Evitar que as crianças sofram, dentro de suas limitações, impedindo que superem suas dificuldades, causa inúmeros prejuízos ao futuro delas.| Foto: Bigstock
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Ensinar as crianças a viver, amar, respeitar as pessoas e resolver seus próprios problemas é tarefa primordial dos pais ou responsáveis, e precisam ser ensinadas desde a primeira infância. Contudo, infelizmente, há pais que evitam que as crianças sofram, dentro de suas limitações, impedindo que superem suas dificuldades, causando inúmeros prejuízos ao futuro de seus filhos, já que não saberão lidar com os problemas que a vida lhes impuser.

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A psicóloga Andreia Moessa Coelho, pós-graduada em psicanálise, perinatalidade e parentalidade, orienta para que, a cada etapa do desenvolvimento, as crianças adquiram novas habilidades para resolverem seus problemas, ainda que sejam mínimos, aos olhos dos adultos. “Precisamos mostrar desde sempre para as crianças os problemas que vão acontecendo e como solucioná-los. A linguagem que vamos dirigindo para elas vai evoluindo no decorrer do tempo”, explica a profissional.

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Protagonismo da criança

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Lelia Cristina de Melo, psicóloga clínica e orientadora familiar, explica que para que as crianças desenvolvam a habilidade de resolução de problemas, os pais devem cuidar para que elas sejam as protagonistas na situação, observando-as de fora.

Por meio do protagonismo infantil, os pais contribuem para o surgimento da resiliência nas crianças, já que pode acontecer de algumas vezes a opção escolhida para resolver um problema não ser adequada. “O problema se torna uma oportunidade de aprender o que não dá certo. Um aperto, uma saia justa, mas motiva para que a criança ‘fique craque’ na resolução daquela questão”, exemplifica Lelia.

Portanto, os pais precisam dar um entusiasmo para as atividades que os filhos farão sozinhos. Assim, os motivarão a continuar em busca de formas de solucionar problemas, ainda que tenham fracassado anteriormente.

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Resolução de problemas x fugir dos problemas

É certo que, quanto mais delicados os pais sejam na educação dos limites, melhor. Mas não devem afastar os obstáculos das crianças, para que elas possam adquirir a habilidade de resolver os problemas, conforme sua capacidade.

“Cada vez mais há o discurso sobre educar sem trauma, como se a própria educação em si não fosse um trauma, como se a percepção de que não podemos e não somos tudo fosse falaciosa. Isso é um equívoco. Devemos comunicar a verdade às crianças, inclusive os problemas que a vida apresenta, porém de forma delicada e não truculenta”, conta Andreia.

A psicóloga indica que se deve apresentar para a criança a ideia de que ela é forte o suficiente para lidar com o problema. Do contrário, ela crescerá com uma ideia de fragilidade, entendendo que não é capaz de lidar com sua própria vida. Assim, as crianças que não resolvem seus problemas acabam se tornando mais agressivas e chateadas porque são crianças mais insatisfeitas com a vida e agem de modo que tudo se torna um problema, até mesmo um cadarço desamarrado ou o calor do verão.

Lelia destaca que, na geração atual, muitos adultos não aprenderam a resolver problemas e ficam infelizes perpetuamente, pois consideram como problemas existenciais as questões próprias do cotidiano e esquecem que a vida é cheia de conflitos para serem resolvidos. “Administrar significa ver se o problema dá pra ser resolvido ou não. Essas pessoas não conseguem hierarquizar as dificuldades e pensar em formas de resolvê-las, sem que se peça ajuda para alguém”, explica a psicóloga.

Como cada faixa etária pode aprender?

Dependendo do temperamento da criança, ela poderá ter maior ou menor disposição para resolver seus problemas ou esperar que eles se resolvam por si próprios, ou seja, através dos pais.

Ao perceber que uma criança não está conseguindo encarar de frente os conflitos que podem aparecer, Andreia indica que seja lhe explicada a importância da resolução dos próprios problemas, por meio do diálogo. “Fazer uma reunião de família, onde se senta e discute com os filhos, não importando se são problemas pequenos ou grandes, são questões que precisamos enfrentar e como vamos lidar com aquilo é fundamental para que aprendam”, orienta a psicóloga.

Lelia indica que todas as questões que envolvem a vida da criança podem ser resolvidas por ela própria, desde que de acordo com sua idade. A motivação para tanto, deve ser gerada com estímulos positivos, valorizando a capacidade da criança. Além disso, a orientadora familiar indicou algumas maneiras concretas para incentivar a resolução de problemas pelas crianças, conforme sua faixa etária:

  • 3 anos: os pais podem incentivar a criança a comer verduras, frutas e legumes, ainda que não goste, para crescer de maneira sadia. Além disso, pode-se pedir para que mantenham seu quarto organizado, com os brinquedos guardados, para não os perder.
  • 5 anos: os pais podem deixar que ela resolva problemas maiores, como conflitos pequenos com os irmãos ou amigos, explicando que se ela não for amável e quiser ser mandona, poderá ter dificuldades nos seus relacionamentos.
  • 6 anos: nessa idade a criança pode tomar banho sozinha, repor o sabonete, shampoo e até papel higiênico que acabou, sem chamar os pais.
  • 7 anos: os pais podem pedir para que a criança ajude a manter a casa em ordem, deixando seu material organizado, sem esquecer de levar a agenda para escola, cuidando da sua mochila e lancheira. Além disso, pode se servir sozinha à mesa fazendo seu próprio prato, como também pode auxiliar para retirar as travessas após a refeição.
  • 8 anos: a criança pode ser motivada a comprar em locais do cotidiano, como panificadora ou açougue e, com isso, buscar ser responsável por pedir com educação, realizar o pagamento e receber o troco de forma correta.
  • 10 anos: a criança já está apta a solucionar problemas como o entupimento da pia enquanto lava a louça, sem qualquer interferência dos pais.
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