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A crise política e econômica pela qual o Brasil passa tende a fazer crescer o desejo que muitas famílias nutrem de buscar melhores condições de vida lá fora, em outro país. E, apesar de todas as notícias sobre dificuldades em imigrar para lá, os Estados Unidos continuam a ser um dos destinos mais queridos pelos brasileiros. Ainda que a recente mudança de governo tenha assustado a alguns, brasileiros que moram lá – e não se arrependem de ter deixado o país –garantam que o os canais de imigração continuam disponíveis. É o que diz o jornalista e escritor Flavio Quintela.

Quintela mora com a família nos Estados Unidos e criou um curso online específico para brasileiros que desejam viver no país e, segundo ele, o que realmente mudou foram os números de vistos negados. “Eles estão negando mais, mas isso é para todo o mundo. Não é nada absurdo para quem vem legalmente. O problema são os ilegais”, conta.

Para Leo Ickowicz, sócio da Elite International, uma imobiliária localizada em Miami, quem realmente nutre o desejo de se mudar para os Estados Unidos preocupa-se muito mais em saber sobre as condições de educação para os filhos do que com detalhes burocráticos. “Vemos que quem tem entrado no processo de imigração busca saber como são as escolas públicas e aí então pensam no bairro em que vão se instalar. Eles estão buscando outras perspectivas”.

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Se você é um destes que está buscando um novo lugar, mais seguro e organizado para criar sua família, trazemos aqui algumas informações úteis para te ajudar.

Tipos de vistos mais utilizados

  • H1B: de acordo com Ingrid Baracchini, advogada de imigração, esse tipo de visto se aplica àquele que vai para os Estados Unidos a trabalho. Ele deve ser chamado pela empresa para se mudar e o tempo de permanência no país fica atrelado ao período de contratação. Para esse visto, o departamento de imigração americana abre uma espécie de “loteria”. Ingrid explica que o processo de 2017 começou em 1º de abril e se encerrou dois ou três dias depois. “O que acontece é que os Estados Unidos concedem algo como 85 mil vagas por ano, para o mundo todo. Mas este ano, por exemplo, o número de candidatos girou em torno de 264 mil. Por isso é como uma loteria, porque eles sorteiam por ordem de chegada e ainda, após a análise de requisitos, pode ser que a vaga abra de novo e o próximo na lista entre”, diz. A especialista conta que para os que não conseguiram entrar, tudo é devolvido, incluindo as taxas pagas, e em geral a empresa contratante é que faz o processo de documentação.
  • EB1 e EB2: esses dois vistos são concedidos àqueles que tenham habilidades extraordinárias. O nível 1 é para artistas, músicos e cantores, por exemplo. Já o 2 cabe para aqueles profissionais que se destacam em sua área de atuação, como médicos, dentistas, especialistas em business, que tenham mestrado e doutorado ou que queiram seguir carreira de pesquisador. É preciso organizar documentos que comprovem que você é, de fato, considerado extraordinário em sua área. Eles garantem o Green Card.
  • EB5: este é específico para quem vai investir no país. Para ele é preciso ter um valor de US$ 500 mil para ingressar em um projeto, que é formado por um conglomerado de investidores chamados de Centros Regionais. É importante que se consulte um advogado especialista na área, que possa auxiliar na escolha desse projeto que pode variar entre hospitais, asilos, hotéis ou tudo aquilo que esteja inserido dentro de um grupo de alto desemprego. “Os americanos querem que você contribua com o país e por isso valorizam projetos desse tipo”, explica Ingrid. Outra opção dentro de EB5, mas que pode ser um pouco arriscado, pelo fato de você estar sozinho no negócio, é a abertura de franquias. Nesse caso o valor de investimento chega a US$ 1milhão. Também dá direito ao Green Card.

 

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Novas regras para solicitação do visto

No início de junho, o governo americano alterou o questionário de solicitação, que agora pede dados de redes sociais dos últimos cinco anos e informações pessoais de até 15 anos atrás. As autoridades consulares requisitarão as informações quando determinarem que elas são necessárias para confirmar a identidade ou conduzir uma verificação de segurança nacional mais rigorosa”.

 

O que é o Green Card e como obtê-lo

Ingrid explica que o Green Card é um documento que te possibilita viver nos Estados Unidos, como americano, tendo acesso a escolas públicas e tendo a chance de trabalhar em qualquer lugar e para qualquer pessoa. Ele pode ser obtido por meio dos vistos EB1, EB2 e EB5, além da questão familiar, como por exemplo, ter se casado com um americano, ter pais dessa nacionalidade ou um filho nascido lá. Os vistos de imigrante que dão direito ao Green Card para o aplicante principal também oferecem a facilidade aos dependentes.

