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Super atentas a tudo que acontece ao seu redor, as crianças são muito prejudicadas quando presenciam brigas e desentendimentos em casa. Isso porque elas aprendem o que vivem, ou seja, absorvem o exemplo como uma verdade e, em muitos casos, repetem na vida adulta o comportamento agressivo e hostil que presenciaram na infância.

“Quando as crianças observam brigas em casa, acabam incorporando que o ambiente familiar é na verdade uma ‘arena’ e que o normal entre seus pais é estarem sempre duelando. Mas o ideal seria ela absorver o conceito de que a casa é um lar, um lugar tranquilo, alegre e feliz para se estar”, conta o pediatra Mario Novais, diretor do Hospital Daniel Lipp.

Para a psicóloga e psicoterapeuta Andreia Calçada, conflitos são normais, mas, se os pais não gerenciam bem, brigam com frequência e intensidade, ensinam aos filhos exatamente o modelo de que conflitos são resolvidos com agressividade, gritos, falta de comunicação etc. Segundo os especialistas há algumas consequências graves desse tipo de atitude como:

  • As crianças tendem a copiar, mesmo inconscientemente, o comportamento dos pais.
  • Fica um sentimento grande de insegurança e, muitas vezes, as crianças se culpam, achando que elas mesmas são a causa das brigas.
  • Quando as crianças já são um pouco maiores, as brigas provocam a sensação de futura perda, pois elas concluem que as brigas vão separar o casal e elas vão deixar de ter um pai e uma mãe.
  • Há uma reprodução do clima de briga na vida adulta ou mesmo agressão da criança com outras crianças.
  • Medos que podem gerar problemas de sono, alimentares, de aprendizagem.

Ainda assim é importante que em casa todos entendam que divergências sempre vão acontecer e dificilmente haverá concordância em todos os casos. Se o respeito e a cordialidade forem mantidos, certamente os filhos entenderão isso. Mas, no caso de uma discussão mais pesada ou calorosa, o ideal é que os pais conversem com o filho. “Minha orientação é chamar a criança para conversar e explicar que existe a diferença de opinião entre o papai e a mamãe, que os dois exageraram um pouco, mas que todos se amam dentro da família”, completa Lipp.

Evitando conflitos

Para Andreia Calçada, é importante que o casal cuide da relação, modifique seus comportamentos, arranjando formas mais saudáveis de resolver seus conflitos. “Se não conseguirem sozinhos, que busquem ajuda”, orienta Andreia, que ressalta a necessidade de o casal ter clareza do que gera os conflitos e uma percepção de sentimentos e pensamentos para que o diálogo seja mais adequado no sentido de que ambos possam ouvir e serem ouvidos. E que isso seja feito fora dos momentos de crise.

Ainda assim vale a máxima de que as discussões em casa deveriam sempre ser longe das crianças, na hora em que estão na escola ou dormindo e essas discussões sejam em clima discreto e com respeito recíproco. “Se o casal entender que não existe vencedor e que a melhor solução sempre será um acordo entre as partes e que divergências são saudáveis, tudo ficará mais fácil”, finaliza Lipp.

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