Os pais precisam orientar a criança, mostrando que é possível resolver conflitos por meio do diálogo e da reparação do erro.
Os pais precisam orientar a criança, mostrando que é possível resolver conflitos por meio do diálogo e da reparação do erro.| Foto: Bigstock

Em vez de abraçar os amigos e brincar com eles, Kaio Eduardo, de 7 anos, dá empurrões, chutes e tapas nas crianças que se aproximam. “Parece que ele ficou muito tempo sozinho durante a pandemia e agora não está sabendo se relacionar”, conta a mãe Melanie Bertoldo, preocupada. “E o pior é que eu falo que ele não pode brigar e até o coloco de castigo sem TV e sem videogame, mas nada está adiantando”.

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De acordo com a psicopedagoga Soelma Diniz Adegas, atitudes de agressividade como as demonstradas por Kaio são mais comuns do que se imagina e podem ocorrer com crianças de qualquer idade. “Até mesmo com bebês”, aponta a especialista, ao explicar que os pequenos reagem assim quando se sentem ameaçados ou inseguros. “É algo inato do ser humano, como uma manifestação de autodefesa”.

No entanto, assim como ocorre com todas as regras de convivência, os pais, professores e demais cuidadores precisam orientar a criança nesses momentos, mostrando que é possível resolver conflitos por meio do diálogo e da reparação do erro. Para isso, “é importante mostrar imediatamente que a atitude agressiva foi inapropriada e que é possível pedir desculpas”, aponta a psicopedagoga.

E as orientações não param aí. Segundo ela, a criança também precisa aprender a lidar com seus sentimentos de medo, raiva e frustração para prevenir novas atitudes agressivas. Portanto, os pais devem ensiná-la a se acalmar respirando fundo ou contando até 10, por exemplo, e incentivá-la a sempre falar sobre suas emoções. “Dessa forma, a criança aprende que pode expressar sentimentos hostis por meio da linguagem, contando o que a incomoda e o que não gosta”, pontua a especialista.

Outras causas de agressividade

Além disso, é necessário que a família sempre preste atenção ao que o filho diz durante momentos de conversas, refeições e até brincadeiras, pois ele pode expressar alguma preocupação por meio de uma frase ou comentário durante essas atividades.

Vale ressaltar ainda que situações como brigas familiares, falta de carinho e o isolamento causado pela pandemia de Covid-19 também podem gerar estresse e desencadear atitudes agressivas, mudanças significativas no humor, na alimentação e na qualidade de sono. “Afinal, cada ser humano é único e lida de maneira diferente com os conflitos”, explica Soelma.

Então, é importante estar atento ao comportamento da criança e oferecer momentos de lazer para ela sempre que for possível. “A incentive a experimentar diferentes brincadeiras, especialmente aquelas ao ar livre”, sugere a psicopedagoga, que também indica o estabelecimento de limites de tempo para jogos de videogame e desenhos animados adequados para a faixa etária da criança.

Se mesmo com esses cuidados e orientações o filho continuar apresentando atitudes agressivas, será necessário realizar uma avalição com terapeuta. “Afinal, temos que ter muito cuidado para que a agressividade não se torne violência”, alerta a especialista.

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