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Mary Vought, The Daily Signal

A revista The Cut publicou recentemente um artigo de Jen Gann, uma mãe declaradamente pró-aborto. O artigo detalha a jornada dela pela fertilização in vitro e pelos testes genéticos, já que ela pretendia conceber uma criança saudável. A primeira gestação dela resultou num filho com fibrose cística, uma doença perigosa, naquilo que ela considera uma oportunidade perdida de tê-lo abortado.

Em 2017, Gann processou os médicos, acusando-os de terem realizado testes genéticos errados que, diz ela, poderiam ter mostrado que seu filho tinha fibrose cística, o que teria lhe dado a oportunidade de abortá-lo.

Escrevi sobre o processo há dois anos, porque essa história toca em temas muito pessoais para mim. Não apenas porque acredito que a vida é a dádiva mais preciosa da humanidade, mas porque eu também tenho um filho com fibrose cística. Por isso me dói, de novo, ver Gann reiterar por escrito seu desejo de ter matado o filho doente.

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Infelizmente isso é bastante comum. A esquerda promove uma narrativa falsa quando se trata da dignidade humana. Disfarçada de um desejo de evitar o sofrimento de uma criança doente, ativistas pró-aborto na verdade desprezam os doentes entre nós. A iniciativa de abortar bebês doentes transmite a mensagem de que as pessoas que convivem com problemas de saúde são de certa forma um fardo indesejável.

Todos os seres humanos, independente de doenças, transtornos, aflições e deformidades, têm direito à vida. Pessoas nessas condições também foram destemida e maravilhosamente concebidas. O valor delas não é menor por causa da doença nem de qualquer dor ou sofrimento causado pela doença. Imprecisamente, o texto de Gann se atém ao empoderamento feminino e na capacidade que a mulher tem de decidir encerrar ou dar continuidade a uma gestação.

A realidade é que as mulheres não dão a vida – Deus é quem as dá. Sim, temos a capacidade biológica de gestar uma criança no útero, de lhe dar os nutrientes necessários para que a criança cresça e o ambiente no qual ela prosperará, além de dar à luz. Mas não formamos a criança no útero, não tecemos sua composição genética nem lhe acendemos a vida por nossa vontade.

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Além disso, e a despeito do desejo do movimento feminista de caluniar os homens, o DNA masculino também é necessário para se gerar uma criança. O fato de as mulheres carregarem a criança não lhes dá controle absoluto.

Concordo que as mulheres devem ser empoderadas, assim como todos os seres humanos devem ser encorajados e livres para alcançar seu potencial. Mas acabar com a vida de outro ser humano não é empoderamento – é a forma mais aguda de opressão.

Matar uma criança é desvalorizar sua existência e dizer que ela não tem os mesmos direitos das outras crianças que estão vivas. Seja qual for o motivo dado para o aborto (opção, conveniência, compaixão, etc.), o ato elimina uma vida humana e a marca duradoura que ela certamente causaria nas outras pessoas.

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A indústria do aborto também diz promover o empoderamento das mulheres, mas tal “empoderamento” é extremamente excludente, limitado apenas às mulheres que já saíram do útero. As mulheres que ainda estão no útero, por outro lado, não têm voz ou poder algum, e estão sujeitas à vontade dos outros, incapazes de se defenderem.

Claro que em nenhum trecho do artigo Gann se atém aos horrores do aborto, à dor que ele causa às mulheres e famílias e ao preço emocional que ele pode cobrar de uma pessoa. Ao contrário, ela glamouriza o aborto como um procedimento de saúde comum e uma alternativa que ela mesma tem caso uma criança imperfeita seja concebida: “Eu já tinha um filho em casa; se a nova gravidez não desse certo, tudo bem. Além do mais, os testes genéticos pré-implantação do embrião não são perfeitos. Se eu soubesse que os resultados dos testes para esse embrião seriam imprecisos, eu teria abortado”.

Essa retórica torna o assassinato uma coisa normal, numa tentativa de fazer com que os outros sintam que se trata de algo natural e fácil, quando na verdade não é nada disso.

Nossa sociedade está diante de um grande problema se continuarmos em silêncio enquanto o aborto for usado como um instrumento para erradicar os mais fracos e doentes entre nós. Não podemos seguir pelo mesmo caminho sombrio de países como a Islândia e Dinamarca, que se vangloriam publicamente de terem “erradicado” o gene da síndrome de Down por meio do aborto.

Toda criança, independente de doença ou incapacidade, merece ter acesso ao direito mais básico e fundamental da humanidade, o direito à vida. E devemos lutar incansavelmente para garantir que elas tenham esse direito.

Tradução de Paulo Polzonoff Jr.

©2019 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.

 

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