É normal que crianças e adolescentes tenham algumas dificuldades particulares nesta volta às aulas presenciais, ainda na pandemia.
Embora as crianças tenham mais facilidade para se adaptar, isso não impede que se sintam ansiosas com essa retorno cheio de restrições.| Foto: Kelly Sikkema/Unsplash

Quase todos os estados brasileiros retomam as aulas presenciais na rede pública de ensino ao longo do primeiro trimestre deste ano, com a rede particular acompanhando de maneira geral esse movimento. Nesse cenário de mudança de rotina, com as dificuldades próprias de uma pandemia ainda em curso, os pais devem estar atentos em garantir o seu apoio aos filhos para atravessar esse novo desafio.

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Como já dissemos anteriormente aqui no Sempre Família, os alunos que estão voltando à rotina de aulas presenciais deverão seguir uma série de regras que até o ano passado não existiam. Então a escola para a qual eles estão voltando não é necessariamente aquela que eles tinham na memória. A boa notícia é que crianças costumam ter mais facilidade de adaptação, o que não invalida qualquer possibilidade de que elas sofram com certa ansiedade e compreensão do todo.

Além disso, uma vez que o retorno é opcional, essa possibilidade deve ser avaliada com muita cautela quando a criança tem um convívio intenso com os avós ou com outras pessoas idosas que ainda não tenham sido vacinadas. Por mais que o isolamento seja uma situação difícil, a perda de uma figura próxima pode ser muito pior. “Se há a possibilidade de retorno sem riscos, então é importante que os contatos sociais sejam restabelecidos, pois essa socialização é fundamental para o desenvolvimento da criança e do adolescente”, explica a psicóloga Claudia Leone.

Segundo a especialista, a importância do convívio escolar, enquanto primeira interação social depois da família, se deve a uma série de fatores. O ambiente escolar tem um papel fundamental na construção da autonomia, no desenvolvimento de uma rotina de horários e de cumprimento de regras e na interação com pessoal de fora do convívio familiar, como os colegas, professores e funcionários da escola.

Acolher as dificuldades

É normal que crianças e adolescentes tenham algumas dificuldades particulares com o retorno ao modelo presencial. Segundo Leone, as crianças se adequam muito facilmente a novas situações e, uma vez adaptadas ao modelo virtual, podem passar por certo estresse nessa nova alteração de rotina, ainda mais em um contexto que ainda é de instabilidade em relação ao desenvolvimento da pandemia nos próximos meses.

“Já o adolescente pode sentir que a relação virtual é mais confortável, pois evita várias questões ao qual ele precisa enfrentar no seu dia a dia”, alerta a psicóloga. “O importante é respeitar a individualidade de cada um, sem impor uma fórmula pronta”. Essas dificuldades podem ser mais acentuadas no caso das crianças que estão ingressando na vida escolar, das que estão mudando de escola ou dos adolescentes que se preparam para o vestibular.

“Não há como proteger os filhos dos estressores da vida”, recorda Leone. “Os pais têm que auxiliá-los no enfrentamento de cada etapa através de um ambiente que promova o diálogo. Os adultos precisam reconhecer que uma etapa que pode parecer simples para eles não é tão fácil para uma criança ou adolescente e que, neste momento, ter o suporte dos adultos é fundamental, pois eles representam a autoridade que garante segurança e direção na vida”.

Faz parte dessa atitude de apoio e compreensão não minimizar aquilo que os filhos possam estar sentindo diante das dificuldades. Isso envolve evitar frases como: “Eu já passei por isso e dei conta, por que você não consegue?” ou: “Isso é besteira, você ainda vai passar por coisas realmente difíceis”.

Hora de buscar ajuda

Um pouco de estresse ou inquietação em momentos como esses, portanto, é normal. Os pais precisam ficar particularmente atentos, porém, quando aparecem sintomas de depressão ou de ansiedade.

Ter insônia, comer excessivamente ou não ter apetite, chorar muito e habituar-se a roer as unhas são alguns dos sinais que podem indicar a necessidade de ajuda especializada com um psicólogo. “O profissional poderá detectar os causadores dessa mudança, o que isso quer dizer e como agir diante disso”, explica Leone.

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