Os adultos devem refletir o quanto eles aceitam os erros de seus filhos, para poder ensiná-los a fazê-lo de modo correto.
Os adultos devem refletir o quanto eles aceitam os erros de seus filhos, para poder ensiná-los a fazê-lo de modo correto.| Foto: Bigstock

Quem tem filhos provavelmente já passou pela situação de pegá-los em alguma mentira para encobrir um erro que tenham cometido.

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Esse comportamento é normal, mas precisa ser repreendido para que, na vida adulta, essa criança não se torne alguém ou com medo de responsabilidades, ou que não saiba lidar com os próprios sentimentos.

Pais são deuses para as crianças

Na visão da criança geralmente os pais são perfeitos, de acordo com a pedagoga e educadora parental Caroline Costa. “São como deuses e isso impõe, implicitamente, uma meta de ser tão perfeito quanto eles”, afirma. Ela diz, ainda, que esse sonho de ser tão bom quanto os pais é algo que marca a vida da criança mesmo que ela e eles não se deem conta disso. E isso é uma responsabilidade e tanto.

É por isso que o comportamento de quem convive diariamente com essa criança é tão importante para definir o tipo de pessoa que ela vai se tornar. Até porque o cérebro se desenvolve com o passar dos anos e, explica Caroline, em um primeiro momento é muito mais racional do que ligado às emoções. “O amadurecimento emocional normalmente vem entre 21 e 25 anos de idade”, diz.

Saber lidar com a frustração também é essencial, na opinião de Caroline, porque a criança nasce com a capacidade de sentir diversas emoções, mas precisa desenvolver outras e até criar significados para entender as consequências delas. “A gente nasce com emoções primárias, mas a gente não tem o conhecimento de como elas agem em nosso corpo ou de como agir com relação a elas”, explica.

TDAH

É preciso tomar cuidado, porém, se a criança tiver um diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, o TDAH. Isso porque crianças com TDAH, que se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade, também podem não desenvolver bem o que se chama de metacognição. “É parte do cérebro de resolução de problemas, que pode não ser bem desenvolvida”, esclarece.

O envolvimento socioemocional é o que ajuda a criar empatia, resiliência e habilidades para a vida, enfatiza a pedagoga. Para Talita Quinsler Veloso, psicóloga e doutoranda em Educação e professora do curso de Psicologia da Universidade Positivo, a forma como os pais lidam com a situação também pode justificar esse tipo de comportamento.

Pais que reforçam a atitude

Dificuldade em responsabilizar um filho por um erro ou reações ríspidas e agressivas para repreendê-lo fazem a criança não se sentir confortável para admitir determinadas condutas. “A criança pode apresentar essa atitude para se esquivar da represália dos pais. Nesse sentido, é importante que os adultos reflitam o quanto eles aceitam os erros de seus filhos, para poder ensiná-los a fazê-lo”, reforça a psicóloga.

Talita destaca que pode haver outras explicações para a dificuldade em assumir erros. Quando os pais ficam o tempo todo inflando o ego da criança, por exemplo, isso pode acarretar em um tipo de complexo de superioridade. “A criança precisa acertar e vencer, mas também precisa entender que há perda e que o erro não a torna inferior, pois faz parte do processo”, ensina.

Caroline também orienta os pais a refletirem com os filhos acerca dos erros que cometem e mostrem que é possível aprender com isso. “É o que incentiva a criança a pensar no que causou o erro e encontrar soluções”, diz. O pedido de desculpas deve ser sincero — e não uma simples reação a qualquer deslize cometido.

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