A relação conjugal com um dos cônjuges passando pelo transtorno de ansiedade necessita do equilíbrio funcional.
A relação conjugal com um dos cônjuges passando pelo transtorno de ansiedade necessita do equilíbrio funcional.| Foto: Bigstock

Uma relação conjugal deve ter harmonia. Para ser funcional, o casal precisa dialogar nos momentos estáveis para estar fortalecido nos momentos de crise. Afinal, ao longo do tempo a família vai atravessar crises, que são naturais pelo ciclo evolutivo da vida.

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E quando há impactos de transtornos mentais eles interferem diretamente no bem estar e no dia a dia do casal. Daí a necessidade de diálogo, autoconhecimento, parceria e, sobretudo, conhecimento das características e sintomas do transtorno para melhor auxiliar o outro. “Conhecer a si mesmo e o parceiro, tanto saudável, como acometido de uma crise de ansiedade, pode favorecer para que o relacionamento não sofra maiores impactos e não perca seu equilíbrio”, acredita Maria Silvia Todeschi de Sousa, psicóloga de Família e Casais.

Transtorno de ansiedade

A ansiedade e a sensação de preocupação e de nervosismo são situações naturais do ser humano, quando, de maneira geral, é posto numa situação que representa um perigo real, como forma de preservar a sua própria segurança.

Porém, quando a sensação de preocupação e desconforto acontece em momentos indevidos, que não representam ameaça ou perigo de fato, com frequência intensa, interferindo a ponto de dificultar a funcionalidade das atividades cotidianas, pode se configurar a um transtorno de ansiedade,

“É fundamental pensar que, para o transtorno de ansiedade, e de maneira geral todos os transtornos psiquiátricos, se manifestar e possibilitar um diagnóstico, deve-se levar em consideração a existência de uma base genética. Ou seja, uma inscrição no DNA que promove uma predisposição para pessoa manifestar os sintomas do transtorno”, explica a psicóloga.

Além da base genética, há situações ambientais que, somadas à predisposição, configuram um diagnóstico de transtorno de ansiedade, ou tornam-se gatilhos para colocar de fato a pessoa em condição de sofrimento.

Dentro do critério de diagnóstico dos transtornos de ansiedade, do ponto de vista clínico, sintomatológico e de funcionamento das características, existem vários tipos de transtornos específicos: o transtorno de ansiedade generalizado, o transtorno de ansiedade pós-traumático, a síndrome do pânico, o transtorno obsessivo compulsivo ou os transtornos fóbicos específicos, por exemplo.

“O transtorno de ansiedade generalizada, por exemplo, é um subtipo dentro do transtorno de ansiedade, que corresponde a uma ansiedade persistente que acontece em situações comuns. É uma preocupação desproporcional a circunstâncias reais, existindo uma dificuldade muito grande do controle do paciente”, explica Maria Silvia.

Estabelecido um diagnóstico de transtorno de ansiedade, é fundamental que a pessoa busque tratamento. Isso porque, as preocupações, angústias e desconfortos podem ser potencializados em um nível extremamente desconfortável, levando a sintomas físicos, como falta de ar, tontura, alteração dos batimentos cardíacos, sudorese e tremor.

Como o cônjuge pode auxiliar?

O diagnóstico de um transtorno de ansiedade causa impacto não só na vida individual do paciente, mas nas relações das pessoas próximas e, obviamente, no cônjuge, aquele com quem tem a convivência mais próxima.

“Quando há excesso de preocupação, existe a distorção das possibilidades reais de ameaça e as preocupações desproporcionais impactam na vida cotidiana do paciente e do cônjuge, complicando a interação e convivência do paciente em crise de um transtorno de ansiedade”, explica a psicóloga.

Portanto, a relação conjugal, nesses casos, necessita do equilíbrio funcional, por meio de uma comunicação de qualidade e com escuta empática. É que muitas vezes o paciente com crise de ansiedade generalizada, por exemplo, não consegue expressar claramente o que lhe preocupa, deixando de sinalizar as angústias.

O cônjuge pode encorajar o outro para a superação dos medos e preocupações, sempre com paciência e resiliência familiar, para favorecer os momentos de enfrentamento da crise. Porém, acrescido ao apoio do familiar, em muitos momentos se faz necessária a psicoterapia para auxiliar o paciente na comunicação como um caminho de minimizar os conflitos e atritos, buscando evitar o comprometimento e o risco dos danos emocionais, afetivos e relacionais.

Olhar com amorosidade para o cônjuge, não julgar e não debochar diante das fragilidades desencadeadas pelo transtorno também podem ser estratégias de apoio e de suporte. “Muitas vezes o acompanhamento ao tratamento psicológico e psiquiátrico do cônjuge favorece na melhora da relação, dando suporte e sentido de pertencimento, acolhimento e apoio”, acrescenta Maria Silvia.

Além disso, a psicoterapia de orientação familiar também é uma opção para evitar o sofrimento do cônjuge do paciente, pois, dependendo dos sintomas, como uma fobia social, há o impacto direto nas pessoas da família.

Um casal fortalecido na sua relação a partir do respeito e do diálogo enfrenta crises com mais facilidade diante de transtornos mentais ou qualquer outra dificuldades em seu ciclo de vida conjugal.

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