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O comportamento dos filhos é um reflexo das decisões tomadas ao longo da vida da criança pelos seus responsáveis.| Foto: Bigstock

Ao resolver ter filhos, o casal, normalmente, cria muitas expectativas. Quando engravidam, logo os futuros pai e mãe passam a pensar na forma ideal de criar, em que escola pretendem matricular e até na personalidade que virão a ter.

Não existe um manual que ensine uma fórmula e garanta que tudo vai sair como esperado, mas o comportamento dos filhos é um reflexo das decisões tomadas ao longo da vida da criança pelos seus responsáveis. E elas são fundamentais para definir o tipo de adulto que ela virá a ser.

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A psicóloga Regimeri Pitu explica que uma das lições fundamentais no sentido de ajudar a desenvolver adequadamente a criança é estabelecer e manter uma posição hierárquica em casa. Ela ressalta que faz parte da organização infantil sentir que os pais são os responsáveis pelos filhos e pela maior parte das decisões em família.

“Quando não tem hierarquia a criança cresce sem saber o que é bom pra ela”, afirma. É uma forma de organizar e, inclusive, orientar as crianças, que precisam desse norte para aprender a trilhar o próprio caminho no futuro.

Não há um momento específico em que os pais podem começar a deixar que os filhos façam as próprias escolhas. “Criança não tem maturidade emocional para escolher tudo na vida”, alerta Regimeri. Vai de cada um perceber o que faz sentido tanto para os pais como para as crianças. E essa linha é tênue. “Nem 8, nem 80”, reforça a psicóloga.

Uma dica é começar permitindo que os filhos façam escolhas entre opções pré-definidas. No cardápio do almoço, por exemplo, em vez de perguntar o que querem comer, o mais indicado é questionar se preferem arroz ao macarrão, ou se gostariam de brócolis ou couve-flor. Assim, a vida dos pais é facilitada pois podem oferecer o que é mais funcional para a dinâmica doméstica e as crianças não ficam sobrecarregadas com um leque quase infinito de possibilidades.

O mesmo vale para as roupas. Muita criança demonstra logo cedo alguns traços de personalidade ao definir o que irá vestir. Tem pais que não conseguem fazer o filho ou filha vestir uma jaqueta quando está frio. “Em casos mais extremos, crianças com personalidades fortes assim podem indicar que não recebeu limites no momento ideal”, diz Regimeri. E recuperar esse controle mais tarde se torna cada vez mais difícil.

Crianças pais dos pais

Situações em que a criança controla as ações dos pais são cada vez mais comuns em consultório, de acordo com a psicóloga. E essa inversão de papeis é prejudicial porque afeta a segurança emocional da criança. “Acaba sendo um fardo porque depois vira um adulto que não consegue olhar para si próprio e coloca os outros em primeiro lugar”, argumenta.

Chorar, espernear e fazer birra são comportamentos bastante comuns, principalmente perto dos dois anos de idade. E as crianças sabem usar esses dramas para convencer os pais, mas isso não pode ser motivo para desobediência ou falta de respeito.

Quem precisa controlar a situação é o adulto e, por mais difícil que possa parecer, manter a calma e tranquilizar a criança é o melhor a se fazer antes de conversar com ela.

Não é fácil assumir o papel de pai ou de mãe, de tomar as decisões por outra pessoa e de ajudar a moldar a personalidade e o caráter dos filhos. Esse trabalho todo, por outro lado, não é impossível e quase sempre dá certo.

“Se desde o começo a gente insere a ideia do que pode e do que não pode, do que é certo e do que é errado, a criança aprende isso e aprende a respeitar esse limite”, garante Regimeri.

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