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O Centro Hospitalar Lisboa Central, em Portugal, realizou na última terça-feira (07/06) um feito inédito: a cesárea de um bebê cuja mãe, de 37 anos, estava em morte cerebral desde 20 de fevereiro. Durante as 15 semanas passadas desde que foi declarada morta, devido a uma hemorragia intercerebral, a mulher foi vigiada 24 horas por dia.

De acordo com o jornal português Observador, para a gravidez prosseguir, foi preciso garantir suporte hormonal, nutricional e funcional à mãe. As máquinas asseguraram a respiração artificial, enquanto a alimentação era feita com uma sonda que ia do nariz ao estômago. Existiam riscos. O cérebro não funcionava e, sendo ele “que regula tudo”, qualquer órgão “podia falhar, entrar em colapso”. Era necessário que os hormônios fossem mantidos em doses normais e podiam, ainda, surgir infecções respiratórias. “Houve complicações infecciosas, mas que foram detectadas e tratadas rapidamente, sem repercussões para o feto”, explicou Susana Afonso, especialista de neurocríticos no Hospital de São José.

Depois de 32 semanas de gestação, o bebê, um menino de 2,350 quilos, nasceu sem complicações durante e após o ato cirúrgico e foi encaminhado para a unidade de cuidados intensivos de neonatologia da Maternidade Alfredo da Costa, onde deverá ficar internado pelo menos até às 36 semanas, tal como acontece com outros prematuros.

Quando decidiram prosseguir com a gravidez, fazendo valer a vontade que a mãe tinha expressado, os especialistas do Hospital de São José entraram em contato com o Ministério Público para garantir que este ficaria com a tutela legal do bebê, caso a família se opusesse ao nascimento. No entanto, isso não foi necessário. “Felizmente, todos remaram para o mesmo lado”, sublinha Gonçalo Cordeiro Ferreira, presidente da Comissão de Ética do CHLC. A família acompanhou o processo desde o primeiro momento e foi informada de todas as decisões. Ao mesmo tempo, os familiares iam recebendo apoio psicológico.

Este caso é inédito em Portugal e a nível mundial. Segundo Afonso, um estudo de 2010 apontava para um período de 107 dias como o máximo que uma grávida em morte cerebral tinha sido mantida artificialmente até o bebê nascer. Neste caso foram também 107 dias. E, em média, nos casos conhecidos a nível mundial, os bebês tinham 22 semanas de gestação quando a morte cerebral da mãe foi declarada, mas neste caso o bebê tinha 17 semanas. Já as cesarianas ocorreram, em média, às 29 semanas e meia. Este bebê nasceu às 32 semanas.

 

Com informações de Observador.

Colaborou: Felipe Koller.

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