 

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Documentos para visto de imigrante

A documentação varia de acordo com o tipo de visto que você deseja obter. O EB5, por exemplo, pede que seja comprovado, além de outras questões, que você tem o valor estipulado pelo governo e que ele foi conquistado de maneira lícita. Para as pessoas que tentam o EB1 e EB2, é necessário ter um portfólio que comprove sua excepcionalidade: menções em veículos de comunicação, comprovação de mestrado e doutorado, etc. Já no caso do empregado que é chamado a viver no país, o currículo e os documentos que comprovem tudo o que está escrito nele, vale. Para os dependentes, as certidões são imprescindíveis (casamento e nascimento). O passaporte, claro, é o principal documento.

 

Custo do processo de imigração

O jornalista Flavio Quintela, explica que o valor pode variar entre US$ 6 e 20 mil dólares (EB1, EB2 e EB5). A opção considerada um pouco mais barata acaba sendo o visto H1B e, por ser algo como uma loteria, o advogado que cuida do processo faz três tentativas.

 

Educação para os filhos

Flávio Quintela, explica também, que a escolas públicas são oferecidas por região. Por exemplo: se você mora em um determinado condado, seus filhos estudaram na escola disponível naquele lugar. “É preferível primeiro escolher a instituição de ensino para o filho e aí então buscar uma casa”, alerta. O 1º e o 2º grau são oferecidos gratuitamente a todos, inclusive com transporte. Há uma opção no país chamada Charter School, que recebe fundos do governo, mas que tem gestão de escola particular. “Para quem quer uma educação cristã ela é boa, porque não recebe interferência do estado”, avalia Quintela.  Ingrid explica ainda, que o fato de a criança estudar na escola do próprio condado é algo bom, porque os pais pagam IPTU que é direcionado exatamente para aquele lugar.

 

Filho com 21 anos e sem green card

Acontece de o pai ir aos Estados Unidos a trabalho, com o visto HB1 e o filho em idade escolar consegue estudar em escola pública tranquilamente, porque ele tem um visto derivativo. Ao completar 21 anos, entretanto, ele perde esse direito e aí precisa buscar seu próprio visto. Se é de estudante, ele deve se matricular em uma instituição paga. Essa situação não se aplica a famílias com Green Card.

 

Compra ou aluguel de imóveis

Para Leo Ickowicz, a compra de um imóvel, por um imigrante legal, é fácil. É o mesmo sistema feito por quem é americano: a pessoa dá 40% de entrada e financia os 60% restantes. “Uma vantagem é que os juros são de 4,5% ao ano”, destaca. Inclusive, segundo Ickowicz, a compra de um imóvel por um estrangeiro, pode ser feita mesmo que ele não esteja lá.

 

Requisitos necessário para a compra de um imóvel

Para comprar à vista, tudo pode ser feito do Brasil sem visita presencial aos EUA, evitando até necessidade de visto. O prazo de escritura pode ser menos de duas semanas. Para aquisições financiadas são necessários passaporte com visto válido, comprovante de residência e comprovação de renda financeira mediante extrato bancário ou aplicação financeira, que seja coerente com o valor do imóvel escolhido, diz Ickowicz. Ele aconselha àquele que tem dinheiro a comprar, já que o imóvel se torna um bem e que pode ser alugado, gerando renda extra.

 

Documentos para a compra de um imóvel à vista

Cópia do Passaporte (páginas 1 e 2), comprovante de endereço; comprovação de que o comprador detém recursos necessários para a compra, por meio de cópia de extrato bancário ou demonstrativo de aplicação financeira.

 

Documentos necessários para a compra financiada

Cópia do passaporte (páginas 1, 2, 3) e do Visto; comprovante de residência; conta bancária nos Estados Unidos; carta do contador; cópia dos dois últimos anos do imposto de renda (pessoa física e pessoa jurídica – neste último caso se houver); cópia dos três últimos extratos bancários; prova dos valores, isto é, do valor da entrada e mais seis meses correspondentes às prestações do financiamento em conta ou aplicação bancária nos EUA. É importante que todos os documentos estejam traduzidos para o idioma inglês, por um tradutor juramentado.

 

Como abrir uma conta bancária nos Estados Unidos

É preciso fazer uma cópia do passaporte e um depósito de, no mínimo, US$ 100, e é preciso estar nos EUA pessoalmente para abrir a conta. “Há uma facilidade para quem é correntista no Banco do Brasil. Eles conseguem abrir sua conta no exterior facilmente”, avisa Ickowicz.

 

Acesso à saúde

Para os padrões brasileiros, segundo Ickowicz, o seguro saúde é caro. Nos Estados Unidos não há um Sistema Único de Saúde (SUS), mas se você entra em uma unidade de emergência, eles têm que te atender. Depois do atendimento feito, eles veem se o paciente tem condições de pagar e, caso não tenha, o valor é parcelado em um acordo. O mesmo não vale para consultas, mas há postos médicos mais econômicos em algumas regiões.

 

Links úteis:

Site da Embaixada e Consulados, em português: https://br.usembassy.gov/pt/vistos/

Busca por imóveis: www.zillow.com

 

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