Normalmente as pessoas não se preparam para a velhice e têm medo das mudanças físicas e da mudança de seu papel na sociedade.
Normalmente as pessoas não se preparam para a velhice e têm medo das mudanças físicas e da mudança de seu papel na sociedade.| Foto: Nick Cooper/Unsplash

De sorriso fácil, risada contagiante e com muita disposição, o vendedor Pedro José Pereira de Souza, de 63 anos, nem percebeu quando a terceira idade chegou. A barba e os cabelos grisalhos deram algumas pistas, mas a alegria de viver, a gratidão pelo que passou e a esperança no que há de vir impediram que o avanço da idade se tornasse um peso.

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“Pra mim tudo é novidade, eu me sinto jovem ainda. Graças a Deus tenho muita saúde e é algo maravilhoso ver que Ele me proporcionou viver tanto tempo e que tenho mais anos pela frente”, conta. Mesmo tendo direito a vários benefícios por ser considerado idoso, ele prefere ceder lugar para pessoas mais velhas ou com mais dificuldades. “Eu sei que um dia vou precisar também, mas hoje tenho muita saúde”, afirma.

Para ele, a companhia da esposa, o cuidado e o amor mútuo permitem viver momentos maravilhosos nesta fase da vida, assim como a presença dos filhos e netos. “Sinceramente, a gente vive muitos e muitos anos e não imagina realmente como vai ser a partir dos 60. Quando chegamos nessa idade, só temos a agradecer e pedir a Deus que permita muitos outros anos de vida”, assegura.

O vendedor destaca que para encarar a chegada da terceira idade, o principal é “ter maturidade, cabeça boa e espírito alegre, estando sempre direcionado a Deus”. Souza também aconselha a evitar excessos na juventude, pois tudo se reflete na velhice. Além de cuidar da saúde, ser cordial, comunicativo e ter respeito pelas outras pessoas. E os planos para o futuro continuam – a expectativa é diminuir o ritmo de trabalho daqui alguns anos para desfrutar a vida e viajar mais.

Não costumamos nos preparar para a velhice

Souza é o retrato da sociedade atual: idosos cada vez mais ativos, com mais saúde e melhor qualidade de vida. Fabiana Weffort Caprilhone, médica geriatra do Hospital Pilar, lembra que o processo de envelhecimento já começa no nascimento. E durante toda a vida o corpo passa por mudanças, assim como a independência e a autonomia do indivíduo.

Neste processo, as prioridades e a percepção da vida mudam. “A parte psicológica é muito importante, pois para o envelhecimento ser bem sucedido é preciso ter autoaceitação, estabelecer relações adequadas com os outros, saber os limites dentro da sua autonomia e ter metas reais para uma vida mais saudável”, esclarece Fabiana.

O psicoterapeuta Cloves Amorim lembra que normalmente as pessoas não se preparam para a velhice e têm medo da perda de prestígio, das mudanças físicas e da mudança de seu papel de ator principal para coadjuvante. “Nos falta uma educação para o envelhecimento. O ser humano, como diz a sabedoria popular, não para de brincar porque ficou velho, mas ficou velho porque parou de brincar. A chave é ter planejamento, ações e movimento”, enfatiza Amorim, professor titular do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Dicas

A geriatra Fabiana e o psicoterapeuta Amorim listam algumas dicas para encarar bem a velhice:

  • Ter hábitos de vida saudáveis: inclui alimentação adequada, prática regular de exercícios físicos e sono de qualidade.
  • Ler: além de ser uma atividade prazerosa, mantém o cérebro ativo e proporciona benefícios cognitivos;
  • Ter vivência social regular: é importante reconstruir e zelar pelos grupos de relacionamento interpessoal.
  • Cuidar da saúde: é necessário consultar o médico regularmente e fazer os exames de rotina.
  • Ter inteligência emocional: manter uma atitude positiva é essencial para enfrentar os desafios desta fase da melhor maneira possível.
  • Administrar as finanças: não se deve deixar ser explorado por outras pessoas.
  • Lazer: viajar e ter outras atividades de lazer é essencial.
  • Desenvolver a dimensão da transcendência: pode ser ou não uma crença religiosa ou uma filosofia de vida.
  • Frequentar comunidades de aprendizagem: grupos sociais e universidade da terceira idade são alguns exemplos.
  • Tecnologia: aprender o básico contribui para independência.
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