Infecções virais, como a do novo coronavírus, são causas frequentes das crises entre pessoas com a asma
Infecções virais, como a do novo coronavírus, são causas frequentes das crises entre pessoas com a asma| Foto: Bigstock

A asma é uma das doenças de base que podem predispor a quadros mais graves da Covid-19. Por este motivo, portadores do problema respiratório têm dúvidas sobre o que fazer em meio à pandemia. Tratada com medicamentos preventivos, como corticoides inalatórios, isolados ou associados a broncodilatadores, a doença inflamatória crônica deve ter o tratamento mantido na vigência de infecções virais, por serem causas frequentes de crises de asma, conforme recomenda a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

Veja algumas das principais dúvidas de quem convive com a condição e, também, as recomendações de Herberto Chong Neto, diretor da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) e da SBPT:

Quais tipos de asma são mais suscetíveis a quadros graves da Covid-19?

A asma, alérgica ou não-alérgica, não torna o paciente mais propenso a fazer infecção pelo novo coronavírus, mas o deixa mais suscetível a complicações quando infectados, principalmente quando a doença for mal controlada. Os portadores de formas graves de asma também fazem parte deste grupo.

O uso de medicamentos corticoides pode induzir a piores quadros da Covid-19?

Todo asmático com controle ruim necessita de corticoide inalatório para reduzir sintomas e crises. Seu uso não induz a quadros piores, tanto o inalatório, que deve ser mantido por quem trata de asma, quanto o oral, se necessário em crise, que deve ser usado para controle da doença (na menor dose necessária prescrita pelo médico assistente). O uso do corticoide oral ou endovenoso, segundo a SBPT, segue indicado nas crises mais graves de asma, já que acelera sua resolução e reduz chance de reaparecimento da doença.

Apesar de o protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS), de manuseio da Covid-19, não recomendar o uso de corticoides sistêmicos (via oral, intramuscular ou via endovenosa) em pacientes com pneumonia viral, há uma exceção: quando o paciente apresenta também exacerbação da asma ou da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Nessa situação, o risco-benefício do seu uso deve ser considerado. Não usar corticoides sistêmicos durante uma crise grave de asma pode ter consequências sérias.

Como se distinguem os sintomas de uma crise de asma e da Covid-19?

Todo paciente asmático tem suas crises ocasionadas por infecções virais, sejam elas por rinovírus, adenovírus ou influenza, e agora também podem ter crises exacerbadas pelo novo coronavírus. As exacerbações são as principais causas de morbidade entre asmáticos.

No começo da crise de asma os sintomas podem se confundir, mas é evidente que à medida que o quadro pela Covid-19 vai piorando, vê-se a diferença porque seus sintomas são mais dramáticos que os da exacerbação de asma, seja ela leve ou moderada. Até mesmo uma crise muito grave de asma não simula os sintomas da infecção pelo novo coronavírus.

Como dá para saber que a asma está descontrolada?  

A asma descontrolada pode ser identificada quando a pessoa tem como sintomas diurnos a tosse e o cansaço para respirar e para caminhar em mais de duas vezes por semana. Quando ela sente ou acorda à noite com qualquer sintoma de asma, como tosse e falta de ar. Ainda, quando faz uso de medicações de alívio, como aerolin (o sulfato de salbutamol) mais de duas vezes por semana. E, finalmente, quando houver alguma limitação na atividade diária decorrente de tosse, falta de ar e chio no peito.

Inaladores e nebulizadores podem continuar sendo usados?

O uso de equipamentos compartilhados, como os encontrados em hospitais e clínicas estão totalmente contraindicados em tempos de pandemia. Esses equipamentos geram micropartículas que podem carregar o vírus para o pulmão e para o ambiente.

Quem tem aparelho de inalação de uso pessoal, pode usar, se necessário. Porém, em hipótese alguma ele deve ser compartilhado com vizinhos e amigos. Deve-se dar preferência a medicações formuladas em spray (bombinhas) e o espaçador, principalmente no tratamento do broncoespasmo por asma, quando do uso de broncodilatadores, beta-2 agonistas de curta duração e anticolinérgicos.

A rinite pode predispor a quadros mais graves da Covid-19?

Não há evidencia que mostre isso, mas o que pode acontecer é que pacientes com rinite podem ter maior propensão a propagar o vírus, pelas crises eventuais de espirro e tosse. O uso de medicamentos de controle como spray nasal, corticoide nasal ou anti-histamínicos orais ou intranasais não deve ser interrompido, pois o uso de corticoides tópicos não traz risco de supressão do sistema imunológico e não favorece que tenha nem crises de rinite, nem tampouco de maior infecção pela Covid-19.

Quais são as recomendações para quem tem asma e rinite?

Portadores de asma devem se vacinar contra gripe e pneumococo. O correto é manter o tratamento das doenças de base durante pandemia e de forma alguma parar. Também devem seguir com todas as outras medidas de higiene, como lavar mãos, usar as máscaras e principalmente procurar ficar em casa, que é a maneira mais efetiva de combate.

Pacientes devem manter o tratamento com imunobiológicos?

Sim. A interrupção do tratamento deve ser avaliada individualmente. Não existem evidências ou ensaios clínicos que avaliem o efeito imunossupressor ou potencializador de respostas antivirais com os agentes imunobiológicos utilizados para tratamento adjuvante da asma, segundo recomendação da Asbai.

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