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Provavelmente, o termo “mãe solteira” é muito mais comum para você do que “pai solteiro”, não é? Ainda causa estranhamento para a maioria das pessoas ver um pai criando os filhos sozinho – seja lá qual for o motivo que o tenha levado a isso. Foram as dificuldades que envolvem essa situação e a vontade de ajudar outras pessoas que fizeram o publicitário Ton Kohler, de 39 anos, criar o canal Papai em Dobro, no YouTube, para compartilhar sua experiência.

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Kohler é pai do Pedro, de quatro anos, e da Mariana, de apenas um. Em junho de 2018, sua esposa faleceu devido a uma parada cardíaca que sofreu durante um treino na academia. É claro que a perda repentina foi um grande choque para toda a família, mas por carregar em sua história outros momentos difíceis, como a perda de seu pai ainda na adolescência – e que o levou a uma depressão –, Kohler decidiu transformar esse momento e, segundo ele, ressignificar a própria dor.

“Eu decidi que dessa vez iria mostrar o quanto sou forte e capaz de criar meus filhos da melhor maneira possível”, conta o publicitário. Quando Kohler assumiu essa postura, percebeu o impacto que isso começou a causar na vida das pessoas a sua volta, inclusive dos profissionais de saúde que lhe atenderam. “Eles falaram que eu estava muito acima da média em relação a superação de um sofrimento e ao meu entendimento sobre a morte”, afirma. Tudo isso estimulou o pai do Pedro e da Mariana a ajudar outras pessoas.

Saúde emocional para um futuro melhor

Para Kohler, muitas pessoas que insistem na ideia de que precisamos deixar um mundo melhor para os nossos filhos esquecem de um fator importantíssimo: a saúde emocional. “A gente fala muito de cuidar do meio ambiente, de se alimentar melhor, não consumir muito plástico, etc. Mas que mundo nós queremos deixar para os nossos filhos emocionalmente falando?”, questiona.

As taxas de depressão e suicídio no mundo estão cada vez mais assustadoras e, para o publicitário, o que fará a diferença nesses números no futuro é o cuidado que temos hoje com nossos filhos, em nossas famílias. “Precisamos criar uma geração emocionalmente mais forte do que a nossa”.

Superação através da paternidade

Foi no exercício da paternidade que Kohler também encontrou forças para superar a morte da esposa. Mesmo com a rotina corrida – o publicitário trabalha fora e conta com a ajuda de sua mãe e seus sogros no cuidado das crianças enquanto trabalha –, o pai dá conta de realizar todas as tarefas da casa. Segundo Kohler, o fato de dividir igualmente, desde sempre, as tarefas com a esposa, o ajudou muito a encarar esse desafio agora. “Durmo em média cinco horas por noite e me viro para cuidar das crianças, da casa, fazer mercado, cortar cabelo e unha das crianças, ler agenda, preparar material, separar o uniforme, etc.”, relata.

Mesmo dando conta de tudo isso, alguns comentários são inevitáveis. “Já me acostumei com os olhares das pessoas, a maioria já chega perguntando ‘cadê a mãe dessas crianças?’”, conta Kohler. O estereótipo de “pai que não faz nada” é tão forte que quase sempre as pessoas acham que, se o pai está cuidando sozinho das crianças, deve estar fazendo algo de errado.

“Quando vou em algum restaurante com eles, me viro super bem, mas sempre chega alguma mulher querendo me dar dicas”, observa descontraído. “Nem mesmo os locais têm estrutura para receber um ‘pai solo’”, comenta o pai ao lembrar dos banheiros masculinos sem fraldário.

Em seu canal, Kohler conta essas e outras experiências que podem ajudar não somente os “pais solteiros”, mas todos os pais que desejam ser o melhor que podem para seus filhos. “Agache, olhe nos olhos dos seus filhos, fale o quanto eles são importantes, deixe eles darem suas opiniões. Prepare a comida deles, porque quando você faz isso, você dedica o seu amor. Compartilhe sua vida inteiramente com eles. A vida em família exige a participação de todos, conseguindo isso, você constrói um vínculo tão poderoso, tão forte e tão bonito que ali vai ser para sempre o seu porto seguro”, aconselha.

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