Á direita, a imagem após a restauração com os ornamentos atuais; à esquerda, a aparência original, sem manto e antes de ser quebrada.
Á direita, a imagem após a restauração com os ornamentos atuais; à esquerda, a aparência original, sem manto e antes de ser quebrada.| Foto:

Certamente você já ouviu falar da história de Nossa Senhora Aparecida e sabe que essa devoção mariana surgiu da descoberta de sua imagem nas águas do Rio Paraíba do Sul, nos arredores de Guaratinguetá – região que se tornou o atual município de Aparecida. Mas essa história de 300 anos é cheia de detalhes: aqui vão 10 coisas que você não sabia sobre a história da devoção à Padroeira do Brasil.

 

  1. A imagem não foi encontrada em um 12 de outubro

Não se sabe ao certo em que dia a imagem foi encontrada pelos pescadores. O máximo que se sabe é que, provavelmente, a aparição aconteceu durante a segunda quinzena de outubro – período em que o governador da Província de São Paulo e Minas Gerais estaria visitando a região, razão da pesca de Felipe, Domingos e João. Foi baseando-se nessa data que o dia 12 foi escolhido, por aproximação, para celebrar a festa de Nossa Senhora Aparecida – mas isso só aconteceu em 1953. No começo, a sua festa era no dia da Imaculada Conceição, em 8 de dezembro, já que se trata de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Antes da data atual, a festa também já foi celebrada em 7 de setembro, dia da independência do país, devido à proclamação de Aparecida como padroeira do Brasil.

 

  1. Dom Pedro I visitou Aparecida duas semanas antes de proclamar a independência

Na viagem por São Paulo durante a qual proclamou a independência do Brasil, o então príncipe regente Pedro I passou por Aparecida e visitou a imagem em seu santuário – isso aconteceu em 22 de agosto de 1822. Dom Pedro prometeu a Nossa Senhora Aparecida consagrar o Brasil a ela caso a sua situação política complicada se resolvesse. Seu filho e sucessor, dom Pedro II, também esteve no santuário, em 1843 e 1865.

 

  1. Aparecida tinha os cabelos curtos

Os cabelos da imagem original eram curtinhos: não chegavam sequer aos ombros. Os cabelos compridos apareceram só em 1978, quando a imagem foi restaurada – seria melhor dizer “reconstruída” – depois de ser quebrada em centenas de fragmentos, por um rapaz com distúrbios psicológicos que a tirou do nicho. O objetivo era que os cabelos maiores ajudassem a fixar melhor a cabeça ao corpo. Nesse restauro, conduzido por Maria Helena Chartuni, do Museu de Arte de São Paulo (MASP), Aparecida foi praticamente refeita – sobretudo a cabeça, que foi a parte mais danificada. É clara a diferença dos traços ao comparar fotos de antes e depois do restauro: além dos cabelos, nota-se que ela era mais rechonchuda e de traços mais suaves.

 

  1. Aparecida já recebeu presentes de quatro papas

A rosa de ouro é uma honraria conferida pelo papa que data pelo menos do século XI e consiste justamente em uma escultura de uma roseira feita em ouro puro. Comumente ofertada a membros da realeza – como a Princesa Isabel, que ganhou uma de Leão XIII quando assinou a lei áurea –, a entrega da rosa de ouro tem sido reservada desde o Concílio Vaticano II a santuários marianos. Aparecida já ganhou três: uma de Paulo VI, em 1967, outra de Bento XVI, em 2007, e uma de Francisco, em 2017. As rosas podem ser vistas no museu que fica na torre da basílica. Além disso, os mosaicos que adornam a Capela do Santíssimo, na basílica, foram um presente de João Paulo II, em 1980.

 

  1. Aparecida é a Generalíssima do Exército Brasileiro

Na mesma ocasião em que a rosa de ouro ofertada por Paulo VI foi entregue ao santuário, em 1967, o presidente Artur da Costa e Silva outorgou a Nossa Senhora Aparecida um título único: Generalíssima do Exército Brasileiro – a patente mais alta do exército de nosso país.

