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Não foram dias, nem horas e talvez nem minutos de diferença. Os australianos Norma June Platell, de 90 anos, e Francis Ernest Platell, de 92, morreram de mãos dadas, quase que no mesmo instante, no início de janeiro. Amanda Platell, filha do casal e jornalista do Daily Mail, conta que a maneira como os pais partiram foi o reflexo de como viveram a vida toda: sempre juntos.

Norma já sofria há algum tempo com o Alzheimer e há três anos os médicos haviam dito que do Natal de 2018 ela não passaria. A evolução da doença também fez com que no ano passado ela perdesse a capacidade de falar. Francis até tentou cuidar da esposa em casa, mas mesmo com a ajuda de cuidadores, isso se tornou inviável para ele. Eram muitas as exigências com alimentação, banhos e segurança.

Foi preciso então que Norma fosse para uma casa de repouso. “Mesmo quando se tornou demais para ele e mamãe se mudou, você podia ver que um pedaço dele havia morrido”, conta Amanda, em sua despedida aos pais publicada no Daily Mail. Francis decidiu que iria passar os dias com ela na casa e à noite iria embora. O casal assistia programas na televisão, jantavam juntos e estavam sempre de mãos dadas. Vez ou outra Norma dormia no ombro de Francis, em um gesto de segurança e amor.

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Mas veio o tempo em que Francis também ficou mais fraco e após uma série de quedas em casa e pequenos derrames, ele que morava sozinho, também foi para a casa de repouso. E foi para a mesma onde sua amada esposa estava: a Mercy Care, uma espécie de lar católico destinada ao cuidado de idosos. “Papai estava muito feliz por estar com mamãe o tempo todo, em seu próprio quarto, as camas lado a lado”, lembra Amanda.

Vez ou outra Francis sentia falta da independência que tinha no apartamento onde viveu com Norma por sete anos, desde que se mudaram da casa onde haviam criado os filhos. Amanda explica que logo após esse sentimento aparece, o pai reconsiderava e lembrava que seu lar era qualquer lugar onde Norma estivesse.

Os últimos dias do casal mostraram o quanto esse sentimento de pertencimento um ao outro era forte. Eles faziam morada um no coração do outro, de fato. Acontece que Francis caiu no banho, poucas semanas antes do Natal e quebrou o quadril. Foi para o hospital. Naquele mesmo dia, Norma, que apesar do Alzheimer ainda caminhava, caiu de cama e de lá não saiu mais.

Quando Francis voltou do hospital com dores e confuso pelo medicamento, Norma o observava e cuidava de cada movimento. “Se ele não comia, ela também não comia. Se não tomava água, ela também não”, explicou Amanda. Ela estava imitando o comportamento dele. E assim permaneceu até a noite de 6 de janeiro.

Naquela noite Norma passou a respirar de forma incomum e Francis estava mais inquieto que o normal. Quando a enfermeira voltou 10 minutos depois para verificar a medicação, os dois haviam morrido, de mãos dadas e juntos, como sempre estiveram. Nem mesmo o médico conseguiu dizer quem morreu primeiro e então as duas certidões saíram com o mesmo horário de óbito.

 

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