Papa abençoando casal de noivos (foto: L'Osservatore Romano)
Papa abençoando casal de noivos (foto: L'Osservatore Romano)| Foto:

“Se uma pessoa é gay e procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para a julgar?”: a frase, dita pelo papa Francisco poucos meses depois de sua eleição, ficou famosa.  De fato, o pontífice tem se esforçado bastante para tornar cada vez mais compreensível aquilo que o Catecismo da Igreja Católica, publicado em 1992, já dizia: “Os homens e mulheres que apresentam tendência homossexuais profundamente radicadas devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Deve-se evitar, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta”.

No entanto, ao mesmo tempo, e com menos destaque da grande mídia, Francisco tem sido um grande opositor da teoria de gênero – também chamada de “ideologia de gênero” por seus críticos -, que ele costuma chamar de “colonização ideológica”, e do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Como seus predecessores, ele tem alertado a sociedade e a Igreja contra o perigo de negar a riqueza da complementaridade entre homem e mulher e criar a partir do zero a própria identidade sexual. O Sempre Família selecionou quatorze ocasiões em que o papa falou sobre esses assuntos em seus três anos e meio de pontificado. Confira:

 

  1. Teoria de gênero: a remoção da diferença sexual é o problema, não a solução

Pergunto-me se a chamada teoria de gênero não é também expressão de uma frustração e resignação, que visa cancelar a diferença sexual porque já não sabe confrontar-se com ela. Sim, corremos o risco de dar um passo atrás. Com efeito, a remoção da diferença é o problema, não a solução. Ao contrário, para resolver as suas problemáticas de relação, o homem e a mulher devem falar mais entre si, ouvir-se e conhecer-se mais, amar-se mais. Devem tratar-se com respeito e cooperar com amizade.

(Audiência Geral, 15 de abril de 2015)

 

  1. Homem e mulher, juntos, são imagem de Deus

A imagem de Deus é o casal no matrimônio: o homem e a mulher; não só o homem, não somente a mulher, mas os dois juntos. Esta é a imagem de Deus: o amor, a aliança de Deus conosco está representada na aliança entre o homem e a mulher. Isto é muito bonito! Somos criados para amar, como reflexo de Deus e do seu amor. Na união conjugal o homem e a mulher realizam esta vocação no sinal da reciprocidade e da comunhão de vida plena e definitiva.

(Audiência geral, 2 de abril de 2014)

 

  1. A teoria de gênero é contra a natureza

Contava-me um pai francês que, à mesa, estavam a falar com os filhos – ele católico, a esposa católica, os filhos católicos, descomprometidos mas católicos – e perguntou ao filho de dez anos: “E você, o que quer ser quando crescer?” – “Menina”, respondeu ele. E então o pai deu-se conta de que, nos livros escolares, se ensinava a teoria de gênero. Ora isto é contra as coisas naturais. Uma coisa é que a pessoa tenha esta tendência, esta opção, e há também aqueles que mudam de sexo; e outra coisa é ministrar o ensino nas escolas nesta linha, para mudar a mentalidade. A isto chamo-lhe “colonizações ideológicas”.

(Conferência de imprensa no voo de Baku a Roma, 2 de outubro de 2016)

 

  1. Aceitar o próprio corpo na sua feminilidade ou masculinidade

É necessário ter apreço pelo próprio corpo na sua feminilidade ou masculinidade, para se poder reconhecer a si mesmo no encontro com o outro que é diferente. Assim, é possível aceitar com alegria o dom específico do outro ou da outra, obra de Deus criador, e enriquecer-se mutuamente. Portanto, não é salutar um comportamento que pretenda cancelar a diferença sexual, porque já não sabe confrontar-se com ela.

(Carta encíclica Laudato Si’, n. 155, 24 de maio de 2015)

 

  1. O homem é todo para a mulher e a mulher é toda para o homem

A desvalorização social da aliança estável e generativa do homem e da mulher é sem dúvida uma perda para todos. Devemos restituir a honra ao matrimônio e à família! A Bíblia diz algo muito bonito: o homem encontra a mulher; eles encontram-se e o homem deve deixar algo para a encontrar plenamente. Por isso, o homem deixará o seu pai e a sua mãe para ir ao encontro da mulher. É bonito! Isto significa começar a percorrer um novo caminho. O homem é todo para a mulher, e a mulher é inteiramente para o homem.

(Audiência Geral, 22 de abril de 2015)

 

  1. Deus criou o mundo assim e nós fazemos o contrário

Na Europa, nos Estados Unidos, na América Latina, na África, em alguns países da Ásia, existem verdadeiras colonizações ideológicas. E uma delas – chamo-a claramente por nome e sobrenome – é o gênero! Hoje às crianças – às crianças! –, na escola, ensina-se isto: o sexo, cada um pode escolhê-lo. E porque ensinam isto? Porque os livros são os das pessoas e instituições que te dão dinheiro. São as colonizações ideológicas, apoiadas mesmo por países muito influentes. E isto é terrível. Em conversa com o Papa Bento – que está bem e tem um pensamento claro – dizia-me ele: “Santidade, esta é a época do pecado contra Deus Criador”. É inteligente! Deus criou o homem e a mulher; Deus criou o mundo assim, assim e assim; e nós estamos a fazer o contrário.

