Validação emocional não significa concordar com tudo que o outro diz, mas dar espaço para a pessoa manifestar o que está sentindo.
Validação emocional não significa concordar com tudo que o outro diz, mas dar espaço para a pessoa manifestar o que está sentindo.| Foto: Bigstock

“Você é muito inteligente”. “Gosto da sua presença”. “Eu confio em você”. “Você tem um grande potencial”. Esses são alguns dos elogios que podem ser utilizados para comunicar ao marido ou à mulher a importância e o significado que ele tem para você. Isso é validação emocional.

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A psicóloga clínica e organizacional, Carmem Simon, explica que a validação emocional, termo recentemente utilizado na psicoterapia, corresponde ao conjunto de atos, palavras e até omissões que exprimem para a outra pessoa o quanto é reconhecida, respeitada e aceita sem preconceito ou julgamento de valor. Importante salientar que não significa concordar com tudo que o outro diz, mas dar espaço para a manifestação daquilo que a pessoa está sentindo, trazendo um conforto extremo para dentro daquela relação de maior intimidade.

“Como sociedade, embora sejamos empáticos, a grande maioria das pessoas, às vezes, tem dificuldade de validar o que o outro sente", explica Michele Maba, psicóloga clínica. Segundo ela, isso acontece porque muitos de nós não sabe lidar com a dor do próximo, preferindo fugir dos sentimentos de quem está vulnerável ou fragilizado.

Como validar emocionalmente alguém?

Um olhar, um silêncio em forma de abraço, um toque e até um sorriso, muitas são as formas de validar emocionalmente o próximo, sempre colocando-se de um jeito empático e acolhedor. Carmem orienta que as pessoas treinem as habilidades sociais que permitem elogiar, dar devolutiva positiva, pedir mudança de comportamento com afetividade e empatia.

Nesse sentido, Michele alerta para a necessidade de uma escuta atenta e o desenvolvimento mínimo de empatia, ou seja, a capacidade real de se colocar no lugar outro, considerando todas as circunstâncias e história de vida do próximo. “Ouvir atentamente, dar lugar para aquilo que o outro quer demonstrar, usar palavras de afirmação, são todas situações que dão ao outro uma ideia de que se está, de fato, atento, aberto e que cabe sentir o que expressa”, explica ela.

Quais os impactos da validação emocional no casamento?

Dentro de um relacionamento afetivo, a validação emocional é extremamente necessária. Na relação mais íntima, de maior convívio e contato rotineiro, é possível compreender que o outro o apoia, entende e acolhe, gerando uma sensação de pertencimento e de completude, conta Michele.

“No relacionamento de um casal é imprescindível estar ao lado sem impor condições, acompanhar sem invadir o espaço do outro. Estar emocionalmente equilibrado e disponível para a validação emocional na relação de casal fortalece o vínculo afetivo, cria confiança e gera energia para novas realizações tanto na vida pessoal quanto na profissional”, complementa Carmem.

A psicóloga destaca que, em um relacionamento duradouro, sempre haverá a necessidade de dialogar para chegar a um acordo com base em três instâncias distintas: aceitação, concordância e respeito, sendo o último inegociável. “Você pode conviver com alguém mesmo sem aceitar totalmente suas opiniões, seus hábitos e suas decisões, discordando da preferência esportiva, política ou religiosa dessa pessoa, mas sem respeito às diferenças não há possibilidade de haver validação emocional nem convivência”, conclui Carmem.

A validação emocional pode gerar dependência no outro?

A validação emocional pode ter um aspecto negativo quando se torna uma compulsão de confirmação, uma compulsão da certeza dos pensamentos obsessivos de que sou invalidado, podendo acarretar psicopatologias, como o transtorno de personalidade. “É como se a pessoa precisasse o tempo inteiro que alguém concordasse com ela para que se encontre nesse espaço, como se nunca conseguisse encontrar em si mesma a ideia de que tudo está bem”, explica Michele.

Antes da validação dos outros, as psicólogas orientam que cada pessoa tenha sua própria validação, por meio do autoconhecimento de como se sente, pensa e age na sociedade, correlacionado à própria autoestima. Carmem destaca a importância que, antes de entrar num relacionamento, o indivíduo tenha uma validação interna, isto é, livre de comparação com os outros, estando bem com si próprio, dando menos importância para o que o outro pensa e sente.

“Se a validação emocional for exacerbada, criará uma expectativa em quem é validado e um compromisso que pode ser insustentável ao longo do tempo pelo validador. Ao contrário, se não houver validação emocional em algum momento, pode ser que a relação entre em crise e até acabe”, conclui Carmem.

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