Quando a pessoa fica gripada e produz secreção, há a proliferação do vírus e pode ser identificado", diz ela.

Segundo a médica, o alerta para a população do Sul do Brasil fica para o mês de abril, pelo aparecimento de casos de influenza, que devem se confundir com os casos do Covid-19.

"Hoje muitos médicos têm solicitado exames casados, para fazer um painel de vírus respiratórios, a partir de um mesmo swab coletado. Se o coronavírus deu negativo, ainda há o vírus sincicial respiratório (VSR), a influenza e o rinovírus, da gripe comum", diz ela.

O tratamento muda? Segundo a diretora médica do laboratório Frischmann Aisengart, saber qual é o vírus responsável pela infecção não modifica o tratamento, pois que não se diferenciam, mas altera as orientações ao paciente.

"O rinovírus, a gripe simples, dura de 3 a 5 dias sem colocar em risco as pessoas da família, mas a evolução pode ser grave se a infecção for transmitida para idosos (novo coronavírus) e idosos, mas principalmente bebês e gestantes (influenza). Então o ganho é nas orientações ao paciente", diz ela, que assinala que as coletas de material para exame têm sido feitas em domicílio, justamente para evitar uma possível disseminação do novo vírus.