Com as restrições sociais passamos a ver com outros olhos coisas que nos pareciam simples, como estar com a família e amigos.
Com as restrições sociais passamos a ver com outros olhos coisas que nos pareciam simples, como estar com a família e amigos.| Foto: S&B Vonlanthen/Unsplash

Quando no fim de 2019 fizemos os planos para 2020, de longe imaginávamos como seria este ano. Na rotina intensa a que estamos acostumados a viver, de repente precisamos parar, controlar, respirar fundo e reprogramar a rota.

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Novos hábitos foram adquiridos, nos deparamos com incertezas nunca antes imaginadas, mas também pudemos aprender. Talvez a maior de todas as lições foi: viver um dia de cada vez. "Nesse período, a vida se revelou como ela, lá no fundo, sempre foi: improvável, incontrolável", explica o psicólogo Gabriel Resgala.

Diante de um cenário de restrições sociais, estar mais tempo com o núcleo familiar – aquele que está ali sempre pertinho, mesmo quando estamos distantes fisicamente, por força do destino – , se fez necessário. "Este ano nos ajudou também a valorizar as coisas mais simples, como um bom papo com familiares e amigos, um café ou uma cerveja na esquina, ou um bom abraço nos pais e avós", diz Resgala. "Durante o isolamento social, pudemos aprender o valor dessas pequenas coisas, enquanto nos demos conta do quanto estávamos imersos em uma sociedade apressada, neurótica, doentia".

O primeiro ano da filha visto de perto

Essa vida agitada era uma das preocupações da terapeuta ocupacional Nydia Cunha, quando sua filha Heloísa nasceu, em 2019. Assim como outras mães, claro, a dúvida era a de como seria conciliar o cuidado com a pequena e a rotina profissional.

"Voltei a trabalhar no começo de março e, 20 dias depois, eu já estava novamente em casa totalmente dedicada aos cuidados com a bebê", lembra. "E aí vieram desafios novos: reorganizar a rotina de trabalho no home office e com o mínimo de saídas possíveis, e também a necessidade de ter uma rede de apoio para dividir os cuidados".

Mas olhando agora, o que passou, e apesar de tudo o que ainda estamos vivendo, ela agradece: "Em meio a tantas mudanças e incertezas lá fora e aqui dentro de casa, pude acompanhar de perto todo o crescimento e desenvolvimento da Helô neste primeiro ano de vida".

A perda de pessoas queridas e os planos refeitos

As milhares de incertezas e mudanças também se fizeram presentes na vida de Ana Domingues. Com um casamento todo pronto, ela precisou remanejar datas. "Em 2020, sonhei em me casar, tudo estava pago, vestido pronto, festa dos sonhos em mente e, de repente, me vejo, na melhor das hipóteses, sem poder trazer nem toda a família, nem todos os amigos, revendo contratos, revendo planos e o sonho em torno desse dia tão importante", comenta ela, ao lamentar o que talvez seja mais complicado nisso tudo: a perda de pessoas queridas que sonhava ver no seu casamento. "Em 2020 vi pessoas amadas, que eu gostaria de ter na minha festa de casamento, partirem em razão da Covid-19. Pessoas que eu amava, que eu prezava".

Aliás, a Ana também contraiu Covid-19 há alguns meses, e desse momento de insegurança que viveu em relação a sua saúde e a de sua família, ela diz que aprendeu que é preciso dominar o medo e a ansiedade, antes que eles nos paralisem. Nisso tudo, a fé foi essencial. Porque sem ela, Ana diz que não superaria tudo isso por sua força e capacidade.

Ela também agradece aquelas coisas que parecem simples, mas que fizeram a diferença. "Sou abençoada, seja pela harmonia da minha família, seja pelo emprego, seja pela saúde, seja por ter amigos a quem recorrer. Sinto que o ano não foi em vão, pois apesar de tantas aflições, momentos de medo e de ansiedade, tenho certeza de que sairei deste ano com uma coleção de lições aprendidas", finaliza.

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