O autor do livro, Daniel Pitet (foto: divulgação).
O autor do livro, Daniel Pitet (foto: divulgação).| Foto:

O suíço Daniel Pittet, de 57 anos, sofreu abuso sexual por parte de um padre durante quatro anos, entre 1968 e 1972, quando tinha entre 9 e 13 anos. Agora, ele resolveu contar a sua história em um livro. E o prefácio é assinado por ninguém menos que o papa Francisco.

Pittet diz ter sofrido “quase duzentos atos de violação” enquanto esteve em um convento capuchinho em Friburgo. Foi só vinte anos depois que resolveu denunciar o padre Joël Allaz pelos abusos. Ele calcula que mais de cem jovens tenham sido vítimas do frei capuchinho.

O padre foi transferido duas vezes depois que as denúncias surgiram, mas não chegou a ser punido de forma mais severa pelas autoridades eclesiásticas competentes. Quando a polícia enfim o capturou, foram computadas 24 vítimas de crimes cometidos entre 1958 e 1995, na Suíça e na França. Ele foi condenado em dezembro de 2011 a dois anos de prisão. Hoje, aos 76 anos, continua vivendo em um convento na Suíça.

14 vezes em que o papa Francisco falou contra a ideologia de gênero e o casamento gay

Pittet voltou a encontrá-lo em novembro de 2016. “Não falamos de pedofilia. Não pediu perdão, mas já havia feito isto em uma carta”, conta. De sua parte, Pittet diz ter perdoado Allaz – e o título de seu relato é, justamente, Mon Père, je vous pardonne (“Padre, eu te perdoo”). “Muitas pessoas não conseguem entender que eu não o odeie. Perdoei-o e construí a minha vida sobre aquele perdão”, escreve.

Pittet diz que não pode culpar a Igreja por algo que pode ocorrer em todas as famílias. “Poderia ter sido meu tio, mas foi um padre”, escreve. O livro contém, inclusive, uma entrevista com Allaz, em que o padre reconhece ter sido “este pedófilo monstruoso que deixou uma série de vítimas”, mas garante que não tem mais “este tipo de impulso”.

Pittet.001.mp_-800x450No prefácio, o papa louva a postura de Pittet, mas é duro ao reconhecer o mal da pedofilia entre o clero. “Como pode um padre, a serviço de Cristo e da sua Igreja, chegar a causar tanto mal? Como pode ter consagrado a sua vida para conduzir as crianças a Deus, e acabar em vez disso devorando-as naquilo que chamei ‘um sacrifício diabólico’, que destrói tanto a vítima quanto a vida da Igreja?”, pergunta Francisco.

“Algumas vítimas chegaram até mesmo ao suicídio. Essas mortes pesam no meu coração, na minha consciência e na consciência de toda a Igreja. Às suas famílias dirijo os meus sentimentos de amor e de dor e, humildemente, peço perdão”, escreve o papa, que diz que é seu dever “dar prova de extrema severidade com os sacerdotes que traem a sua missão e com a sua hierarquia, bispos ou cardeais, que o protegem”.

 

Com informações de Vatican Insider.

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