Se uma família mora na Califórnia e pretende educar seus filhos a partir da própria casa, não encontra impedimento algum, uma vez que o governo deste estado americano exige apenas que esta opção seja registrada, e nada mais. Atualmente estima-se em 15.000 o número de famílias californianas praticantes do homeschooling.
Recentemente um projeto de alteração da legislação sugerido por José Medina, que ata como representante, o equivalente a um deputado no Brasil, pretendia incluir uma verificação anual sobre riscos de incêndio nas casas das famílias educadoras, e a obrigação de que no momento do registro, fossem catalogados nomes e endereços para consulta pública de todos os praticantes de homeschooling, nos mesmos moldes do que é previsto para escolas públicas e privadas. Após um recuo, manteve somente a segunda exigência.
Em abril deste ano a ação foi pautada no Capitólio, sede da Assembléia Legislativa local, mas nem chegou a ser votada já que era necessário que ao menos um dos demais representantes apoiasse a demanda e solicitasse a realização da votação, fato que não ocorreu. Não houve apoio e o projeto foi arquivado.
O interessante é observar as circunstâncias em que isso tudo aconteceu. Houve grande movimentação e articulação das famílias educadoras, exercendo pressão sobre os políticos antes e também no dia da decisão, quando então a sede da Assembléia foi tomada por grande número de pessoas contrárias ao projeto, vindas de todas as partes do estado.
Ordeiramente e junto às paredes dos corredores do prédio foram formadas filas compostas por família inteiras, que levaram até carrinhos de bebês. Quando a sessão foi iniciada, cada um subiu até o plenário e manifestou verbalmente sua posição contrária. Foram cerca de mil manifestações, o que estendeu a reunião por mais de três horas. Por força de toda esta movimentação, outro projeto foi retirado de pauta pelo autor, que pretendia instituir um comitê consultivo para atuar junto ao Conselho Estadual de Educação em assuntos relacionados ao homeschooling.
Os manifestantes afirmaram que a imposição de um cadastro público detalhado com dados pessoais e endereços abriria a possibilidade de abordagem indevida por parte de pessoas contrárias ou mal intencionadas, colocando em risco a segurança das crianças.
Para as famílias educadoras da Califórnia não há motivos que justifiquem a adoção de novas exigências e por isso temem que uma porta seja aberta para uma interferência governamental que altere as condições atuais.
