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De um lado estão os pais que foram criados de maneira severa e acreditam que essa é a melhor maneira para impor limites às crianças. Do outro aparecem aqueles que foram superprotegidos, ganharam tudo o que queriam na infância e hoje tentam demonstrar o amor que sentem por seus filhos da mesma forma. O problema, segundo a psicóloga e pesquisadora Lídia Weber, é que os dois grupos estão equivocados e terão dificuldades para educar a próxima geração de forma adequada.

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Em entrevista ao Sempre Família, a especialista afirma que a educação de sucesso precisa do equilíbrio entre afeto e disciplina para que a criança sinta que é amada ao mesmo tempo em que aprende valores morais e têm seus limites estabelecidos. Afinal, “são essas regras que demarcam até onde a criança pode ir sem me machucar, seja física ou emocionalmente”, afirma Lídia, que é doutora em psicologia e atua como professora sênior da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Autora do livro “Eduque com carinho: equilíbrio entre amor e limites”, ela apresenta 10 princípios que auxiliam os pais a acertarem na educação dos filhos por meio da participação ativa no dia a dia da criança, do fortalecimento da relação e do uso de consequências positivas. As dicas foram reunidas durante 39 anos de pesquisa e mostram atitudes que deram certo em centenas de casos avaliados.

“Amar não é simplesmente dizer ‘eu te amo’, mas estar presente, ajudar, se colocar no lugar da criança e respeitá-la”.

1. Ame incondicionalmente

O primeiro passo para educar com carinho é amar o filho pelo que ele é, não pelo que ele faz. Por isso, demonstrações de amor devem ocorrer independentemente do comportamento da criança e os momentos em família – como comemorações pelo aniversário do filho e a participação na vida escolar dele – precisam fazer parte da rotina. “Lembrando que amar não é simplesmente dizer ‘eu te amo’, mas estar presente, ajudar, se colocar no lugar da criança e respeitá-la”, pontua a doutora.

2. Conheça os princípios do comportamento

Também é preciso estar atento às atitudes do filho para orientá-lo na hora certa e auxiliar no desenvolvimento da sua autoconfiança, altruísmo e outras habilidades sociais. Além disso, a especialista afirma que comportamentos negativos como birra, manipulação, gritos ou agressões nunca devem ser recompensados e que os pais precisam observar até à maneira que outras pessoas agem com a criança para “analisar se determinados comportamentos têm sido reforçados, ignorados ou punidos”.

3. Conheça o desenvolvimento de uma criança

Cada fase da criança apresenta características específicas e conhecer essas etapas auxilia no processo educacional. Um bebê de um ou dois anos que está aprendendo a falar e caminhar, por exemplo, precisa explorar o que existe ao seu redor e conta com o apoio dos pais para sentir que é competente. “Já crianças em idade pré-escolar devem aprender as regras sobre o mundo, enquanto aquelas de cinco a dez anos querem desenvolver seu senso de competência”, afirma a psicóloga, que cita ainda a pré-adolescência como o momento em que os filhos precisam muito dos pais para lidar com a transição entre infância e adolescência.

“Podemos aprender com o nosso passado e usar essa aprendizagem para melhorar o presente e o futuro“, garante Lídia Weber.

4. Busque o autoconhecimento

De acordo com a autora, pai e mãe também precisam se conhecer para utilizar suas características individuais no processo educacional e mudar o que não gostam. “Podemos aprender com o nosso passado e usar essa aprendizagem para melhorar o presente e o futuro“, garante Lídia. A orientação para isso é dedicar tempo à reflexão a fim de identificar se seu estilo é autoritário, permissivo ou negligente. Com isso, será possível traçar estratégias para se tornar participativo e dosar corretamente afeto e limites.

5. Tenha uma comunicação positiva

Saber se comunicar com a criança é essencial para discipliná-la. Por isso, a psicóloga orienta os pais a sempre falarem de maneira firme e clara, principalmente ao estabelecer regras. “Olhe diretamente nos olhos do filho, fale a mensagem com clareza e supervisione para ver se a criança fez o que foi pedido”. Além disso, é importante citar uma tarefa de cada vez, usar frases como “eu gostaria que você fizesse” no lugar de “você é muito bagunceiro”, e sempre estar disposto a agradecer e pedir perdão.

6. Envolva-se na vida dos seus filhos

Durante o processo educacional é necessário conhecer os filhos por meio do diálogo, brincadeiras e da troca de experiências. “Estabeleça um momento de família, um horário para conversar e colocar os assuntos do dia”, sugere Lídia, que também orienta os pais a convidarem os amigos das crianças para irem à sua casa, demonstrando interesse pelas atividades que realizam. “Construa memórias felizes. Seu filho poderá esquecer dos brinquedos que teve, mas nunca dos momentos especiais que passou com você”, pontua a psicóloga.

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7. Use consequências positivas: reforce, elogie, valorize

Ainda de acordo com ela, os elogios sinceros também devem fazer parte da rotina familiar e as tarefas realizadas com sucesso precisam ser recompensadas de alguma forma. Para isso, os pais podem expor tarefas e desenhos do filho pela casa e sempre valorizar o esforço da criança para chegar àquele resultado.

8. Apresente regras

Outro ponto importante é garantir que os limites estabelecidos sejam consistentes, realistas e apropriados à idade da criança. Além disso, eles devem ser específicos e repetidos com frequência. “É melhor você dizer ‘cumprimente a sua avó’ do que ‘seja bonzinho’, por exemplo”, afirma Lídia Weber, que orienta os pais a verificarem se a regra foi obedecida. “Seu filho não é um robô, logo as regras vão ser quebradas. Ele desafiará você e testará até onde pode ir”.

9. Seja consistente

Os pais também precisam ser consistentes ao estabelecer os mesmos regulamentos para os mesmos comportamentos. “Nunca estabeleça regras de acordo com seu humor ou fale coisas que não acredita que vá fazer”, pontua a doutora, que condena concessões como “hoje estou feliz, então você pode assistir mais duas horas de TV”. Segundo ela, uma regra só pode ser apresentada quando os pais decidem ser consistentes a respeito dela.

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10. Seja um modelo moral

Por fim, os pais devem ser exemplos e, se uma regra for diferente para adultos e crianças, isso deve ser explicado. “Aja com seu filho exatamente como você gostaria que outras pessoas agissem com ele. Sua família é preciosa”, afirma a psicóloga, que sugere aos pais mais estressados um treinamento de autocontrole antes de disciplinar a criança. “Pense, conte até 20, saia de perto. Mas não ofenda, não grite, não humilhe”. O mesmo vale para o relacionamento com o cônjuge, que também será um modelo para os filhos. “Faça com que o clima em seu lar seja o de um porto-seguro, onde as pessoas se sentem amadas e seguras”, finaliza.

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