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Um estudo divulgado pelo governo da Índia mostrou que, baseando-se em projeções do Banco Mundial, é provável que daqui a 14 anos a proporção entre homens e mulheres entre 15 e 34 anos no país seja de 898 mulheres para cada mil homens. Trata-se de um número preocupante e que, segundo a ONG norte-americana Invisible Girl, tem uma explicação bem clara: diariamente 13,5 mil meninas indianas morrem antes mesmo de nascer, através do aborto.

Segundo dados de 2016, a cada 100 bebês nascidos na Índia, 53 são meninos e 47 são meninas. É uma diferença que vem aumentando, devido à prática generalizada do aborto seletivo de meninas. O número de bebês do sexo feminino vítimas do aborto no país pode chegar a sete milhões por ano.

As primeiras evidências da prática do aborto seletivo na Índia surgiram na década de 1980, em parte por conta da introdução da tecnologia de ultrassom no país. Ainda hoje, mesmo com a redução das taxas de fertilidade e com o aumento da renda per capita e do nível educacional da população, o crime ainda é comum.

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Nas áreas urbanas, a incidência do aborto seletivo é ainda maior. Nessas regiões, as mulheres têm mais acesso a testes de determinação do sexo do bebê. “Quando há a determinação do sexo do bebê e descobre-se que é uma menina, muitas mães sofrem pressão e coerção pesada da família e do marido para fazer um aborto”, diz Jill McElya, presidente da Invisible Girl.

“Mais e mais casais, principalmente em áreas urbanas, preferem ter um filho só. Essa tendência, somada à preferência por meninos tem uma implicação direta no número de mulheres no país atualmente”, disse à revista Veja o demógrafo indiano e presidente da Associação Indiana para Estudos de População, Ulimiri Venkata Somayajulu.

Os médicos na Índia são proibidos de informar os pais sobre o sexo do filho após um ultrassom desde 1994, justamente para evitar a prática. Ainda assim, é comum obstetras descumprirem a legislação ou até que famílias comprem os equipamentos e realizem o exame por conta própria.

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Discriminação generalizada

Nas regiões rurais, o feminicídio se dá de outra maneira. “Nas vilas e áreas rurais, casos de assassinato de bebês ou crianças meninas são mais comuns, porque eles têm menos acesso a máquinas de ultrassom”, diz McElya. Nesses locais, muitas mães têm suas filhas levadas a força pelos próprios pais ou outros membros da família para serem mortas.

Além do aborto seletivo, outras formas de violência generalizada contra a mulher também colaboram para a desigual proporção entre a população feminina e masculina na Índia. Negligência familiar contra meninas, as altíssimas taxas de analfabetismo entre a população de mulheres e o tráfico de indianas para servirem como escravas ou como noivas em casamentos forçados ainda são bastante comuns. O tráfico humano e o casamento infantil também são consequências diretas desta disparidade entre os sexos.

A preferência por filhos meninos, com as consequentes implicações para as meninas, é uma realidade em vários países da Ásia, mas vem diminuindo nas últimas duas décadas. Ainda assim, quando comparadas, as taxas de nascimento de bebês do sexo masculino ainda são muito maiores do que as do sexo feminino em países como China, Coreia do Sul, Paquistão e Japão.

 

Com informações de Veja.

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