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Terminei o último post contando que ao chegar na maternidade e o médico plantonista ao me examinar, por volta das 6:30 da manhã, e ver que estava com apenas 4 cm de dilatação disse que eu deveria voltar para casa pois meu trabalho de parto ainda iria demorar muito, pois o bebê nasceria provavelmente somente no final da tarde.

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Aí começaram as semelhanças da minha primeira experiência quando fui dar à luz ao meu filho mais velho. Também cheguei à maternidade com 4 de dilatação mas as dores não tinham a menor comparação com as que estava sentindo dessa vez. Para se ter uma ideia, há dois anos atrás fui para maternidade dirigindo, dessa vez entrei no centro obstétrico numa cadeira de rodas. Quando o médico me disse que estava com apenas 4 cm, foi como se me desse um balde de água fria, pois jurava que já estava pra nascer. O pior de tudo foi pensar que se estava sofrendo tanto  com aquela dor, eu não aguentaria chegar à dilatação total e muito menos aguentar o expulsivo. Mas tudo isso passou na minha cabeça em questão de segundos. Ao final, olhei para minha doula e meu marido e disse que não voltaria para casa, pois já estava quase na hora do meu filho acordar e eu não conseguiria suportar estas dores na frente dele. O médico me disse que eu não tinha nenhum indicativo para cesárea e sendo assim não poderia ser internada, foi quando pedi para ele fazer qualquer coisa para me internar senão ficaria em trabalho de parto na sala de espera do hospital. Não sei o que ele fez, mas saiu e voltou com uma guia de internamento. Entretanto não haviam quartos disponíveis e acabei ficando na sala de espera mesmo. Enquanto meu marido discutia com o hospital, minha doula controlava minhas contrações e tentava aliviá-las com massagem. Eu ficava sentada, de quatro apoios num sofá, me apoiava nela para andar, mas eu só sentia uma mistura de vontade de ficar deitada, de fazer força, de ficar de cócoras… E assim foi: entre andar um pouco nos corredores do hospital, ir ao banheiro (no de vistas mesmo), tentar pular numa bola (que agora me peguei pensando de onde minha doula tirou aquela bola na sala de espera) … Já não sabia mais o intervalo entre uma contração e outra, mas parecia que se emendavam, cada vez mais forte, até que em uma delas, abracei minha doula e pedi por cesárea… pois é, estava desistindo pela dor. Foi o momento que me senti a pessoa mais fraca do mundo. Lembrei de todas as dores que já passei na vida e não acreditava que não conseguiria chegar a dar à luz. Minha doula, com todo jeitinho disse que respeitaria minha vontade mas que esperássemos minha médica chegar. Assim que ela chegou, me abraçou e pedi para que me levasse para cesárea pois não estava aguentando mais, ela me abraçou novamente e disse: Rafa, você QUER um parto normal e você vai CONSEGUIR um parto normal! Até agora você tem tudo para conseguir, confie em nós!

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Mas ajudou bastante ao bebê. Meu marido subiu e me abraçou para me apoiar. Esse carinho foi fundamental! É como se o amor que nos une e gerou essa vida, agora me daria força para trazer nossa filha ao mundo.

Respirei fundo e olhei pra cima, e para minha surpresa, na parede atrás da cama que eu estava tinha um crucifixo, quando o vi pensei no que o Amor foi capaz… fechei os olhos, respirei fundo e quando senti a contração fiz uma única força e a bebê saiu! Era meio dia! Quando vi a cabecinha foi uma emoção tão grande que queria fazer mais força para ela sair logo, entretanto a médica foi me orientado para não haver laceração. É impossível não chorar ao lembrar desse momento… ela terminou de sair de mim e venho direto para meu colo. Toda equipe nos assessorando, meu marido foi convidado a cortar o cordão umbilical no momento certo e ela já pôde mamar.

Nesse momento aprendi a verdadeira transformação da dor em amor! Agora faltam palavras para descrever este momento.

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Esperamos mais um pouquinho e ela foi levada para os procedimentos pediátricos (pesar, medir, tomar a primeira vacina, tomar banho…) e fui para uma sala de observação, ali o único pensamento que vinha na cabeça era: eu consegui um VBAC!

Vou deixar para contar no próximo post como foi o pós parto e minha recuperação. Mas queria deixar mais uma vez claro que esta sucessão de posts contando meu relato é direcionado principalmente para mulheres que sonham em ter um parto vaginal e especialmente àquelas que já passaram por um cesárea e não perderam a esperança de tentar mais uma vez. E o verbo é esse mesmo: tentar! Porque a forma de trazer um bebê ao mundo sempre tem que ser uma escolha embasada na segurança e acompanhada por profissionais competentes. É isso! Até a próxima 😉