Foto: Arquivo pessoal/Nara Couto
Foto: Arquivo pessoal/Nara Couto| Foto:

Apaixonada pela família e disposta a ajudar a neta a cuidar do novo bebê, a aposentada Jucinea Araujo de Castro, de 77 anos, viajou mais de 560 quilômetros para acompanhar os primeiros dias de vida do bisneto em Teresina, no Piauí. No entanto, jamais imaginou que o pequeno Oto nasceria em casa de maneira improvisada, que ela seria a responsável pelo parto e ainda precisaria salvar a criança. “Eu estava dormindo quando minha neta me chamou de madrugada”, recorda a idosa, que nunca esquecerá os momentos vividos na última segunda-feira (14).

Foto: Arquivo pessoal/Nara Couto Foto: Arquivo pessoal/Nara Couto

O relógio marcava quase 4h30 quando a advogada Nara Leticia Couto, de 29 anos, começou a sentir uma cólica diferente e uma forte pressão no útero. “Não tive contrações ou bolsa rompida, então pedi ajuda à minha avó para ver se estava tudo bem”, relata a mãe, que se assustou com o “diagnóstico” apresentado pela mulher. “Ela disse que o neném estava nascendo, então fiquei com medo porque sabia que poderia ocorrer alguma complicação”.

Só que Jucinea – chamada carinhosamente de dona Neinha – a tranquilizou e, mesmo sem nunca ter realizado um parto, transmitiu segurança à gestante e recebeu o bebê em seus braços. “Foi aí que percebi que ele estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço, e vi que precisava socorrê-lo imediatamente”, recorda a aposentada, que atendeu a criança e desatou o “nó”.

 “Foi aí que percebi que ele estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço, e vi que precisava socorrê-lo imediatamente”, recorda a bisavó.

De acordo com ela, os 20 anos em que atuou como diretora administrativa de um hospital no município de São Raimundo Nonato, interior do Piauí, a ajudaram a manter a calma e agir corajosamente naquele momento. “Assisti a alguns partos no meu trabalho e sabia como era o procedimento, mas não pensava que ia colocar em prática algum dia”, conta. “Depois que tirei o cordão do pescoço, foi só mexer no narizinho do Oto que ele já começou a chorar, saudável”.

A equipe médica chegou à residência alguns minutos depois que o menino nasceu, prestou atendimento para confirmar que ele e a mãe estavam bem e os levou à Maternidade Santa Fé para realização de exames. “Ficamos em observação por 24 horas e fomos liberados”, comemora a mãe Nara, que deu à luz ao bebê de 3,490 kg e 49 centímetros em aproximadamente cinco minutos e sem sentir dor.

Caso raro

Foto: Arquivo pessoal/Nara Couto Foto: Arquivo pessoal/Nara Couto

Segundo o médico obstetra Marcelo Rodrigues, da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Paraná, a maneira que o parto da advogada piauiense ocorreu é incomum e o bebê estaria em risco se a bisavó não soubesse como atendê-lo. “Além de a mãe não ter sentido contrações uterinas mais fortes, perda de líquido ou sangramento para saber que era hora de ir ao hospital, a criança ainda nasceu com o que chamamos de circular de cordão”, explica o médico.

Esse fator não é uma contraindicação para a realização do parto normal e ocorre em cerca de 25% dos nascimentos, mas, de acordo com o especialista, necessita de atendimento rápido e correto para evitar o estrangulamento do recém-nascido. “Nesse caso tivemos um desfecho favorável, mas as pacientes precisam sempre estar alerta aos sinais do trabalho de parto para chegar ao hospital rapidamente e receber atendimento de profissionais”.

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Como Nara não teve sinais comuns de um parto, a bisavó ficou muito emocionada ao saber que agiu adequadamente e tudo terminou bem. “Comecei a chorar muito depois que percebi o que tinha acontecido. Graças a Deus tive coragem para fazer o que precisava e deu tudo certo”, disse. Agora, além de ter o nome do bisavô – que faleceu há 22 anos – “nosso Oto também vai saber que nasceu nos braços da bisa”.

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