Quando amigos se divorciam é muito comum que os casais próximos comecem a revisar o próprio relacionamento.| Foto: Bigstock
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O divórcio é uma decisão bastante delicada, um processo lento e difícil de se realizar. Salvo, se os amigos também o estiverem enfrentando. É o que explica um estudo realizado por pesquisadores das Universidades de Harvard, Brown e San Diego, nos Estados Unidos, que sugere que o divórcio pode se espalhar entre amigos.

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Amigos recém divorciados podem aumentar em 75% as chances da separação em um casamento em crise. E esse número sobe para 147%, quando o casal possui vários amigos divorciados, indica a pesquisa.

A psicóloga Eloá Andreassa explica que quando casais se divorciam é muito comum que os amigos próximos comecem a revisar o próprio relacionamento. E nisso, podem vislumbrar que uma separação pode ser uma alternativa viável de ser tomada.

O estudo aponta que há duas maneiras distintas pelas quais as relações sociais podem afetar o risco de divórcio. Uma delas é o vínculo que o casal possui com os amigos próximos: quanto mais autêntica forem suas amizades, menor pode ser o risco de divórcio, e quanto mais periférico um casal for de sua rede social, maior será o risco da separação.

A outra maneira, independe da estrutura, mas está relacionada aos divórcios das pessoas que cercam o casal em crise. “Aqui, a questão é quais tipos de atitudes e comportamentos são evidenciados por nossos vizinhos de rede e quais os efeitos que podem ter. Portanto, quanto maior a incidência de divórcio entre amigos, maior a probabilidade de seguir o exemplo”, aponta a pesquisa.

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Amizades como influência negativa

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Quando a notícia do divórcio de amigos chega aos casais, pode ser que alguns comecem a pensar em suas crises conjugais e sintam-se atraídos pela liberdade recém adquirida pelos colegas divorciados.

Contudo, é necessária muita reflexão e discernimento durante a crise em um casamento, sendo preciso cuidar para não se inspirar nos amigos que estão se divorciando, e evitar tomar uma decisão impulsiva e mal pensada, alerta Eloá. “Antes de mais nada, o casal precisa parar para pensar, conversar entre si e encontrar possibilidades para resolver suas diferenças. E principalmente evitar ficar ouvindo as queixas e mágoas dos amigos recém divorciados”, orienta a psicóloga.

Ela lembra que cada relacionamento é único, pois é formado por pessoas distintas de qualquer outro vínculo. Por este motivo, precisa ser analisado e refletido de forma individual pelas pessoas que o compõem e, se necessário for, afastar as mágoas do casal amigo que está se separando, para evitar potencializar a própria crise conjugal.

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Amizades como grupo de apoio

A psicóloga motiva que o oposto também pode ocorrer. Ou seja, casais que possuem um relacionamento saudável podem ajudar os amigos que cogitam um divórcio e fazê-los repensar na decisão, contribuindo para resolução dos conflitos de forma amigável.

É necessário que cada casal seja um testemunho para os demais, mostrando, na medida do possível, que todos possuem problemas. Desta maneira, reforça-se para que cada vez mais as pessoas relembrem que os relacionamentos não são perfeitos como nos filmes de romance e que todos possuem pontos a serem melhorados.

“O casal que ajuda pode ser beneficiado ao perceber que tem recursos e que consegue resolver seus problemas sendo uma inspiração para outros casais. Afinal, qualquer relacionamento dá trabalho e precisa ser nutrido senão fica sujeito a todo tipo de influência externa”, alerta Eloá.

Inclusive, o estudo também sugere que cuidar da saúde dos casamentos de amigos pode servir para apoiar e aumentar a durabilidade do próprio relacionamento. Por isso, é importante que, frente a uma crise conjugal, as partes busquem grupos de apoio que possam contribuir para resolução dos conflitos da melhor forma possível, antes de enxergar o divórcio como solução.

Para muitas pessoas, a religião pode ser um apoio no momento de crise, pois ouvir conselhos de outros casais que conseguiram resolver seus problemas após passarem por crises pode ajudar a ver um outro lado. “Os grupos que existem nas igrejas são muito apoiadores nas crises e a fé é motivadora para buscar harmonia”, complementa ela.

Além da prática religiosa, Eloá acredita que a terapia de casal é uma opção que pode contribuir para encontrar a estabilidade conjugal em momentos de crise, pois contribui para que cada parceiro revise suas expectativas dentro da relação, conseguindo enxergar a si mesmo e o outro de forma mais real, afastando-se de idealizações utópicas, além de melhorar a comunicação e a proximidade entre os cônjuges, o que contribui para a resolução de conflitos de forma mais saudável.