É importante perceber o que as crianças que mordem querem mostrar e dar ferramentas para ela demonstrar sentimentos de outra forma
É importante perceber o que as crianças que mordem querem mostrar e dar ferramentas para ela demonstrar sentimentos de outra forma| Foto: Bigstock

A mordida é um dos ensinamentos mais importantes na vida de um bebê, é uma das primeiras coisas que se aprende. A fase oral é um grande estágio de desenvolvimento. Morder o seio da mãe ou o bico da mamadeira e chupeta são comportamentos bem comuns e saudáveis até. O bebê se relaciona com o mundo primeiro pela boca. Em alguns casos pode ser até demonstração de carinho. O problema é que, às vezes, essa característica está ligada à agressividade.

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De acordo com a psicóloga Valéria Ghisi até os 2 anos de idade, mais ou menos, a criança não sabe identificar o que está sentido e nem colocar em palavras. Por isso morder pode ser uma forma de extravasar emoções. “O importante é que se perceba o que a criança quer dizer com aquela mordida e dar ferramentas para ela demonstrar de outras formas”, destaca a psicóloga.

Até então morder os colegas na escola é muito comum e uma situação com a qual é fácil de lidar, segundo Valéria. “Normalmente a professora de pré-escola tem essa função de ensinar a criança a não morder, não empurrar, não bater. Ensina a pedir, dividir, compartilhar”, observa. Esse comportamento, nessa fase, geralmente acontece na disputa por algum brinquedo. É nessa hora que se deve mostrar que a atitude é errada, mas também é preciso explicar como fazer o certo. Reforçar condutas positivas é bastante eficaz.

Pedido de atenção

Nem sempre a mordida significa a expressão de raiva ou agressividade. Às vezes a criança faz isso para chamar a atenção de alguém ou quando precisa ser notada. Por isso observar o comportamento dela é muito importante. Acolher quem foi mordido sem ignorar quem mordeu é uma estratégia para superar o problema. Mas o agressor precisa saber que a atitude causou dor no outro, sempre com calma e suavidade.

A criança que morde acaba sendo isolada do grupo. É uma espécie de estigma social da pré-escola, alerta Valéria. A boa notícia é que passa. Depois desses anos iniciais de vida, morder os outros é bem menos frequente. Em crianças mais velhas, aquelas que se mordem ou roem unhas, por exemplo, ou tem bruxismo, há um fundo de agressividade, um incômodo geral contra si. Esse comportamento sempre quer dizer algo e um psicólogo pode ajudar a identificar o problema.

A criança de 3 ou 4 anos já consegue explicar melhor o que está sentindo. Por isso o ideal, nesses casos, é incentivar a criança a falar. A capacidade de expressar os sentimentos ainda não está formada então um meio de ajudá-la é contando histórias que tratam disso. Aí criam-se situações em que ela pode conversar. “Morder é uma forma que a criança tem de se relacionar com o mundo. A questão é ensiná-la que dá pra fazer outras coisas em vez disso”, conclui Valéria.

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