Limpeza de bengalas e cadeira de rodas, além do toque de terceiros: quais são as precauções que pessoas com deficiência devem ficar atentas contra a Covid-19
| Foto: Arquivo pessoal/Veranice Ferreira

As bengalas que Veranice Ferreira, conselheira municipal da Pessoa com Deficiência em Curitiba, usa para se orientar nunca tomaram tanto banho quanto nesse momento de pandemia do novo coronavírus. Ela, que é uma pessoa com deficiência visual, explica que, para se proteger, foi essencial implementar mudanças na própria rotina. E elas vieram antes mesmo das orientações divulgadas pelo governo federal no último dia 19 (leia mais abaixo).

"As minhas bengalas eu lavo com sabão quando chego em casa e passo álcool. Elas nunca tomaram tanto banho", brinca. Veranice segue ciente que o mais importante para todos, neste momento, é a higienização. "Saio pouquinho. Estou muito cuidadosa desde que comecei a prestar atenção", conta.

Outro cuidado que a conselheira tem tomado é com relação aos toques de outras pessoas. "Duas coisas que mudei bastante: não deixo mais as pessoas me tocarem. Quando me oferecem ajuda, eu falo: 'não me toque que eu não te toco', e tem sido muito respeitado". Quem estiver eventualmente auxiliando a conselheira, o faz estando próximo e com orientações por fala. "Não tem outro caminho. Não deixar a pessoa tocar, não tocar em pessoas, chegar em casa e lavar as mãos, ter sempre o álcool gel nas bolsas", afirma.

Veranice, que também participa de aulas e cursos no Instituto Paranaense de Cegos (IPC), explica que, enquanto o instituto estava com as atividades normais (foram encerradas no dia 17 de março, seguindo instruções da Secretaria de Saúde), os cuidados já eram postos em prática. "A gente recomendava lá [a limpeza das mãos], tem álcool nas paredes, até orientávamos para que não batessem no dispenser de álcool", explica. Isso porque muitos se utilizam da parede para se orientar.

O Instituto conta, inclusive, com outras medidas. A partir das orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), como de evitar aglomerações, foi determinado que os moradores só saíssem de lá em caso de emergência. São 21 pessoas que residem no local e estão amparadas com uma equipe de enfermagem que está atenta à nova doença.

De acordo com Valeria de Fatima de Paula, responsável setor de enfermagem do Instituto, além da disponibilidade de álcool, treinamentos específicos foram realizados com os moradores e funcionários. "Estamos em sinal de alerta para qualquer sintoma [dos moradores]. Instruímos a todos a manter bem arejado, utilizar a dispensa de álcool e o aumento das lavagens das mãos e de seus objetos particulares", afirma.

Orientações às pessoas com deficiência

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) divulgou, através das redes sociais no dia 19 de março, um vídeo em que orienta pessoas com deficiência sobre a higienização para a prevenção da Covid-19, a doença causada pelo coronavírus (assista abaixo).

O Ministério tem dado dicas diárias sobre o combate ao novo coronavírus. Neste vídeo, um dos principais focos foi nos equipamentos utilizados (confira o vídeo aqui).

Desde atenção aos aros das cadeiras de rodas, passando por próteses utilizadas, muletas, andadores ou bengalas. Outro ponto destacado é a higienização para quem utiliza a linguagem de libras para se comunicar, já que a mão entra em contato com o rosto.

Confira a cartilha completa do Ministério, com as orientações, aqui.

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