Conheça Ignatius Spencer, o parente da Princesa Diana que pode ser proclamado santo
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A trágica morte de Diana, a Princesa de Gales, completa 20 anos nesta semana. A ex-mulher do Príncipe Charles, herdeiro do trono inglês, ficou conhecida por sua proximidade a causas de defesa de pessoas vulneráveis. Mas em sua família há uma figura que realmente tem um processo de beatificação aberto: o padre Ignatius Spencer, tio-tataravô de Lady Di.

George Spencer nasceu em 1799 em Londres. Na juventude, acabou seguindo o caminho habitual de um filho mais novo de uma família da aristocracia inglesa: tornar-se um padre da Igreja da Inglaterra. Sua ordenação se deu em 1822, quando ele tinha 25 anos. Logo em seguida, ele se tornou pároco de Brington, onde era totalmente devotado ao seu ministério: visitava os paroquianos, sobretudo os enfermos, e ofertava alimentos, vestimentas e dinheiro aos pobres.

Ignatius Spencer Ignatius Spencer

Nesse período, ele buscou conhecer as diversas correntes dentro do anglicanismo, desde as mais tradicionais até as evangelicais, emergentes naquela época. Na sua região, tinha contato também com metodistas e anglicanos dissidentes. No mesmo período, Spencer começou a ler os Padres da Igreja, sobretudo João Crisóstomo e Gregório Magno. O contato com esses autores levou-o à aproximação com o catolicismo.

Ele começou a se corresponder com alguns padres católicos e acabou conhecendo Ambrose Phillipps de Lisle, um leigo inglês que havia se tornado católico. Uma série de encontros com De Lisle acabou levando Spencer à renúncia ao seu ofício em Brington e à sua entrada na Igreja Católica, em janeiro de 1830.

Spencer evitou atrair a atenção sobre si e aborrecer a sua família e foi para Roma, onde estudou no Colégio Inglês. Ali ele conheceu o irlandês Nicholas Wiseman, o autor do clássico Fabíola, que mais tarde seria nomeado cardeal. Wiseman iniciou Spencer na tradição católica, em cuja tarefa foi auxiliado pelo padre passionista Dominic Barberi, beatificado por Paulo VI em 1963. Barberi tinha uma grande preocupação pela unidade da fé cristã na Inglaterra e transmitiu isso a Spencer.

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Spencer foi ordenado padre na Igreja Católica em 1832 e logo em seguida retornou à Inglaterra. Em Walsall, onde passou a atuar, ele abriu três escolas, deu aulas de religião e atraiu muitas pessoas ao catolicismo. Sua reputação como pregador começou a crescer e logo ele passou a percorrer a Inglaterra nessa função.

A partir de 1839, um dos temas centrais de sua pregação era, com esse título, “A grande importância de uma reunião entre os católicos e os protestantes da Inglaterra e o método para chegar a isso”. Ele chegou a visitar o beato John Henry Newman em 1840, em Oxford, para falar sobre o assunto e convidá-lo a unir-se a ele em oração pela “unidade na verdade”, mas o então padre anglicano o rechaçou.

John Henry Newman John Henry Newman

Newman, que se tornaria católico cinco anos depois, estava aborrecido com a ação política de católicos no país e não queria unir a sua imagem à deles. Mais tarde, em sua Apologia pro vita sua, Newman se lamentou por ter sido rude com Spencer. Pelo seu esforço em unir católicos e anglicanos em oração pela unidade da Igreja, Spencer é reconhecido hoje como o “apóstolo da oração ecumênica”.

Em 1847, Spencer entrou na Congregação da Paixão, os passionistas, onde tomou o nome de Inácio de São Paulo (Ignatius of Saint Paul). Quem o recebeu foi Barberi, que dois anos antes tinha também recebido Newman na Igreja Católica. Em 1849, com a morte de Barberi, Spencer se tornou provincial da congregação para a Inglaterra e a Bélgica. Ele também foi o responsável por estabelecer na Inglaterra a Sociedade de São Vicente de Paulo, um grupo de leigos atuantes em favor dos pobres nascido na França.

Spencer, que nunca teve uma boa saúde, foi vítima de um ataque cardíaco em 1º de outubro de 1864. Desfalecido, caiu em uma vala e seu corpo só foi achado mais tarde – ele costumava dizer que era precisamente assim que queria morrer. Sua causa de beatificação foi aberta em 1973 e chegou a Roma em 2010.

Agora, aguarda-se que o papa reconheça a heroicidade de suas virtudes, o que lhe daria o título de “venerável” – hoje, ele é “servo de Deus”. Com o reconhecimento de um milagre acontecido por sua intercessão, ele se tornaria beato. Com mais um, o tio-tataratataravô de William e Harry e também tio-avô de Winston Churchill seria proclamado santo.

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