Depois de algumas “fugidinhas”, é comum que a criança passe a ficar insegura e desconfiada, o que alimenta o estresse e a ansiedade.
Depois de algumas “fugidinhas”, é comum que a criança passe a ficar insegura e desconfiada, o que alimenta o estresse e a ansiedade.| Foto: Bigstock

“Filho, a mamãe vai ali no carro rapidinho e já volta, tá bem?”, “A vovó vai continuar a brincadeira enquanto eu tenho que resolver um assunto”. Se você usa esse tipo de artimanha para se desvencilhar dos seus filhos quando precisa sair, tem que saber do risco que corre. “Pode até ser que a tática funcione em um primeiro momento, mas a longo prazo vai abalar a confiança deles em você”, diz a educadora parental Bruna Lorencini.

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Segundo ela, depois de algumas “fugidinhas”, é comum que a criança passe a ficar insegura e desconfiada – afinal, não tem como saber quando os pais vão “sumir” de novo – o que gera estresse e ansiedade. “E isso ainda acaba tendo o efeito oposto, já que ela vai querer ficar grudada em você o tempo todo para ter certeza que não vai 'desaparecer' como das outras vezes”, explica.

A fim de que esse impasse não aconteça, Bruna recomenda que os pais joguem limpo com os pequenos desde sempre. “Olha, filho, o papai precisa levar a mamãe ao médico e é melhor que você fique aqui com a vovó. Mas, a gente volta antes do lanche da tarde, tá bom?”. No sentido de tranquilizar a criança de que ela vai ser assistida (não vai ficar sozinha) e de que vocês vão voltar, indica.

“Causa estranheza dizer isso para um bebê, por exemplo, mas é muito importante. O senso de confiança da criança é desenvolvido já no primeiro ano de vida, quando você vai atendendo as necessidades dela. Por isso, nunca é cedo para começar”, completa a especialista.

Causas e consequências

Bruna acredita que, na maioria das vezes, esse atalho é percorrido porque ninguém suporta que a criança chore. “De modo geral, nós adultos somos intolerantes ao choro. E a gente quer fazer de tudo para que ele não surja. Eu sempre digo que não é nossa função frustrar os filhos, mas a gente também precisa permitir que a frustração aconteça”, aponta.

Outra sugestão da educadora parental para evitar os chiliques da despedida é tirar o foco do problema. Frases de entusiasmo como: “Nossa, que legal que você vai ficar com a vovó. Aqui também vai ser divertido. Vocês vão poder fazer isso, isso e aquilo juntos”, ou “A vovó tá doidinha para ver o que a sua boneca faz, não esqueça de mostra para ela”, funcionam bem. “O ideal é manter as relações claras. Mentir nunca é o caminho”, reforça Bruna.

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