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A vista de um quarto iluminado que abriga os aparelhos hospitalares necessários para sua sobrevivência é tudo o que o garoto Ronei Gustavo Pires, de 12 anos, pode ver do mundo. Mas, aos 2 anos de idade, ele ganhou algo que nenhuma paisagem pode substituir: o amor afetuoso de sua mãe, a enfermeira Solange Maria Pires, de 56 anos. Os dois moram hoje em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, Mato Grosso.

Ronei nasceu com agenesia do corpo caloso, uma má formação congênita que é caracterizada pela falta da estrutura que conecta os dois hemisférios cerebrais. Além disso, tem neuropatia crônica, condição que afeta o sistema nervoso e compromete seus movimentos. Logo após o nascimento, o garoto sofreu graves convulsões e, alguns meses depois, um episódio de broncoaspiração enquanto era amamentado. Só que os pais biológicos de Ronei demoraram para buscar ajuda e isso piorou ainda mais o seu quadro. O garoto passou a viver em estado vegetativo depois de ser diagnosticado com paralisia cerebral.

Abandonado pelos pais

Enquanto ainda estava no hospital, o bebê foi visitado poucas vezes pelos pais e, antes de completar um ano de idade, foi abandonado definitivamente. Apesar disso, foi a própria condição do garoto que lhe trouxe uma mãe adotiva disposta a oferecer todo o carinho e cuidados que ele necessita. Na época, uma decisão judicial havia permitido ao garoto o direito à internação domiciliar e Solange trabalhava, justamente, em uma empresa que prestava serviços de home care. “Fui atrás dele na casa dos pais biológicos e da avó, mas ele não estava. Me disseram que ele estava no Lar da Criança. Depois, descobri que ele estava internado no pronto-socorro de Cuiabá”, conta Solange em entrevista à BBC News.

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Depois que Ronei recebeu alta médica, uma nova determinação da Justiça exigiu que o Estado pagasse uma casa para a família biológica morar com ele, já que eles viviam em condições precárias e, por isso, não era possível oferecer todos os cuidados que ele precisava. Segundo Solange, a expectativa era de que os familiares se reaproximassem de Ronei e ajudassem no seu tratamento, mas não foi isso que aconteceu. O menino, que não tinha para onde ir, chegou até mesmo a ficar um tempo em um quarto adaptado na empresa de home care em que Solange trabalhava, mas ele precisava de um lar.

Amor de mãe e um novo lar

Diante da incerteza sobre o futuro de Ronei, Solange decidiu adotá-lo. Divorciada, com dois filhos de 33 e 37 anos, e morando sozinha, a enfermeira passou a dedicar sua vida aos cuidados com o menino. “Eu sinto o mesmo amor pelos meus três filhos. Mas sei que me dedico mais ao Ronei do que me dediquei aos outros dois, porque eles sempre foram saudáveis, se desenvolveram normalmente e foram saindo das minhas asas. Já o Ronei, sei que vai estar sempre aqui e sempre vai precisar dos meus cuidados”, conta a mãe.

Para muitos, a decisão foi uma loucura, mas o amor que Solange sentiu por Ronei quando o conheceu não a fez ter dúvidas sobre o que deveria fazer. “Algumas pessoas me desaconselharam, me disseram para viver uma fase mais tranquila, pois meus filhos já estavam criados. Mas eu não tive dúvidas de que deveria cuidar do Ronei. Ele é meu filho, assim como os outros dois que eu pari”, declara.

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