Essa é uma decisão muito pessoal e existem alguns pontos importantes a se atentar antes de dar ou não a chupeta ao bebê
Entre o nascimento e o primeiro ano de vida, existe a fase oral em que tudo que o bebê pega ele quer levar à boca.| Foto: Les Anderson/Unsplash

Quando se fala em primeira infância (fase que vai do zero aos 6 anos), tá pra nascer assunto mais polêmico que o uso da chupeta. Enquanto alguns pais – e até médicos – não veem grandes problemas, há um grupo massivo de especialistas que recomendam que você não caia nessa (a não ser sob uma condição bem específica que citaremos ao final desta matéria). E embora seja uma decisão pessoal, existem alguns pontos que gostaríamos que soubesse.

Siga o Sempre Família no Instagram!

“De fato, entre o nascimento e o primeiro ano de vida, existe a fase oral em que tudo que o bebê pega ele quer levar à boca. E se você começar a dar qualquer outra coisa que não o seio materno (como o dedo ou a chupeta) ele vai pegar”, explica Armando Salvatierra, do Departamento de Puericultura e Aleitamento Materno da Sociedade Paranaense de Pediatria, revelando o “poder viciante” da chupeta.

Segundo ele, os efeitos na tenra idade também passam pelo campo psíquico e sensorial. “Ela [a chupeta] dá um certo consolo, uma certa tranquilidade ao bebê. Diminui a ansiedade, porque há a liberação da endorfina [o hormônio da felicidade] que age modulando a dor, a ansiedade, o estresse e dá a sensação de prazer”, diz o médico pediatra.

O que não quer dizer que não envolva riscos. “Ela compromete a respiração, o desenvolvimento da fala, arcada dentária e pode fazer com que a criança tenha mais dificuldade em se socializar no futuro”, garante. Salvatierra ainda aponta como prováveis agravantes o abandono precoce do leite materno e um ruído na comunicação entre mãe e bebê. “Se você coloca a chupeta na boca do bebê assim que ele começa a chorar, perde a única forma que ele tem para dizer: estou com fome, estou com frio, está doendo”, destaca.

Bico seco

Já a pediatra do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, Luci Pfeiffer, afirma que a chupeta deixa de ser uma simples escolha dos pais ao passo que há uma série de recomendações científicas sobre ela. “É certo que a introdução da chupeta antes que a amamentação se estabeleça pode prejudicar a nutrição adequada do bebê”, argumenta.

Para ela, é um erro forçar o uso do artifício. “Muitos pais insistem até que a criança pegue a chupeta, mas se você tentar dar no primeiro mês de vida, eles [os recém-nascidos] chegam a fazer ânsia porque não sabem como reagir ao estímulo no palato. Além de ser completamente diferente do seio da mãe, que é feito para encaixar na boquinha do bebê”, ressalta.

A especialista reconhece, no entanto, a funcionalidade do “bico” em uma situação muito pontual: quando o bebê já está com dois, três meses e os pais percebem que mesmo depois de alimentado ele quer continuar sugando. “Uma das funções dela pode ser induzir o sono. Então, se pode ensinar a criança a dormir com a chupeta e assim que ela dorme, se tira”, pondera Luci.

Outras restrições se aplicam. “A chupeta deve ser escolhida observando as questões de segurança [não soltar a borracha, por exemplo], ser do tamanho adequado para a etapa do desenvolvimento da criança e não pode ser usada como calmante. Nada de ficar pendurada o dia inteiro”, indica a pediatra. A recomendação também é que o uso seja atrelado à fase de amamentação do bebê, ou seja, no máximo até os dois anos de idade.

Deixe sua opinião