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Confusão na hora de sair de casa pela manhã, refeições em horários desordenados, dificuldade para organizar a hora do banho e do sono do filho pequeno. Por um bom tempo, esse foi o cotidiano da família da empresária Walkiria Freitas, de 35 anos. Até que a falta de uma rotina bem definida começou a interferir diretamente no comportamento de seu filho, de apenas 4 anos.

“Percebíamos que quando as coisas se estendiam além do horário do sono, toda a sequência de tarefas era comprometida e o pior, nosso filho sofria por estar cansado e ter no dia seguinte todas as atividades novamente”, conta a mãe. Foi aí que ela e seu esposo, o empresário João Freitas, de 40 anos, decidiram procurar uma maneira de organizar melhor o tempo da família.

Segundo Marianna Canova, pedagoga e diretora do Peixinho Dourado Berçário e Educação Infantil, uma rotina familiar bem estabelecida não só organiza a vida da criança como também traz segurança para ela. “Eu costumo dizer que criança é sempre regida pelo prazer, então se os pais não estabelecem os limites, elas vão escolher as coisas de uma forma muito aleatória”, explica Marianna.

“Se uma criança puder escolher ver televisão e comer bala o dia todo, ela vai fazer isso, ela não tem autonomia para poder definir qual é o melhor horário para isso ou que isso faz mal para ela”, afirma a pedagoga. É por isso que são os pais os responsáveis por ajudar os filhos nessa organização. De acordo com a especialista, esses limites ajudam inclusive a criança a não desenvolver ansiedade.

Limites saudáveis

É importante salientar que os limites são benéficos, contanto que não sejam castradores. “Não se pode fazer com que a criança ‘morra’ dentro da sua liberdade e criatividade, mas ao mesmo tempo, podemos ajudá-la na construção do que é permitido ou não fazer para o seu bom desenvolvimento e bem-estar”, explica a diretora.

Para isso, a família precisa aprender a validar a capacidade que a criança tem para algumas coisas. Um bom exemplo é quando ela precisa colocar uma roupa para sair. “Se a gente deixar a escolha totalmente livre, a criança vai colocar uma roupa para um clima quente num dia frio, ou então uma roupa que seja inadequada para a ocasião”, diz a pedagoga. “Se dermos uma escolha fechada, por exemplo, ‘hoje vamos a um casamento, você quer essa ou aquela roupa?’, ajudamos a criança a construir noções sociais para compreender, aos poucos, as regras que socialmente são importantes”.

Culturalmente, as pessoas aprenderam a ter um olhar de que a criança é incapaz e isso não é verdade. “A criança é um ser capaz, a gente só precisa ajudá-la a se desenvolver dentro de um olhar social”, explica.

Quadro de rotina

Para ajudar as famílias de forma bem prática, uma das atividades sugeridas pela especialista é fazer uma rotina em papel e colocar na parede, com desenhos ou fotos de cada atividade que a criança faz quando chega, como banho, janta, escovar os dentes e cama. Para Walkiria, foi a técnica que melhor se encaixou na realidade de sua família.

“Pensei em inúmeras formas até chegar no quadro de rotina ou quadro de comportamento como alguns chamam. Eu já tinha ouvido falar anteriormente e a escola sempre comentava sobre a importância de uma rotina bem definida e ao mesmo tempo, respeitando as particularidades de cada família”, conta a empresária, que comprou o quadro de rotina pela internet.

Segundo ela, é possível trabalhar os temas conforme a necessidade do momento. Basta distribuir as atividades do dia e da semana no quadro e acompanhar a realização de cada uma delas. “Na minha casa, fizemos desse momento uma grande farra e não como um quadro de avaliação em que o adulto, com seu poder, julga se a criança executou de acordo ou não. Isso seria muito punitivo e desestimulante”, conta Walkiria. “Acredito que regras cumpridas por obrigação são apenas para cumprir tabela e não proporcionam um entendimento da importância daquilo”.

“Com a rotina melhor definida, meu filho ficou mais tranquilo quanto ao que estamos fazendo e o que vai acontecer, eliminando a ansiedade de querer fazer tudo ao mesmo tempo sem curtir nada direito”, celebra a mãe. “Para nossa família foi ótimo pois conseguimos equilibrar o que é obrigatório na rotina de forma bem lúdica e agradável”.

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