Reprodução/Facebook Dan Mancina
Reprodução/Facebook Dan Mancina| Foto:

A relação do norte-americano Daniel Mancina, de 32 anos, com o skate é antiga. É que ainda pequeno, aos sete anos de idade, um primo lhe ensinou a dar as primeiras remadas no skate. Ainda assim, ele só começou a praticar o esporte de fato, por volta dos 12, quando ele se mudou para Livonia, no estado do Michigan, e conheceu um grupo de skatistas. Logo aquela se tornou uma atividade imprescindível à sua rotina.

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Só que ainda na adolescência, aos 13 anos, Dan – como é conhecido – foi diagnosticado com retinite pigmentosa (RP), uma doença genética dos olhos que causa perda de visão. Em entrevista ao site da Red Bull, em 2018, Dan lembrou que o médico lhe disse não haver um tratamento para sua condição, mas que por ser novo, talvez até ele chegar à vida adulta, algo surgisse.

Mas os anos se passaram e nenhum tratamento foi desenvolvido. Dan continuou levando a vida em seu skate, como podia, e então, aos 23 anos, sua vida mudou radicalmente. “Depois dos 20 anos perdi a maior parte da minha visão funcional. Parei de dirigir, de andar de bicicleta, não podia mais sair sozinho. Isso teve um grande impacto em minha vida”, disse ele em entrevista à Men’s Health.

Dan Mancina desenvolveu um shape em braile. Foto: Reprodução/ Facebook Dan Mancina Dan Mancina desenvolveu um shape em braile. Foto: Reprodução/Facebook Dan Mancina

Ele lembra que aquele momento foi extremamente confuso. A depressão então começou a dar sinais em meio à sua frustração e o skate, que era sua paixão desde a infância, pareceu estar ameaçado. Ele pensou, inclusive, em desistir de tudo. Mas há alguns anos decidiu que encontraria uma maneira de mudar sua vida e de mostrar que a perda da visão não era um empecilho e voltou às pistas.

“Precisei me encontrar como Dan e quando isso aconteceu eu vi que era um skatista acima de tudo. Voltei ao meu skate e vi, definitivamente, que eu não seria feliz sem ele”, contou. Em 2018, ainda com 5% da visão, Dan contou à Red Bull que conseguia ter percepção de luz, sombras e contrastes. “A minha visão está no meu periférico direito e, por isso, para ver diretamente à minha frente preciso olhar para o lado”. Ele passou então a usar a bengala para cegos como apoio para se locomover na pista.

Hoje, porém, Dan já não enxerga mais nada. Mas continua com seu skate. “Eu não tenho mais os 5% de visão e tudo o que já era desafiador se tornou ainda mais agora. Apesar de totalmente cego, estou na minha melhor fase”, explicou à Trip, em maio deste ano. Segundo ele, a sua experiência é inclusiva e é na pista em que ele se expressa totalmente. Com o skate ele tem uma liberdade diferente, já que com treino se pode escolher as manobras e estilo preferido.

Cuidado com o próximo 

Tendo o skate como um propulsor para alcançar seus objetivos e enfrentar seus medos, Dan vai a um skatepark em sua cidade três vezes na semana. Além disso, ele está trabalhando em um projeto de mestrado em terapia de reabilitação visual e espera, em breve, poder trabalhar com deficientes visuais, ajudando-os a viver com independência.

Dan também vende em seu perfil no Instagram um shape – a prancha em que você fica em pé em cima do skate – em braile. Parte do dinheiro arrecadado vai diretamente para a sua ONG “Keep Pushing”, que tem como objetivo construir um espaço adaptado, em Detroit, para skatistas com deficiência visual. “Queremos mostrar à comunidade com habilidades diferentes que existem mais opções do que os esportes tradicionais. O skate é uma saída criativa com potencial infinito e não limitado pela visão”, explica Dan no site do projeto.

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