(Encontros com os bispos poloneses, 27 de julho de 2016)

 

  1. Não há analogias entre as uniões homossexuais e o matrimônio e a família

Quanto aos projetos de equiparação ao matrimônio das uniões entre pessoas homossexuais, não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família. É inaceitável que as Igrejas locais sofram pressões nesta matéria e que os organismos internacionais condicionem a ajuda financeira aos países pobres à introdução de leis que instituam o “matrimônio” entre pessoas do mesmo sexo.

(Exortação apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia, n. 251, 19 de março de 2016)

 

  1. O ser humano se realiza na união de amor entre homem e mulher

Deus não criou o ser humano para viver na tristeza ou para estar sozinho, mas para a felicidade, para partilhar o seu caminho com outra pessoa que lhe seja complementar; para viver a experiência maravilhosa do amor, isto é, amar e ser amado; e para ver o seu amor fecundo nos filhos. […] Tal é o sonho de Deus para a sua querida criatura: Ele a vê realizada na união de amor entre homem e mulher; feliz no caminho comum, fecunda na doação recíproca.

(Homilia na abertura da XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, 4 de outubro de 2015)

 

  1. É preciso avaliar as uniões civis, mas o casamento é entre um homem e uma mulher

O matrimônio é entre um homem e uma mulher. Os Estados laicos querem justificar as uniões civis para regular diversas situações de convivência, impulsionados pela exigência de regular aspectos econômicos entre as pessoas, como por exemplo assegurar a assistência de saúde. Trata-se de pactos de convivência de várias naturezas, dos quais eu não saberia elencar as diversas formas. É preciso ver os diversos casos e avaliá-los na sua variedade.

(Entrevista ao jornal Corriere della Sera, 14 de março de 2014)

 

  1. Não pode haver confusão entre a família e qualquer outro tipo de união

No percurso sinodal sobre o tema da família, que o Senhor nos concedeu realizar nos dois últimos anos, pudemos realizar, em espírito e estilo de efetiva colegialidade, um aprofundado discernimento sapiencial, graças ao qual a Igreja — entre outras coisas — indicou ao mundo que não pode haver confusão entre a família querida por Deus e qualquer outro tipo de união.

(Discurso por ocasião da inauguração do ano judiciário do Tribunal da Rota Romana, 22 de janeiro de 2016)

 

  1. Teoria de gênero, erro da mente humana

A crise da família é uma realidade social. Há as colonizações ideológicas das famílias, modalidades e propostas que estão na Europa e provêm também de além-mar. E ainda o erro da mente humana que é a teoria de gênero, que cria muita confusão. Assim a família está sob ataque.

(Encontro com os jovens em Nápoles, 21 de março de 2015)

 

  1. Uma guerra mundial para destruir o casamento

Um grande inimigo atual do casamento é a teoria de gênero. Hoje está em ato uma guerra mundial para destruir o casamento. Hoje existem colonizações ideológicas que o destroem, não com as armas, mas com as ideias. Por isso, é preciso defender-se das colonizações ideológicas.

(Discurso no encontro com sacerdotes, religiosos, religiosas, seminaristas e agentes de pastoral, Tbilisi, 1º de outubro de 2016)

 

  1. A colonização ideológica visa a alterar a mentalidade de um povo

Quanto à colonização ideológica, direi apenas um exemplo que eu mesmo constatei. Vinte anos atrás, em 1995, uma ministra da educação pedira um grande empréstimo para construir escolas para os pobres. Deram-lhe o empréstimo com a condição de que, nas escolas, houvesse um livro para as crianças de certo grau de escolaridade. Era um livro escolar, um livro didaticamente bem preparado, onde se ensinava a teoria de gênero. […] Esta é a colonização ideológica: invadem um povo com uma ideia que não tem nada a ver com o povo: com grupos do povo, sim; mas não com o povo. E colonizam o povo com uma ideia que altera ou quer alterar uma mentalidade ou uma estrutura.

(Conferência de imprensa no voo de Manila a Roma, 19 de janeiro de 2015)

 

14. Não podemos nos conhecer a fundo sem compreender a diferença sexual 

O reconhecimento da dignidade do homem e da mulher comporta uma justa valorização de sua relação recíproca. Como podemos conhecer a fundo a humanidade concreta de que somos feitos sem a aprender através dessa diferença? E isso acontece quando o homem e a mulher se falam e se perguntam, se amam e agem juntos, com respeito e benevolência recíprocos. É impossível negar a contribuição da cultura moderna à redescoberta da dignidade da diferença sexual. Por isso, é também muito desconcertante constatar que agora essa cultura surja como que bloqueada por uma tendência a eliminar a diferença, em vez de resolver os problemas que a afligem.

(Discurso à comunidade acadêmica do Pontifício Instituto João Paulo II para estudos sobre matrimônio e família, 27 de outubro de 2016)

 

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