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Três anos depois do Rio de Janeiro ter acolhido três milhões de jovens católicos do mundo inteiro para um encontro com o papa Francisco, é a vez da cidade de Cracóvia, na Polônia, sediar a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude. Trata-se da terra de João Paulo II, e isso tem motivado vários grupos brasileiros a economizar e investir na longa peregrinação, apesar da crise econômica.

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Ricardo Kauan Paulino Lourenço, de 25 anos, começou a se preparar para Cracóvia logo depois da JMJ do Rio de Janeiro. Desde que voltou a Curitiba, ele se propôs a economizar todas as moedas que recebesse como troco. “Foi fundamental, tanto que eu quero fazer a mesma coisa quando voltar de Cracóvia, pensando na Jornada seguinte”, diz ele.

Ricardo, que pertence à Comunidade Católica Shalom, fez dez meses de intercâmbio em Madri, entre 2011 e 2012. Ele nem sabia, mas desembarcou na capital espanhola uma semana depois da JMJ que aconteceu na cidade, a última com Bento XVI. Só descobriu quando, em 2013, ouviu falar da JMJ no Brasil e começou a pesquisar sobre a história do evento.

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Para ele, a JMJ reúne multidões porque é “diferente”. “A sede que todo jovem tem é sede de Deus. Ele só não sabe dar nome para isso, não sabe onde procurar, mas é o que acaba atraindo”, afirma o jovem.

Já a estudante de música Mel Fernandes, de 21 anos, é um caso atípico. Ela não se juntou a nenhum grupo e vai para Cracóvia sozinha. A curitibana desembarca primeiro em Lisboa, onde prossegue até a Polônia de trem, hospedando-se em sistema de couchsurfing – plataforma em que os usuários oferecem o sofá de sua casa para turistas dormirem. Na Itália, encontra-se com um amigo que está fazendo intercâmbio na Inglaterra e vai junto com ele para a Jornada.

Inicialmente, Mel quis participar da JMJ pensando na vontade de viajar para um lugar novo – “por capricho meu”, diz ela – a intenção mudou com o passar do tempo, com a preparação religiosa. Ela conta também com o grande incentivo da mãe, Almeri, que quer retribuir a ajuda financeira que a filha ofereceu à família quando foi preciso. Mel trabalha desde os 15 anos.

Esperança até o último minuto

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A duas semanas do encerramento das inscrições para a JMJ de Cracóvia, o artista Rafael Jesus, de Curitiba, publicou um vídeo no YouTube pedindo ajuda para conseguir participar do evento. O clipe “Ajuda eu!” começou a ser produzido em março e tem até legendas em inglês. O vídeo, com ares de “superprodução”, divulga a campanha que Rafael iniciou no site Vakinha, onde pretende arrecadar 12 mil reais. Caso o valor não seja atingido ou ultrapasse a meta, será revertido para a produção do primeiro CD de Rafael, cantor e músico conhecido no meio católico da capital paranaense.

 

Bento e Francisco

A experiência da JMJ do Rio também foi forte para Fernanda Ortiz, de Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá. Em 2013, a jovem de 24 anos, que estuda ciências contábeis nutria grande expectativa para ver de perto Bento XVI, mas a renúncia a pegou de surpresa. “Fiquei toda sentida com aquilo. Não entendi nada! Mas também fiquei na expectativa de quem viria em seu lugar”, diz Fernanda, que posteriormente recebeu no Rio de Janeiro o argentino Francisco, o novo papa.

Descendente de poloneses e devota de João Paulo II, ela aguarda com entusiasmo a próxima JMJ. Vai à Cracóvia com um grupo de 35 pessoas, a maioria mato-grossenses, mas também dois amazonenses e um paulista.

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Momento econômico do país fez número de peregrinos diminuir

Diversos grupos Brasil afora que se preparavam para ir para Cracóvia foram diminuindo com o passar do tempo e o agravar da crise financeira. Na Catedral de São João Batista, em Niterói, 14 jovens começaram em 2014 a planejar a participação na JMJ, mas restaram apenas quatro: André Almeida, de 19 anos, Natasha Mello, 22, Gracielle Carriello, 29, e Ilza Carla Silva, 33. “Por conta da crise e do aumento do dólar, está difícil”, comenta Ilza. “Aos trancos e com a misericórdia divina vamos conseguir”.

Membros de um grupo que leva o nome de São Maximiliano Kolbe, os jovens esperam poder visitar Auschwitz, o campo de concentração onde o frade polonês foi morto, em 1944, após se oferecer para ficar no lugar de um pai de família que havia sido escolhido para morrer na câmara de inanição. O grupo vende doces e salgados na saída das missas para ajudar a custear a peregrinação. “Muitos obstáculos surgem durante o caminho, mas pra Deus nada é impossível”, diz Ilza.

Priscilla Souza Alves, 25 anos, de Taguatinga, no Distrito Federal, não pôde participar da JMJ do Rio, mas o seu então namorado foi e se entusiasmou tanto que o casal montou um grupo para se preparar para a Jornada de 2016. O pároco autorizou a venda de pastéis no fim das missas e o grupo – chamado Lolek, apelido de infância de João Paulo II – passou a realizar essa e outras atividades, como almoços e a confecção e venda de terços. Os obstáculos financeiros, contudo, foram grandes demais para o grupo paroquial e Priscilla resolveu ingressar sozinha num outro pacote de viagens.