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Por trás de uma piada, gozação, deboche ou zombaria encontra-se diluída uma forma de agressão. É como uma flecha certeira que atinge seu alvo de maneira precisa... Existem pessoas muito habilidosas nessas ironias mordazes. E parece que há certo prazer em produzir o escárnio.

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A psicóloga clínica e organizacional, Carmen Simon, acredita que as relações sociais impõem desafios comportamentais que somente as pessoas com personalidades consistentes e competência interpessoal conseguem se sair bem em qualquer situação, inclusive naquelas desrespeitosas.

Muitas vezes o escárnio produzido é dirigido àquele a quem se ama, como o cônjuge. E, quando ele está em posição de vulnerabilidade, por não conseguir reagir à situação, pode ser necessário que o companheiro se posicione em sua defesa, minimizando possíveis danos psicológicos futuros.

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Como defender o cônjuge?

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Segundo a psicóloga, as atitudes podem variar de acordo com a situação e a intensidade da ofensa. “Percebo que atualmente as pessoas se ofendem com muita facilidade por motivos rasos. Além disso, há comentários que não fazem valer a pena desperdiçar energia cerebral para responder”, distingue Carmen.

A psicóloga explica que o comportamento assertivo, de autoafirmação, requer competência social adquirida pela educação dos instintos, para que a pessoa consiga alinhar em fração de segundos emoção e cognição a fim de produzir uma reação funcional.

Contudo, nos casos das ofensas que causam dano, é importante que um cônjuge defenda o outro com uma argumentação objetiva, afinal é função do companheiro oferecer suporte um ao outro, ainda que em público. Portanto, se a própria pessoa não puder se defender e for necessário intervir na humilhação sofrida pelo cônjuge, Carmen acredita que o melhor a fazer é falar das suas qualidades.

“Quando uma pessoa é ofendida e não tem repertório de habilidades sociais para lidar com isso, o cônjuge pode ajudar sussurrando uma palavra no ouvido, tocando suavemente na mão”, sugere a psicóloga.

Além de enaltecer as qualidades do cônjuge, o terapeuta familiar, Clayton Machado, acredita que a verbalização ao ofensor é fundamental para comunicar quando não há concordância com alguma situação, seja ela diretamente ofensiva, seja por meio de uma piada ou brincadeira.

“Quando um cônjuge utiliza da verdade para comunicar ao ofensor a humilhação sofrida pelo próximo, torna claro o sentimento sofrido pelo indivíduo, evitando novas condutas vexatórias que podem ser tomadas inconscientemente pelo ofensor”, explica o terapeuta.

Após defender o cônjuge humilhado, é importante analisar a relação que se tem com o agressor, ensina o terapeuta familiar. “Percebendo uma relação de amizade tóxica, já que chegou a ponto de cometer uma injuria ou chacota, é importante afastar-se de tais pessoas, evitando novos encontros, cortando os laços gradativamente”, sugere Machado aos casais.

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Segurança e proteção

Segurança e proteção são condições básicas para os seres humanos desde que o mundo é mundo! Portanto, é desejável que nos relacionamentos conjugais as pessoas sintam-se seguras e protegidas, de acordo com Carmen.

Para isso, a psicóloga ensina que é preciso que a capacidade emocional do indivíduo dialogue com a capacidade cognitiva para produzir um julgamento que resulte numa reação refletida e num comportamento assertivo e não instintivo. “Uma pessoa impulsiva, agressiva, vingativa, obsessiva, ansiosa ou dependente não faz com que o outro se sinta nem seguro, nem protegido”, destaca ela.

Portanto, segundo Machado, a maneira mais simples e clara de fazer com que o cônjuge se sinta protegido é buscando uma relação afetiva e efetiva, ou seja, estar próximo com atitudes que demonstrem o valor do outro. “Fazer-se presente, demonstrando a proximidade, faz com que o cônjuge se recorde dos compromissos firmados no dia do casamento, buscando memórias afetuosas. Se a falta de proteção traz insegurança, a proteção efetiva traz segurança emocional em todos os campos”, explica o terapeuta.

Dessa forma, frente a uma chacota, a agressão física deve ser a principal ação a ser evitada, porque abre precedentes para novas agressões e é antagônica à proteção. Machado explica que proteger é voltar-se para dentro e não para fora, portanto, embora toda ação gere uma reação, não se deve desejar que esta seja física.

Impactos psicológicos

Segundo Machado, a falta de proteção do cônjuge pode acarretar impactos psicológicos naquele que foi ofendido, devido às inseguranças geradas pela omissão. “A decepção, quando um cônjuge acredita que o outro vai protegê-lo e isso não ocorre, pode gerar repercussões emocionais que atingem a autoestima, insegurança pessoal e um complexo de inferioridade muito grande dentro da própria relação”, alerta o terapeuta.

Dessa forma, é importante que, por meio do diálogo, os cônjuges tenham claras quais são as expectativas que um tem do outro, de forma que possa, no momento oportuno, oferecer a segurança esperada. “Atitudes que fazem com que o cônjuge sinta-se seguro evitam possíveis transtornos emocionais, sexuais e afetivos durante a relação”, destaca Clayton.

Carmen acredita que essa conexão amorosa pode ajudar a pessoa ofendida a suportar melhor esse momento de vulnerabilidade e recuperar seu equilíbrio. “Quando o cônjuge oferece um continente emocional o impacto psicológico é minimizado”, conclui a psicóloga.