Fatores emocionais e biológicos podem fazer com que o casal perca a intimidade, chegando a parecer que são amigos morando juntos.
| Foto: Bigstock

A rotina agitada e os problemas do cotidiano podem fazer com que o casal perca a intimidade sexual, chegando até mesmo a parecer que são dois amigos morando na mesma casa, prejudicando sua conjugalidade. Para que outras áreas da vida de cada um não sejam afetadas, é importante que o casal preserve os momentos íntimos.

Siga o Sempre Família no Instagram!

As relações sexuais sempre serão importantes na vida dos cônjuges, independentemente da fase do ciclo de vida familiar, inclusive na terceira idade, ainda que exista um grande tabu quanto a isso. Além da intimidade sexual, a psicóloga Ana Flávia Oliveira Souza alerta que a falta de intimidade emocional leva o casal a uma dificuldade na comunicação dos seus sentimentos, pensamentos, compromissos, planos, confissões pessoais, entre outras coisas, inclusive quanto aos desejos sexuais ou falta deles.

“Estabelecer um relacionamento forte, estável e carinhoso pode ser motivador para os comportamentos do indivíduo, impactando como o casal optará por estabelecer um contrato, não apenas nupcial, mas também emocional, no que diz respeito à responsabilidade afetiva de cada um”, acredita ela.

Interesse comum

A intimidade conjugal não pode ser de interesse individual, mas precisa ser valorizada pelo casal, mantendo um diálogo sincero entre os cônjuges. Um estudo de 2019 percebeu a existência de funções diferentes da intimidade conjugal para homens e mulheres. Eles buscam prazer e relaxamento, na quantidade. Elas, por outro lado, valorizam o romantismo e a proximidade, prezando pela qualidade da relação sexual.

Para a ginecologista e sexóloga Gisele Teixeira, ainda que existam funções diferentes da relação conjugal para cada um, é importante que ambos saibam a prioridade que dão a esse momento, contribuindo para que o outro alcance o mesmo prazer. “É interessante, por exemplo, que o homem saiba o ciclo menstrual da mulher, pois entenderá quando estará mais propensa ou quando será necessário mais estímulo”, exemplifica ela.

Preservar os momentos a dois

A psicóloga Ana Flávia conta que é possível observar nos casais que não mantém relações sexuais com frequência, o afastamento emocional e a frustração no relacionamento. “Eles começam a não sentir mais motivação ou vontade de darem o melhor pelo relacionamento. Com isso, deixam de se dedicar um ao outro ou usar a criatividade para saírem da rotina. Com o tempo, param de compartilhar os seus sentimentos e pensamentos com o outro”, afirma.

Diferentemente, quando o casal consegue manter a intimidade sexual, a chance de permanecer mais íntimos um do outro ao longo dos anos é maior. Para isso, Gisele destaca a necessidade da autorresponsabilidade, na qual cada um deve buscar tornar a relação mais qualificada afetivamente para si e para o outro. “Estar disposto a dialogar com o cônjuge é importante, porém é igualmente necessário que cada um seja capaz de tomar atitudes para que haja uma mudança na relação”, complementa Ana Flávia.

Respeitar os ciclos da vida

A frequência das relações sexuais do casal pode mudar ao longo da vida, devido a rotina, a chegada dos filhos, da velhice, ou decorrente de alguma doença. Ana Flávia explica que não existe uma quantidade máxima ou mínima de relações que o casal deva manter para buscar um relacionamento saudável. Contudo, dependendo da situação, a falta de momentos de intimidade entre o casal pode ter grandes impactos.

Ana Flávia orienta os casais a decidirem isso juntos, já que a frequência ideal será aquela que ambos estejam satisfeitos, buscando manter ao menos uma intimidade de contato emocional. Além dos ciclos da vida, há os fatores biológicos que devem ser levados em consideração pelo casal, principalmente femininos. Quando os dois entendem o ciclo menstrual, e consequentemente as oscilações hormonais, conseguem adaptar as relações íntimas de forma muito mais consistente e prazerosa para ambos.

Para a mulher, a intimidade conjugal é uma consequência da conexão com o parceiro nos demais sentidos, explica Gisele. Diferente do homem que possui um desejo espontâneo, a mulher possui um desejo responsivo, ou seja, que precisa de um estímulo exterior para acontecer. “No início do ciclo, os hormônios femininos estão altos, facilitando o desejo. Já na segunda fase, conhecida como TPM, os hormônios baixam e a mulher se torna menos receptiva para um relacionamento sexual”, explica a médica que orienta ao cônjuge, sabendo disso, dedicar estímulos diferentes para favorecer o desejo da companheira.

Quando é hora de buscar ajuda?

Quando não há amizade e respeito entre o casal, Ana Flávia alerta que há diversas situações que podem atrapalhar o relacionamento e intimidade, inclusive fatores externos, como questões financeiras. Dessa forma, é necessário manter o diálogo para que o casal saiba lidar com tais situações.

E se não há comunicação entre os cônjuges, a entrega pessoal fica prejudicada, tornando impossível que uma das partes, ou ambos, compartilhem a vida com o outro. Neste cenário é preciso aceitar que as coisas não estão bem e que é necessária a ajuda profissional.

Gisele conta que ao acompanhar suas pacientes, busca orientá-las quanto as fases do convívio conjugal e faz alertas para que observem seu próprio ciclo menstrual, buscando encontrar meios de facilitar a intimidade com o cônjuge, inclusive com suplementos.

Além do acompanhamento médico e psicológico, Gisele destaca a importância da espiritualidade na vida conjugal. “Ter uma espiritualidade, independente da religião, é fundamental para ter um relacionamento mais forte e tentar fazer com que as questões externas não atinjam o relacionamento de forma que possam impactar nas relações íntimas”, conclui a médica.

Deixe sua opinião