Participaram do estudo 2.149 profissionais da saúde de Estocolmo. A pesquisa ainda não foi revisada por outros pesquisadores.
Participaram do estudo 2.149 profissionais da saúde de Estocolmo. A pesquisa ainda não foi revisada por outros pesquisadores.| Foto: Bigstock

Tanto a vacina da Pfizer/BioNTech quanto a vacina da AstraZeneca/Oxford mantêm uma proteção contra as variantes do novo coronavírus mesmo depois de um ano, de acordo com estudo realizado na Suécia. Os resultados foram divulgados pela Agência Fiocruz de Notícias.

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Para chegar aos dados, os pesquisadores avaliaram os anticorpos imunoglobulina G (IgG) contra a proteína Spike do coronavírus – proteína localizada na superfície do vírus e que permite a entrada nas células humanas – e a capacidade neutralizante contra a cepa original e contra as variantes Alfa, Beta, Gama e Delta.

Os participantes foram 2.149 profissionais da saúde do Hospital Danderyd, em Estocolmo. O estudo foi compartilhado na plataforma pré-print MedXRiv, e ainda não passou pela revisão de outros pesquisadores.

Fizeram parte da pesquisa:

  • Pessoas que não haviam sido vacinadas ainda, mas que tiveram a Covid-19;
  • Outras que haviam recebido as duas doses da vacina da Pfizer/BioNTech;
  • Outras que receberam duas doses da vacina da AstraZeneca/Oxford;
  • Participantes que tiveram um esquema heterólogo de vacinação, recebendo na primeira dose a vacina da AstraZeneca/Oxford e, na segunda aplicação, a vacina da Pfizer/BioNTech.

De acordo com a Fiocruz, embora as vacinas apresentassem uma redução na efetividade diante das variantes, as duas doses do imunizante desenvolvido pela AstraZeneca tiveram uma redução menor contra as variantes Gama e Beta. Estas foram, inclusive, as variantes que geraram as quedas mais significativas em todos os cenários avaliados.

Ação contra as variantes

Contra as variantes Alfa e a Delta, as duas doses das vacinas testadas demonstraram uma capacidade similar de proteção, mesmo um ano após a vacinação.

O imunizante da Pfizer, por exemplo, teve uma capacidade neutralizadora de 1.01 contra a variante Alfa e 0.85 contra a variante Delta. Já o imunizante da AstraZeneca apresentou uma capacidade neutralizadora contra a variante Alfa de 0.96 e, contra a Delta, 0.82.

Os valores devem ser comparados ao 1, que é o valor da capacidade neutralizadora contra a versão original do novo coronavírus – chamada pelos pesquisadores de "wild type", ou cepa nativa. Então, valores menores que 1 destacam uma redução na efetividade, enquanto que maiores que 1 demonstram um aumento.

No caso das variantes Beta e Gama, a capacidade neutralizadora da vacina da Pfizer foi de 0.67 e 0.12, respectivamente. Para o imunizante da AstraZeneca, foi de 0.53 e 0.54, respectivamente.

Combinação dos imunizantes AstraZeneca e Pfizer

Outra análise feita pelos pesquisadores foi com relação às pessoas que passaram por um esquema combinado de vacinação contra a Covid-19, recebendo a vacina da AstraZeneca na primeira dose e a da Pfizer na segunda.

Em comparação ao valor 1, de referência, a vacinação combinada também apresentou redução na efetividade contra as variantes.

  • Contra a variante Alfa: 0.74;
  • Beta: 0.29;
  • Gama: 0.13;
  • Delta: 0.70.

"Comparando todos os regimes, a combinação AstraZeneca teve uma resposta mais consistente frente às variantes de preocupação quando comparado a resposta dos pacientes covalescentes e nos outros regimes avaliados no estudo (Pfizer/Pfizer e ou Pfizer/AstraZeneca)", destaca a Fiocruz.

Não vacinados

Os pesquisadores descobriram também que os anticorpos produzidos contra a proteína Spike da cepa nativa, além dos anticorpos neutralizantes, continuaram detectáveis em 80% dos participantes não vacinados, mesmo um ano depois de terem sido diagnosticados com a Covid-19, ainda que branda.

A capacidade neutralizadora destas pessoas, contra as variantes, foi similar àquela vista contra a cepa nativa (1):

  • Alfa: 0.95;
  • Beta: 0.54;
  • Gama: 0.51;
  • Delta: 1.03.

De acordo com a Fiocruz: "as descobertas sobre a neutralização a longo prazo das variantes Alfa e Delta, amplamente disseminadas, um ano após infecção pela cepa original podem ajudar autoridades a traçarem estratégias de vacinação em casos de escassez de suprimentos, diz o estudo. Os resultados sugerem ainda maior precaução em relação às variantes Beta e Gama, num esforço para otimizar as próximas gerações de vacinas."

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