Bigstock
Bigstock| Foto:

Assim como o aborto, a eutanásia é outro assunto que envolve a polêmica questão: somos nós quem devemos decidir sobre quando alguém nasce ou morre? Temos esse direito? A resposta parece óbvia, mas por conta das constantes investidas pela legalização da eutanásia na França (e em vários outros países do mundo), mais de 175 associações especializadas em cuidados paliativos assinaram um manifesto em que resumem sua posição a favor de cuidar das pessoas que estão na fase final da vida.

1. Todos devem viver com dignidade até o fim de sua vida

Toda pessoa, independentemente de seu estado de saúde, possui uma dignidade única e particular. Mesmo nas situações mais difíceis e menos desejáveis, as equipes de cuidados paliativos colocam todo o seu coração e experiência para proteger a dignidade dos pacientes. Ao contrário disso, a opção pela morte não garante essa dignidade e implica em uma renúncia à condição humana.

2. A lei deve proteger os mais vulneráveis

As nossas decisões pessoais têm sempre uma dimensão coletiva, especialmente quando requerem a intervenção de terceiros, como na eutanásia. Acelerar e confrontar a morte é um comportamento anormal e solitário de alguns tipos de pessoas como idosos, e pessoas que sofrem com alguma doença degenerativa, por exemplo, que sentem esse desejo ao perceber o mundo em que vivem e que as apresenta como um fardo para a sociedade.

3. A proibição de matar fundamenta nossa civilização A ideia de “matar em alguns casos” ou “sob certas condições” deve sempre ser rejeitada mesmo que seja somente pelo princípio básico da prudência. Nossa civilização progrediu ao eliminar as exceções à proibição de matar (vingança, duelos, pena de morte). Legalizar a eutanásia significaria dar um passo atrás.

4. Pedir a morte nem sempre significa querer morrer Pouquíssimos pacientes dizem que querem morrer, ainda mais quando são bem tratados e acompanhados. Além disso, quando eles pedem a morte, muitos querem expressar algo muito diferente da vontade de morrer. Pedir a morte significa quase sempre não querer viver em condições tão difíceis. Pedir a morte porque se está sofrendo é realmente uma escolha livre? Diferente disso, os cuidados paliativos restauram a liberdade do paciente no final de sua vida, controlando tanto a dor quanto o sofrimento mental.

5. O fim da vida ainda é vida. Ninguém pode saber o que os últimos dias nos trarão Mesmo nessas situações difíceis, muitos pacientes vivem momentos extraordinários e importantes. Alguns descobrem nessa fase que a bondade existe, outros passam a valorizar seus entes queridos, há aqueles que se reconciliam com algum amigo ou familiar, etc. Acelerar a morte privaria esses últimos e imprevisíveis momentos da condição humana.

6. Descriminalizar a eutanásia iria impor ao paciente e sua família a obrigação de considerar a ideia Será que realmente queremos, no futuro, considerar a oportunidade de acabar com o sofrimento pessoal ou com a vida dos nossos entes queridos? Será que realmente queremos nos perguntar, depois de um diagnóstico sério, sobre a injeção letal? Ou então imaginar nossos entes queridos nos perguntando sobre isso quando estivermos sofrendo em uma cama de hospital?

7. Os cuidadores devem cuidar, não matar A vocação específica dos cuidadores é prestar cuidados, dentro de uma relação de confiança com a pessoa doente. Matar destrói este contrato de confiança e anula o código de deontologia médica (conjunto de normas éticas que todo médico deve respeitar).

8. Pesquisas de eutanásia coletam a opinião de pessoas saudáveis, não doentes A partir de pesquisas, afirma-se que a sociedade está preparada para admitir a legalização da eutanásia. No entanto, ninguém pode projetar-se para o final de sua vida e dizer que sabem o que realmente gostariam naquele momento. De fato, as pesquisas não levam em conta a palavra dos pacientes terminais.

9. Errar em uma decisão por eutanásia seria um erro médico irreparável Países que não revogaram a pena de morte têm sério problemas judiciais. No caso da legalização da eutanásia, nenhum paciente poderá reclamar de erro de diagnóstico, desconhecimento dos tratamentos existentes ou do verdadeiro motivo pelo qual o paciente pediu para morrer (lembrar do motivo número 4: pedir a morte nem sempre significa querer morrer). Você poderia admitir esse risco? Diante de situações difíceis, o que é preferível: o risco de viver um pouco mais quando estamos cansados ​​da vida, ou o risco de morrer quando ainda queremos viver?

10. Legalizar a eutanásia generaliza o ato e não evita ultrapassar os limites A experiência mostra que a legalização está levando os limites legais da prática a níveis extremos, como a eutanásia de menores ou pessoas que sofrem de transtornos mentais. Os abusos crescem em países que legalizam a eutanásia (por exemplo, o clandestino é três vezes mais comum na Bélgica do que na França).

11. Os cuidados paliativos devem ser prestados a todos Os cuidados paliativos devem estar acessíveis em todos os lugares e para todos. Eles são um direito do paciente e, atualmente, muitos deles não recebem os cuidados paliativos quando precisam.

12. O cuidado paliativo é incompatível com a eutanásia e o suicídio assistido A legalização da eutanásia e do suicídio assistido deriva da demanda por autonomia. O cuidado paliativo combina a ética da autonomia com a ética da solidariedade coletiva. Ele previne e alivia o sofrimento, enquanto a eutanásia visa acelerar a morte intencionalmente. Cuidados paliativos são tratamentos, a eutanásia é um ato mortal.

Com informações de Aceprensa.

***

Recomendamos também:

***

Curta nossa página no Facebook e siga-nos no Twitter.

Deixe sua opinião