Segundo especialistas, o movimento feito com as mãos para explodir as bolhas em relevo contribui para a autorregulação emocional.
Alice tem 5 anos e aproveita seu Push Pop It para se divertir com a família.| Foto: Arquivo pessoal/Suryane Nabhem Kalluf

Com a promessa de entreter e aliviar o estresse da criançada, brinquedos sensoriais como o recente Push Pop It têm feito sucesso entre os pequenos e atraído a atenção de adultos. Afinal, “é uma delícia brincar com eles!”, afirma a economista Suryane Nabhem Kalluf. Sem contar que “os momentos em família ficam muito gostosos”, garante.

Siga o Sempre Família no Instagram!

Mãe da Alice, de 5 anos, ela e a filha amam a sensação de pressionar as bolhas em relevo para ouvir o barulho dos estouros. Então, “quando a Alice passa um dia muito agitado, nós optamos por atividades relaxantes à noite, como quebra-cabeças, jogos de tabuleiro e o Push Pop”, afirma, ao garantir que o item é uma ótima atividade para curtir o tempo em família.

Mas será que a novidade também alivia o estresse? A resposta é sim! De acordo com a neuropsicóloga Barbara Calmeto, o movimento repetitivo durante o manuseio desse brinquedo de silicone contribui para a autorregulação emocional. “É o mesmo que acontecia quando éramos crianças e apertávamos o famoso plástico bolha”, compara. “A gente passava horas fazendo aquilo e diminuíamos nossa ansiedade, sem saber”.

Além disso, Bárbara explica que o Push Pop também pode ser usado para estimular o desenvolvimento cognitivo e contribuir, de forma divertida, com atividades relacionadas à coordenação motora, aprendizado das cores e matemática. “É possível, por exemplo, trabalhar com a soma ao apertar duas bolinhas azuis, pedir para o pequeno apertar mais duas e contar quantas foram pressionadas no total”, exemplifica. “E ainda dá para variar as atividades de acordo com a idade da criança”.

No entanto, é necessário equilíbrio no uso desse e de outros brinquedos que ajudam no controle da ansiedade – como o Fidget Spinner e o Slime, por exemplo –, para não criar uma dependência desses itens. Afinal, “temos que ensinar os pequenos a também controlarem o estresse de outras maneiras”, alerta a neuropsicóloga, sugerindo algumas ideias.

“A criança deve falar sobre emoções, precisa sentir que seus sentimentos foram validados e pode tentar se acalmar com exercícios de yoga ou respiração diafragmática”, sugere. “E elas precisam fazer atividades físicas para gastar energia e aumentar o nível de neurotransmissores positivos que geram sensação de equilíbrio e prazer”, completa.

Estresse em crianças

Inclusive, esse tem sido um dos fatores para o aumento do estresse infantil durante a pandemia de Covid-19. Segundo dados preliminares de um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divulgado neste mês de setembro, cerca de 40% das crianças brasileiras acima de 6 anos ficaram mais de oito horas por dia na frente das telas durante a primeira onda da pandemia e se estressaram com frequência devido ao cansaço mental.

Isso contribuiu para o crescimento nas vendas de brinquedos como o Push Pop It e acendeu um alerta em relação à saúde mental da nova geração. “Precisamos observar quais situações desencadeiam o quadro de ansiedade nessas crianças e prestar atenção aos sinais que apresentam”, orienta a psicóloga do Colégio Stella Maris Juvevê, Débora Gasparello, ao citar indicativos físicos como tiques, dor de barriga e diarreia, e também mudanças de comportamento como irritabilidade, medos e pesadelos.

Ela afirma ainda que a situação pode evoluir para patologias mais graves como síndrome do pânico e transtorno obsessivo compulsivo. Por isso, é necessário cuidar com o excesso de tarefas desempenhadas pela criança, reduzir o tempo que ela passa nas redes sociais e em jogos, e manter sempre um relacionamento saudável e de cumplicidade em casa. “Não que você vá dividir seus problemas de adulto com ela, mas acolher as dificuldades que essa criança tiver e buscar soluções em conjunto”, finaliza Débora.

Deixe sua opinião