Pais envolvidos durante a gravidez tendem a ser mais presentes na vida de seus filhos a longo prazo
Pais envolvidos durante a gravidez tendem a ser mais presentes na vida de seus filhos a longo prazo| Foto: Natasha Ivanchikhina/Unsplash

Os pais têm um impacto significativo no bem-estar dos filhos – um impacto que começa antes mesmo do nascimento da criança. Estudos mostraram que pais envolvidos durante a gravidez têm filhos mais saudáveis.

Durante os primeiros anos de vida, as relações pai-filho emocionalmente fortes, são responsáveis por criar as bases fundamentais para a saúde e o bem-estar das crianças ao longo da vida. Pais envolvidos durante a gravidez também tendem a ser mais presentes na vida de seus filhos a longo prazo, exercendo forte influência positiva na formação de um adolescente e um jovem adulto.

Especificamente, nossa revisão sistemática examinou os programas de pais dos EUA para homens durante o período perinatal, ou seja, gravidez até o primeiro ano de vida. Pudemos identificar apenas 19 programas (de um total de 1.353 estudos revisados) que foram considerados "father-friendly" ou "amigos dos pais", em tradução literal. Esse termo "amigo dos pais" foi utilizado para categorizar cursos que envolvem ou tem como alvo os homens, especificamente, e incluem resultados relacionados à paternidade, como a interação pai-bebê e conhecimento importantes aos pais.

A maioria dos programas foi oferecida em clínicas ou hospitais. Os programas variaram de programas de educação geral (sobre parto, cuidados com o bebê e desenvolvimento infantil) a programas de relacionamento e co-parentalidade a programas clínicos e de gerenciamento de casos. Além do pequeno número de programas existentes para pais, a maioria dos programas observados ​​na revisão sistemática precisava de algumas melhoria no que oferecia ao homem. De maneira semelhante, apenas três estudos foram considerados de alta qualidade. Essas descobertas demonstram a escassez de programas inclusivos para os pais que produzem resultados promissores.

De modo geral, verificamos que quando se trata de educação e apoio durante o período perinatal, existem poucos programas para pais que prepararam os homens para o momento mágico em que dão as boas-vindas ao bebê. A maioria dos programas existentes é projetada principalmente para as mães. Esta é uma oportunidade perdida, porque os pais nos Estados Unidos e em todo o mundo estão cada vez mais envolvidos na vida de seus filhos. Os pais não querem se envolver no desenvolvimento dos filhos somente como os chefes da família, mas, também, como responsáveis por proporcionar uma educação emocional e moral de qualidade.

Práticas inclusivas por parte dos profissionais de saúde

Nos contextos de obstetrícia e pediatria, os pais que participam da pesquisa relataram sentir-se negligenciados. Eles são frequentemente vistos como desempenhando um papel secundário para as mães. Isso pode implicar que o pai se veja somente como um "ajudante" da mãe em vez de alguém que está ao lado dela.

Essa negligência persiste por várias razões. Por exemplo, os profissionais de saúde podem não estar dispostos ou são inadequadamente treinados para trabalhar diretamente com pais. Os serviços clínicos podem não ser sensíveis às necessidades específicas dos homens. Além disso, podem haver casos em que as próprias mães impedem que os pais se envolvam nas questões pré-natais e pós-natais.

No entanto, os homens têm um papel vital a desempenhar durante a infância. Para ajudar a resolver as barreiras acima, Michael Yogman e Craig Garfield , faculdade de pediatria da Harvard Medical School e da Northwestern Feinberg School of Medicine, respectivamente, recomendam que os profissionais de saúde se envolvam em práticas que incluam mais os pais durante o pré-natal. Isso inclui reconhecer a presença dos pais nas visitas à saúde, educar esses homens sobre a paternidade e incentivá-los a assumirem funções de cuidado com o desenvolvimento de seus filhos desde cedo.

* Doutoranda em Serviço Social e Psicologia pela Universidade de Michigan
** Professora de Serviço Social na Universidade de Michigan

©2020 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.

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