A criatividade também pode ser usada de forma negativa, então é preciso e ensinar a criança a usar essa característica para o bem.
A criatividade também pode ser usada de forma negativa, então é preciso e ensinar a criança a usar essa característica para o bem.| Foto: Bigstock

A criatividade envolve produção de ideias que são novas e também úteis ou eficazes. Essa definição soa como se ela fosse sempre algo positivo, mas sabemos que também tem seu lado obscuro. Os cibercriminosos, por exemplo, usam muita criatividade para atacar países, empresas, instituições e roubar informações pessoais. E o mesmo ocorre com diversas modalidades de golpes.

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Então, criatividade nem sempre é algo socialmente desejável, e ensinar nossas crianças a serem simplesmente criativas não é suficiente na era moderna. É preciso minimizar as formas negativas de criatividade nos pequenos — e em nós mesmos — e aqui estão algumas dicas para isso.

1. Identifique o propósito de um novo produto ou ideia

Discuta com as crianças os objetivos das inovações — as que elas mesmas fizerem ou as que usarem no dia a dia. Avalie sua utilidade, significado e também sua contribuição para o bem comum. Afinal, a criatividade pode ser usada para beneficiar o inventor, mas prejudicar outros indivíduos, como um hacker criminoso costuma fazer, por exemplo. Então, é preciso mostrar à criança que situações como hackear não são ruins, a menos que sejam realizadas com intenção errada, pois hackers éticos ajudam empresas a localizar pontos fracos e vulnerabilidades de seus sistemas de informação.

Também incentive as crianças a pensarem a respeito do que é o bem comum — não apenas o que é bom para os membros de sua equipe — e a como alcançar isso. Discussões assim podem ser aplicadas em qualquer projeto em que a criança esteja envolvida ao avaliar como a atividade contribuirá, mesmo que de forma pequena, para um mundo melhor. Por exemplo, se ela está escrevendo um conto para uma turma na escola, pode haver uma lição benéfica que os leitores possam apreender?

2. Estar atento a consequências não intencionais

Discuta diferentes maneiras pelas quais as pessoas podem usar um produto ou ideia, pois a maioria deles podem ser usados ​​de maneira positiva em um momento ou lugar, mas terão efeito negativo em outra situação. Por exemplo, os meios de comunicação social permitem a conexão e construção da comunidade de uma maneira que nunca foi possível antes de seu advento, mas as pessoas também podem usar as mídias sociais para espalhar desinformação e ódio.

3. Pense também a longo prazo

Discuta as consequências de curto e longo prazo de produtos e ideias criativas. Quando os plásticos foram inventados há mais de um século, por exemplo, eles eram vistos como produtos milagrosos por sua resistência, flexibilidade, durabilidade e isolamento. Hoje, no entanto, costumam ser usados uma única vez são jogados foras. Os plásticos que não são biodegradáveis ​​se decompõem em pequenos pedaços que podem ser tóxicos e prejudicar ecossistemas.

4. Dê exemplos de criatividade positiva

Outra maneira de minimizar formas negativas de criatividade nos pequenos é apresentar exemplos de ideias e projetos criativos positivos. Discuta como os criadores tiveram essas ideias e como elas influenciaram a vida das pessoas, e também compare exemplos de criadores positivos com outros de criadores negativos. Por exemplo, profissionais especializados em segurança na internet podem usar seu treinamento para proteger a segurança das informações armazenadas ou para tentar acessar essas informações a fim de roubar dinheiro ou a identidade das vítimas.

5. Promova a empatia

Há muitos livros e atividades para crianças que visam promover a empatia junto com a criatividade. Essa empatia criativa busca entender como as outras pessoas se sentem ao colocar-se no lugar delas — talvez alguém de uma cultura, raça ou grupo étnico diferente, ou simplesmente alguém que você não conhece. Então, é possível analisar por que essas pessoas podem ver um problema, como o racismo, de forma diferente da maneira que você vê. A dramatização é uma ótima forma de ensinar essas habilidades, pois envolve abraçar ativamente um papel, em vez de apenas ler passivamente sobre ele.

Acreditamos que o melhor futuro para o mundo não virá daqueles que são meramente criativos, mas sim daqueles que são positivamente criativos.

*Sareh Karami e Mehd Ghahremani são professores de Psicologia da Educação na Universidade do Estado de Missouri, e Robert Sternberg é professor de Psicologia na Cornell University.

© 2022 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.

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