A descoberta de como é vivenciar esta particularidade das mulheres pode gerar diferentes sentimentos como medo, vergonha e orgulho
A descoberta de como é vivenciar esta particularidade das mulheres pode gerar diferentes sentimentos como medo, vergonha e orgulho| Foto: Hannah Busing/Unsplash

A primeira menstruação é um marco na vida de qualquer menina. A descoberta de como é vivenciar esta particularidade das mulheres pode gerar diferentes sentimentos como medo, vergonha, tristeza, orgulho, alegria e satisfação.

Tudo depende de como este acontecimento foi construído no imaginário durante a infância, dos significados atribuídos a este momento, do relacionamento com a família, da relação com as amigas, da cultura e de sua própria personalidade. É o que afirma a psicóloga e especialista em terapia cognitiva comportamental Fabíola Luciana.

“Para algumas meninas pode representar a entrada em uma vida de mulher e o receio das responsabilidades, do futuro, de crescer e deixar de ser criança pode surgir com a menstruação, ativando a ansiedade e o medo. Em contrapartida, outras podem se sentir empoderadas, querem ser notadas, justamente por esse sentimento de ser mais adulta”, explica.

Segundo Vicente Letti Junior, ginecologista, obstetra e vídeo-histeroscopista do Hospital Pilar, a primeira menstruação, chamada de menarca, chega entre os 10 e 15 anos e traz mudanças físicas, hormonais e psicológicas. Neste momento, a mãe é a principal referência e afeta a forma como a menina lida com esta mudança. “As mães ficam preocupadas e encaram a menstruação como uma transformação importante na vida das filhas. Entre seus pares, muitas vezes as meninas têm até uma espécie de competição. A maioria fica aliviada quando acontece a menarca, pois isso está ligado diretamente com sua feminilidade”, destaca.

Antes de tudo: acolha

Para ajudar a menina a passar por esta mudança, a psicóloga enfatiza que o primeiro cuidado dos pais é evitar a exposição desnecessária e promover o acolhimento. As mães, principalmente, têm o costume de comentar com as tias, avós e outras pessoas que a filha se tornou “mocinha” sem levar em consideração que este é um processo muito individual. É importante conversar sobre o assunto e perguntar se ela aceita que as outras pessoas saibam desta nova fase da sua vida.

Em alguns casos a ideia é bem aceita, pois a adolescente acredita que esta novidade faz parte da sua nova identidade. Em outros, a preferência é pelo sigilo. “Isso deve ser respeitado, de acordo com o desejo da filha para não gerar um sentimento de invalidação”, esclarece.

Fabíola assegura que as dicas práticas relacionadas ao assunto, como uso do absorvente, intensidade do fluxo e os cuidados de higiene no dia a dia da menstruação são fundamentais mesmo com a facilidade de encontrar informações atualmente. “Este se torna até um momento de aproximação da mãe. Estas orientações são necessárias até para evitar constrangimentos”, observa. O ginecologista recomenda as mães a levarem as filhas a ir ao consultório para que sejam orientadas em relação ao uso de remédios para aliviar dores, mudanças corporais e regulação da menstruação. A visita ao médico também é importante para abrir um canal de comunicação sobre o assunto.

Fabíola ainda aponta que o diálogo é essencial para fortalecer os vínculos e amparar a menina em meio à insegurança e as dúvidas que surgem com as alterações pelas quais está passando. “É importante acolher e criar esse espaço. No Google ele vai encontrar todas as informações, mas fortalecer o vínculo familiar é bem interessante nesta hora. A forma como os adultos vão gerenciar este diálogo fará toda diferença”, afirma. E a conversa pode anteceder a chegada da primeira menstruação, criando um cenário favorável para quando acontecer, ela esteja mais preparada e se sinta menos constrangida.

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