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Aos 68 anos, Eloir Vidal embarcou numa aventura tradicionalmente taxada como coisa de jovens. Matriculou-se num curso de inglês e foi fazer intercâmbio. Mas o motivo nada tinha a ver com planos para o futuro profissional, mas sim relação com um passado cheio de saudades. Eloir queria visitar os locais onde esteve com a esposa anos antes e reviver preciosas memórias. Sua amada Maria Johanna faleceu há poucos meses.

Imigrante holandesa, Maria Johanna foi a fiel companheira de Eloir durante 42 anos de casamento e quando ela se foi o choque foi grande. “Após 107 dias do primeiro exame ela veio a óbito, por causa de um câncer agressivo. Eu perdi o chão. Então pensei: preciso me ocupar. E a primeira coisa que fiz foi me matricular em uma escola de inglês”, conta ele.

Idosos sentados em banco Eloir e Maria Johana em uma de suas viagens à Holanda, em 2013 (foto: arquivo pessoal).

Durante o período em que fez dois cursos intensivos na Cultura Inglesa de Curitiba, Eloir começou a ouvir dos colegas de turma sobre intercâmbio e começou a procurar por agências também.  Ele optou por um período em Malta, mas colocou etapas extras em seu roteiro:  Holanda e Alemanha, dois destinos para os quais havia viajado com Maria Johanna alguns anos antes.

A experiência foi interessante, conta Eloir, e a impressão de que poderia encontra-la em qualquer virada de esquina era constante. “Tinha a sensação nítida da presença dela naquelas ruas da Holanda, onde ela cresceu. Juntos estivemos ali duas vezes e teríamos vindo a terceira, se ela não tivesse adoecido semanas antes da viagem”, lembra.

Apesar disso, Eloir diz que a viagem lhe tornou capaz, finalmente, de falar com mais facilidade sobre o perda da esposa e lhe ensinou a conviver melhor com a ausência.

 

As idas e vindas de Maria

A holandesa Maria Johanna conheceu Eloir numa de suas muitas idas e vindas do Brasil. Aos dois anos de idade ela veio para o país com mãe, pai e oito irmãos, e ficaram no Rio de Janeiro. Com dificuldades de adaptação por conta do clima, voltou para a Holanda com a mãe e irmãos pouco tempo depois. O pai ficou e foi para o sul, onde tinha um irmão já instalado. Então, quatro anos mais tarde, Maria Johanna desembarcava novamente em terras brasileiras, mais especificamente em Santos, São Paulo, e de trem chegou até a Lapa, no Paraná, com toda a família que se uniria ao pai.

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Durante a adolescência Maria Johanna estudou com as irmãs de Eloir, que também era de uma família com oito irmãos, e por meio desse contato se conheceram. Encantaram-se um com o outro, conta o próprio Eloir, e tornaram-se amigos, mas ela teve de voltar à Holanda mais uma vez. Passaram, então, a se corresponder por cartas, até que, por questões de saúde, um médico recomendou à Maria Johanna que voltasse a viver num lugar com clima tropical. Ao completar 21 anos ela retornou ao Brasil, reencontrou Eloir na mesma cidade de antes, namoraram, casaram e foram morar em Curitiba. Na capital paranaense viveram 42 anos até a partida dela, há cerca de um ano.

 

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