 

  1. São Josemaria Escrivá, o fundador do Opus Dei, já visitou Aparecida

“Com que alegria fui a Aparecida! Com que fé vocês todos rezavam! Eu dizia à Mãe de Deus, que é Mãe de vocês e minha: Minha Mãe, Mãe nossa, eu rezo com toda esta fé dos meus filhos. Te queremos muito, muito. E parecia escutar, no fundo do coração: com obras!” Essa foi uma das frases de São Josemaria Escrivá quando esteve na Basilica Velha, em 28 de maio de 1974, junto daquele que seria seu sucessor, o Beato Álvaro del Portillo. A passagem do santo pelo santuário ocorreu um ano antes da sua morte. Ali, ele rezou o terço junto com fiéis do Opus Dei. A visita é lembrada com uma imagem de São Josemaria, instalada na basílica em 2008.

 

  1. A imagem era colorida

Manto azul com forro em vermelho vivo, pele clara, túnica esbranquiçada, com detalhes em amarelo. A imagem de Aparecida era assim quando foi produzida, provavelmente no século XVII, pelo Frei Agostinho de Jesus. Supõe-se que a imagem fosse conservada em uma capela de Nossa Senhora do Rosário às margens do Paraíba e que, após uma enchente na igrejinha ou depois de ter a cabeça quebrada, foi descartada nas águas do rio – que apagaram as cores da imagem. As cores do manto vinham de uma ordem de dom João VI, que, ao proclamar a Virgem da Conceição padroeira de Portugal, ordenou que o seu manto fosse sempre colorido de azul e vermelho, as cores do Reino de Portugal.

 

  1. Os redentoristas que vieram cuidar de Aparecida já tinham experiência na área

Quando o Vaticano pediu a missionários redentoristas alemães que assumissem o cuidado do santuário, em 1894, os padres do convento de Gars, na Alemanha, tinham acabado de transferir para outra congregação a responsabilidade por um outro santuário mariano: o da padroeira da Bavária, Nossa Senhora de Altötting. Como Aparecida, a imagem de Altötting é pequena, rústica e enegrecida. O seu santuário fica a apenas 20 minutos de carro de Marklt am Inn, a cidade natal do papa Bento XVI, que tem muito carinho pela Virgem de Altötting. Ele até mesmo ofereceu o anel que usava como cardeal ao santuário e hoje a peça faz parte do cetro da imagem. Além disso, quando o pontífice alemão esteve em Aparecida, os padres redentoristas fizeram questão de colocar no quarto em que ele ficou hospedado uma reprodução da Virgem de Altötting.

 

  1. Aparecida está se espalhando pelo mundo

Se você for ao conhecido santuário do Menino Jesus de Praga, na República Checa, vai se deparar com uma imagem da padroeira do Brasil, entronizada lá em 2007. Também é possível encontrar Aparecida em igrejas da Colômbia, da Eslovênia, dos Estados Unidos, de Portugal, da Eslováquia, da Argentina, da França, do Líbano e até mesmo nos Jardins Vaticanos: um monumento dedicado a Nossa Senhora Aparecida foi inaugurado no local pelo papa Francisco, em 2016. O maior responsável por levar Aparecida pelo mundo tem sido o cardeal Raymundo Damasceno Assis, que foi arcebispo de Aparecida entre 2004 e 2016 e presidente da CNBB entre 2011 e 2015.

 

  1. O Brasil também tem outros padroeiros

Aparecida divide o título de padroeira do Brasil com outras duas figuras. O primeiro santo a ser declarado padroeiro do Brasil foi São Pedro de Alcântara, em 1826, quatro anos depois da independência. Quem o proclamou patrono foi o papa Leão XII, a pedido do imperador Pedro I, que envergava justamente o nome de Pedro de Alcântara. Embora o patronato do franciscano espanhol tenha sido esquecido, nunca foi anulado. Só em 1930 Aparecida foi proclamada também padroeira, por Pio XI. Já em 2015, a CNBB declarou copadroeiro do Brasil o jesuíta São José de Anchieta, um ano depois de sua canonização.

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