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Uma entrevista do pré-candidato republicano à presidência dos Estados Unidos deu o que falar nas redes sociais. Ben Carson, o ex-neurocirurgião pediátrico, que foi um dos últimos a entrar na corrida pela vaga republicana, afirmou enfaticamente que se opõe ao aborto, em todos os casos, e comparou a prática àquilo que ocorria na escravidão.

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“Não serei a favor de matar um bebê porque foi concebido de uma ou outra maneira”, disse o Carson, que fez depois a seguinte analogia. “Durante a escravidão, muitos donos de escravos pensaram que tinham o direito de fazer o que quisessem com esses escravos. O que teria acontecido com os abolicionistas se tivessem dito: ‘eu não acredito na escravidão, acho que é errado, mas os senhores façam o que quiserem’. Onde estaríamos?”, afirmou Carson, único aspirante negro à Casa Branca nestas eleições.

Não é bem uma novidade que alguém ligado ao Partido Republicano se oponha ao assassinato de bebês em gestação, mas a fala de Carson é relevante por dois motivos. Primeiro porque poucas semanas depois de entrar na disputa ele já é um fenômeno nas pesquisas. Algumas já o indicam à frente do até então líder, Donald Trump, um magnata irreverente e sem noção que parece comprometido apenas em emplacar frases polêmicas em manchetes de jornal. Não contem com Trump para apoiar pautas pró-vida e pró-família, embora ele o faça se levar vantagem de algum modo.

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A principal razão para se ficar esperançoso, contudo, é que Carson, nos Estados Unidos, é visto como um exemplo de profissional e ser humano a se tomar como modelo. Uma pesquisa do instituto Gallup, de 2014, o colocou na sexta posição entre os homens mais admirados do mundo. Ele fez muito para merecer essa reputação, mas entrou para a história mesmo em 1987, quando, pela primeira vez na história, realizou uma cirurgia para separar gêmeos siameses unidos pela cabeça. O procedimento levou cinco meses de planejamento, 50 horas na execução e envolveu 70 profissionais, incluindo médicos, enfermeiros e técnicos. Desde então ele foi premiado com mais de 60 doutoramentos ‘honoris causa’ e coleciona dezenas de citações nacionais de mérito.

O que temos, portanto, é um herói nacional, negro, com grandes chances de se eleger presidente dos Estados Unidos, opondo-se com firmeza e honestidade ao aborto legalizado.

Um último comentário sobre a comparação entre aborto e escravidão feita por Carson. Sou capaz de apostar que ele teve algum contato com um dos grupos pró-vida mais dinâmicos dos Estados Unidos, o Abolish Human Abortion. O Blog da Vida já falou deles! Trata-se de uma organização que trabalha toda sua argumentação justamente na cruel semelhança entre uma decisão da Suprema Corte dos EUA, de 1857, quando foi definido que os escravos negros eram pessoas sem direitos civis, e a decisão de 1973, na qual fica determinado que os embriões ou bebês não tem proteção legal enquanto estiverem no útero da mãe.

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Essa também não é a primeira vez que Ben Carson ganha destaque por se opor ao aborto. No ano passado, por ocasião da Marcha pela Vida de Washington, ele publicou um emocionante artigo tratando do tema. O Felipe Moura Brasil, da Veja, traduziu. Leia aqui.

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