Como os pais podem ajudar os filhos a se adaptarem a uma nova escola
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Mudanças nem sempre são fáceis. É preciso ter todo um jogo de cintura para se adaptar a uma nova rotina, a um novo ambiente ou a um novo grupo de pessoas. Na vida adulta essas mudanças costumam acontecer com mais frequência, mas durante a infância existem épocas marcantes, como o começo da vida escolar ou a mudança para uma nova escola. Nesse momento, para a criança, que ainda está amadurecendo emocionalmente, o exemplo e suporte dos pais é imprescindível.

Pai e mãe precisam mostrar ao filho que aquele lugar para ele onde está indo é seguro e confiável. Por isso da escolha da nova instituição de ensino ser feita com calma e cautela por parte dos pais. “Vá, conheça, tire todas as dúvidas com os responsáveis pela escola antes de decidir por ela”, explica Nathália Ferrari, coordenadora pedagógica do Elite Rede de Ensino. “É preciso ter em mente que a nova escola foi escolhida depois de muita pesquisa e reflexão e que a criança precisa entender isso por meio das atitudes dos pais”, reforça.

Foi assim que coordenadora de comunicação institucional Adriana Martins, de 37 anos, e o gerente financeiro Jonas Araújo, de 36, escolheram a primeira escola do filho Miguel, de 4. “Desde que o bebê nasce a gente já vai pesquisando e buscando referências de escolas com amigos, redes sociais e olhando o que fica mais fácil diante da localização do trabalho. No meu caso, elencamos três lugares que eram nossos preferidos e vendo coisas específicas em cada um”, explica Adriana.

Na ocasião, ela e Jonas optaram por uma que ficava próxima de casa. Seguros da decisão o casal passou então a se preocupar com a adaptação do Miguel, que não foi tão complicada, já que ele tinha apenas seis meses de vida. Pouco tempo depois houve nova mudança de escola e mais uma vez a estrutura do local foi decisiva: escolhemos uma com características semelhantes (físicas e pedagógicas) para ele ficar bem.

Bom para todo mundo

Neste ano, será a primeira vez em que Miguel mudará de escola tendo o entendimento de tudo o que está acontecendo. Por isso, Adriana e Jonas precisaram unir não só a busca por um espaço satisfatório para eles como pais, mas que também atendesse ao que o pequeno precisa: um lugar acolhedor como os outros, mas que fosse atraente aos anseios do Miguel, que pela idade já constrói relações sociais.

E para que ele não se assustasse com a nova rotina o casal usou algumas táticas. “Contamos a ele que teria novidade, que a escola era maior porque ele também está crescendo. É incrível como eles gostam disso de ‘ser grande’. Mal sabem eles”, brinca a mãe. “Mas temos a vantagem de que um amiguinho dele da outra escola vai para essa nova e assim ele já sabe que terá um conhecido. Além disso, levamos ele para ver a escola do lado de fora, falamos das novas atividades. O resultado é que ele coloca o uniforme e não quer tirar e está contando os dias para as aulas começarem”, completa Adriana.

A jornalista Cecília Brandão, de 34 anos, é mãe do Gustavo, de 5, e da Beatriz de 1, e conta que usou também algumas estratégias básicas com o filho quando ele mudou de escola a primeira vez. “Ele mudou para uma escola bem maior, entre os quatro e cinco anos, então a ideia foi sempre reforçar positivamente. Sempre levava ele junto comigo na nova escola, mostrava como seria legal o lugar e apostava nas novidades”, lembra. “Algo que nos ajudou muito foi o apoio da escola em receber bem os novos alunos. Eles chamavam as crianças antes do primeiro dia, para que eles fossem se ambientando”.

A escola em que Gustavo estuda, e para onde Beatriz vai agora, também costuma fazer uma conversa prévia com os pais, na sala em que os filhos estudarão. “Achei isso muito legal porque a professora me perguntou coisas até da minha gravidez para me conhecer e conhecer bem meu filho. Eles montam então uma pasta que acompanha a criança durante todos os anos ali. Apesar de ser uma escola grande, isso faz com que a gente tenha segurança de que eles sabem bem que estão cuidando de um indivíduo ali”, reforçou.

Como tornar esse momento mais leve

Para que esse momento de transição, tanto para a criança quanto para os pais, aconteça da melhor maneira possível, preparamos uma lista de dicas juntamente com Nathália e Marianna Canova, diretora do Peixinho Dourado Berçário e Educação Infantil:

Promova o contato prévio com a escola: “Nas semanas que antecedem o primeiro dia de aula, é interessante levar o filho para conhecer as dependências da escola, contar que ela fará amigos e terá uma nova professora”, explica Marianna. Além disso, ela recomenda que os pais participem ativamente das reuniões propostas pela escola, pois elas irão manter professores, coordenadores e pais bem conectados.

Busque apoio na escola: Nathália explica que é normal para a criança sentir medo pelo novo. Por isso, durante o período de adaptação ela sugere que a família procure alguém responsável pela equipe pedagógica para pedir algumas orientações sobre como agir com a criança. Além disso, ela recomenda que na escola seja sempre a mesma pessoa responsável por acompanhar a criança na adaptação. “O período de adaptação pode levar de uma semana a um mês, mas varia de acordo com cada um. Se a escola promover uma boa semana de acolhimento, respeitando o tempo de cada criança, e estando a família segura pela opção que fizeram, facilitará bastante todo o processo”, diz.

Trabalhe sua ansiedade: é preciso que os pais entendam antes os seus sentimentos em relação àquele momento de mudanças. Segundo Marianna, as famílias costumam ficar angustiadas com o início da vida escolar e acabam passando essa preocupação para os filhos. “É preciso tomar cuidado para que nossa ansiedade não contamine a criança”.

Converse bastante: é fundamental explicar à criança o que está para acontecer, sem mentiras, como que tentando protegê-lo de algo que ele ainda não conhece. Reforce que aquele é um lugar novo, cheio de coisas diferentes, mas que são muito interessantes, de acordo com Mariana.

Deixe seu filho confortável com o novo ambiente: depois que as aulas começarem é importante reforçar com a criança que ela não está sendo abandonada. “Por isso vale levar itens que tenham um valor especial para elas”, diz Nathália. Em casa, os pais devem criar um ambiente de positividade em relação à nova rotina, mas dando abertura para que a criança possa desabafar sobre o que sente, caso ela não esteja satisfeita.

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