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O que faz uma criança rebelde e mal educada? De quem seria a culpa por isso? Qual a responsabilidade dos pais e da escola no que diz respeito à formação de uma criança? Nesta semana o vídeo de uma criança de aproximadamente seis anos de idade viralizou na internet – são mais de cinco milhões de views apenas na publicação feita no Facebook – e gerou todo tipo de comentários. Há quem diga que faltou correção ao menino. Há quem diga que faltou pulso aos educadores.

Mas, afinal, o que aconteceu nesta cena? De acordo com a psicopedagoga Esther Cristina Pereira, vice-presidente do Sindicato de Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR), a criança está, evidentemente, pedindo ajuda. “Quando uma criança chega neste processo de desafio aos adultos, faz-se necessário ajuda terapêutica urgente. Percebemos nela uma grande falta de limite e, ao mesmo tempo, o olhar perdido e desesperado por alguma atitude dos adultos em torno”, conta Esther.

Sem entrar na avaliação da educação do menino, ou mesmo em qual ambiente ele vive e é criado, a educadora social Patrícia Canali de Castro afirma que as crianças são o reflexo dos pais ou do meio em que vivem. “Em minha experiência no trabalho com crianças em vulnerabilidade social, ou até mesmo com crianças de escolas particulares, é muito fácil perceber em que ambiente a criança é criada pelo simples comportamento dela em um momento de conflito”, conta Patrícia que acredita em mudanças de comportamento a partir de uma educação amorosa. “Tive experiências maravilhosas com a singela atitude de me dirigir à criança com palavras de afirmação e por, simplesmente, demonstrar compaixão”, completa.

Ainda assim, a orientação, em qualquer caso que saia do comportamento considerado adequado no ambiente escolar, o correto é avisar os pais e orientar a procurar acompanhamento médico. O diagnóstico de transtornos só pode ser feito por especialistas. Por esse motivo, o diálogo entre a escola e a família é fundamental. “Infelizmente hoje muitas famílias não conseguem mais educar os filhos, e este papel fica para a escola”, avalia Esther.

Postura dos adultos

Do outro lado da cena estavam alguns adultos que filmaram, ironizaram e ameaçaram a criança. Para Esther Pereira, não há justificativa para a filmagem, se não for mostrar o comportamento dela para alguém. Apesar disso, para a psicopedagoga não houve ética. “Não foi correto deixar que ele destruísse a sala de aula, ou o espaço em que estava, pois a integridade física dele estava em jogo, e isso é muito grave. Ele deveria ser contido corporalmente para que a cena não ocorresse. Uma criança fora de controle, como é o caso, deve ser colocada em um lugar em que possa se acalmar e conversar. O toque ajuda muito nestes momentos”, avalia Esther.

Já Patrícia questiona a formação dos adultos da cena. “Para mim não são educadores. Uma pessoa que escolhe trabalhar com crianças não usa suas palavras para expor, humilhar ou instigar uma criança a ser violenta. Mas se coloca para ensinar, corrigir com sabedoria e promover a criança a ser cada vez melhor em seu conhecimento e relacionamento com o próximo”, finaliza.

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